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Implicaturas escalares na aquisição de português brasileiro: uma análise da teoria da otimidade para o conectivo “ou”

Scalar Implicatures in the Acquisition of Brazilian Portuguese: An Optimality-Theoretic Analysis for the Connective “or”

Resumo

Quando “ou” é proferido em uma sentença, em princípio, as leituras “A ou B, mas não ambos” (exclusiva) e “A ou B e possivelmente ambos” (inclusiva) são possíveis. A literatura em aquisição tem detectado uma assimetria no comportamento infantil. Por um lado, crianças de até 4;6 anos, diferentemente dos adultos, aceitam o equivalente de “ou” em contextos nos quais “e” seria mais pragmaticamente adequado para descrever a situação. Por outro lado, os resultados de estudos de produção, feitos com crianças adquirindo inglês, indicam que elas produzem “ou-exclusivo” antes dos quatro anos. Este trabalho argumenta que a Teoria da Otimidade (OT) pode explicar essa assimetria na linguagem infantil, na qual a produção ocorre antes da compreensão. Focando no Português Brasileiro (PB), foi investigado o comportamento linguístico infantil na produção de “ou”. Foram analisados dois corpora de fala infantil: um com 119 horas de gravações espontâneas envolvendo quatro crianças entre 2;0 e 5;6 anos, e outro com 51 horas de gravações que contou com sete crianças entre 4;3 e 9;0 anos. Os resultados corroboram os achados para o inglês, com a primeira produção de “ou-exclusivo” observada aos 2;4 anos. É proposta uma extensão da análise para o some, proposta por Mognon et al. (2021) no contexto da OT, para explicar o comportamento das crianças com o “ou” no PB. Assumiremos que a otimização unidirecional é incapaz de selecionar um output vencedor e, para o cálculo de implicatura, é necessário que a otimização bidirecional entre em cena. A partir dessa análise, será argumentado que a otimização bidirecional é adquirida tardiamente no desenvolvimento infantil, podendo explicar os achados da literatura que apontam para a assimetria entre produção e compreensão.

Palavras-chave:
aquisição de linguagem; pragmática; implicaturas escalares; teoria da otimidade; teoria da otimidade bidirecional

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