Este artigo analisa as correlações do uso intensivo da tercerização com as relações de trabalho nas plataformas offshore da Bacia de Campos (RJ). Abordamos prioritariamente o intervalo que abrange os últimos 10 anos, período em que acompanhamos de forma sistemática o referido campo empírico. O referencial teórico-metodológico utilizado no curso da pesquisa, na qual se insere esta contribuição, inspira-se com maior ênfase no instrumental da Ergonomia da Atividade e da Psicodinâmica do Trabalho numa perspectiva ergológica. Em nossa análise, além da tendência à precarização do trabalho em sentido mais global, merecem destaque as possíveis perdas no ativo de conhecimento formal e informal (um patrimônio longamente acumulado) devido à fragmentação dos coletivos de trabalho, já que consideramos a coesão destes um elemento crucial para a confiabilidade do sistema. Em verdade, a precarização do trabalho contribui para esta fragmentação, e tem como uma de suas causas o avanço pouco criterioso da terceirização, na esteira das várias iniciativas de flexibilização organizacional ligadas à reestruturação produtiva do setor. Isto acarretou conseqüências nefastas para a saúde e a segurança dos trabalhadores indicando que a opção pela terceirização como instrumento de gestão, da forma com que vinha sendo conduzida até recentemente, não estaria considerando tais implicações com o devido rigor.
Terceirização; Reestruturação produtiva; Indústria petrolífera offshore; Sistemas sociotécnicos complexos; Relações de trabalho; Saúde e segurança