Resumo:
Vários estudos argumentam que a mecanização agrícola reduziu o emprego e os salários. No entanto, faltam estudos que analisem o emprego e a renda ao longo do tempo, principalmente comparando as atividades agrícolas. O argumento apresentado por este artigo é que a mudança estrutural no emprego - de trabalhadores não qualificados para qualificados, deve ser entendida por causa da diminuição geral do número de empregos. Este estudo tem como objetivo analisar a evolução do mercado de trabalho na lavoura canavieira e demais atividades agrícolas, de 1992 a 2015. Por meio da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD / IBGE), este artigo compara a cultura da cana-de-açúcar com outras lavouras brasileiras por meio de técnicas econométricas. Analisamos o procedimento e os modelos de Heckman com dados de painel de efeitos fixos, controlando as características não observáveis dos trabalhadores. Metodologicamente, nossas equações mostram convergência, uma vez que o procedimento de Heckman e a regressão combinada apresentam estimativas semelhantes. Note que a regressão de efeito fixo captura as mesmas tendências da técnica de Mínimos Quadrados Ordinários (MQO), usando o método de Heckman. Os principais resultados sugerem que o salário dos trabalhadores da cana-de-açúcar é maior do que o salário de outras safras, mesmo depois de controlar as características observáveis e regionais. Essa constatação é importante porque o setor sucroalcooleiro tem enfrentado críticas quanto ao baixo nível de emprego e renda devido ao processo de mecanização. Por fim, destacamos a diminuição do número de empregos não qualificados na cana-de-açúcar, o que exige intervenção de políticas para a melhora do capital humano no setor sucroalcooleiro.
Palavras-chave:
Agricultura; Setor sucroalcooleiro; Brasil; Econometria; Modelo de Heckman