RESUMO
Como recorte de um projeto maior, denominado A leitura dialógica em contexto penitenciário: vozes femininas que ecoam responsivamente na construção de sentidos, este artigo busca investigar a prática social de leitura numa perspectiva dialógica, em uma penitenciária feminina de Palmas-Tocantins. Inserido na área da Linguística Aplicada, numa concepção Transgressiva, mais especificamente, buscamos compreender como as reeducandas constroem sentidos como forma de emancipação e conscientização. Para tanto, esta investigação tem orientação interpretativista e inspirou-se na metodologia do Pensar Alto em Grupo - PAG. Assim, analisamos, a partir da vivência de leitura do conto A moça tecelã, como se deu a constituição da identidade leitora das mulheres encarceradas. A fundamentação teórica relaciona-se aos pressupostos dialógicos do Círculo de Bakhtin, sobre os estudos sobre letramento e à epistemologia da educação emancipadora. Os dados revelaram que: i) as participantes descobriram suas vozes, subjetivas e dialógicas (refutando, concordando, ressignificando), por meio da leitura, confirmando que o ato de ler no presídio é uma forma de emancipação, de denúncia social e libertação; ii) as reeducandas se emancipam quando tomam consciência do seu estado e a partir daí buscam transformá-lo de maneira crítica e reflexiva.
Palavras-chave:
Educação libertadora; Linguística Aplicada; Leitura no presídio; Mulheres no cárcere