Resumo
A epidemia do HIV-Aids é, atualmente, o teatro de importante desenvolvimento de ensaios terapêuticos e de testagens de vacinas. Esta situação relança, com grande acuidade, o problema do recrutamento, da participação e do seguimento de voluntários sadios e doentes nestes experimentos. O presente artigo objetiva, assim, descrever as representações elaboradas pelos indivíduos que recusaram engajar-se em testagens terapêuticos contra o HIV. A análise dessas representações nos ajudará a compreender os significados que acionados na recusa em engajar-se em práticas médico-científicas que contam com a utilização do corpo, bem como na ocasião de expressão da solidariedade em relação as pessoas infectadas pela Aids. Este trabalho centra-se sobre voluntários potenciais para as testagens, explorando as dificuldades que lhes são tradicionalmente atribuídas no que se refere à compreensão das mensagens a eles destinadas. Nossa hipótese é de que o desconhecimento observado entre os “não-voluntários” através de suas representações das substâncias vacinais, reflete sua posição subjetiva em relação ao que eles mesmos qualificaram de “mundo da Aids” e em relação à medicina e à ciência.