Resumo
É lugar comum nas discussões sobre a religião dos imigrantes referir-se ao fato de que a religião ajuda no seu ajustamento a uma nova cultura ou sociedade; e de que ela age como uma dimensão de continuidade no processo de integração. Este artigo examina os fundamentos teóricos para se reconsiderar esta perspectiva no contexto da globalização em geral e da migração global em particular. Numa sociedade global, é bem menos útil pensar os migrantes deixando uma sociedade para integrar outra, especialmente tendo presente as formas que esta ótica tende a assumir: a) que a nova cultura “hospedeira" permaneceria sem ser afetada comparativamente, enquanto a cultura dos imigrantes se defrontaria com o dilema da assimilação versus preservação étnica; b) que a cultura de origem simplesmente perderia alguns poucos membros sem que isto tenha grande efeito sobre a cultura de origem. De outro modo, este artigo argumenta que as consequências da migração ajudam a (re)definir as religiões em todas as áreas onde elas estão representadas; e então, fazer distinções entre “centro” e “diáspora” se toma bem menos relevante. Ao contrário, diferentes áreas onde as tradições religiosas estão representadas são melhor percebidas como centros para criação de diferentes opções para a autêntica construção da própria religião; opções que estão muito frequentemente em comunicação umas com as outras.
Palavras-chave
cultura; globalização; migração; religião