RESUMO
A voz dos intelectuais indígenas sobre a conduta dos conquistadores europeus, sempre e onde quer que nas Américas tenha sido registrada, consiste em uma crítica completa das inclinações genocidas e ecocidas dos europeus. Nos últimos tempos, a voz assumiu tons apocalípticos, enfatizando que o desrespeito crônico do Ocidente pela natureza põe em perigo todos nós, com o apelo eloquente de Ayton Krenak por "ideias para adiar o fim do mundo". Uma crítica surpreendentemente semelhante ao mundo ocidental, baseada na neurociência, vem do psiquiatra e filósofo escocês Iain McGilchrist, cuja Hipótese do Cérebro Dividido propõe uma explicação para aquilo que o Ocidente se tornou: uma ameaça existencial à sobrevivência humana. Outros, como Mignolo, Sousa Santos, Bateson, Harries-Jones, apresentaram ideias que se alinham com essa hipótese, mas este ensaio reúne essas duas correntes pela primeira vez e propõe que foi a conquista das Américas pelo Ocidente - seu povo, seus recursos naturais - que foi um fator-chave para normalizar essa mentalidade. Para estender a metáfora, a conquista do hemisfério americano normalizou a conquista do hemisfério direito pelo esquerdo.
Palavras-chave:
Indígenas; Hipótese do Cérebro Dividido; Conquista das Américas; Pensamento ocidental