Acessibilidade / Reportar erro

Entre o antropológico e o porno-erótico: notas etnográficas de uma antropóloga-camgirl sobre trabalho sexual plataformizado

Between the anthropological and the porno-erotic: ethnographic notes of an anthropologist-camgirl on platform sex work

Resumo

O artigo busca refletir sobre como as construções da autoridade e mobilidade etnográficas são moldadas pelas complexidades intrínsecas às condições de existência particulares ao campo em que nos situamos. Ao posicionar-me em campo enquanto um híbrido antropóloga-camgirl, desafio a própria construção celibatária (Kulick; Willson, 1995KULICK, D.; WILLSON, M. (ed.). Taboo: sex, identity, and erotic subjectivity in anthropological fieldwork. London: Psychology Press, 1995.) de uma certa antropologia que preserva a assimetria entre sexo, dinheiro, pesquisa e subjetividade (Lino e Silva, 2014LINO E SILVA, M. Queer sex vignettes from a Brazilian favela: an ethnographic striptease. Ethnography, [s. l.], v. 16, n. 2, p. 223-239, 2014.). Essa posicionalidade, ainda, se propõe a criticar o caráter objetivo e impessoal das estruturas de verificação e gerenciamento de confiança presentes nas empresas-plataforma (Slee, 2019SLEE, T. Uberização: a nova onda do trabalho precarizado. São Paulo: Elefante, 2019.), bem como algumas leituras feministas (Drenten; Gurrieri; Tyler, 2020DRENTEN, J.; GURRIERI, L.; TYLER, M. Sexualized labour in digital culture: Instagram influencers, porn chic and the monetization of attention. Gender, Work & Organization, [s. l.], v. 27, n. 1, p. 41-66, 2020.; Dworkin, 1981DWORKIN, A. Men possessing women. New York: Perigee, 1981.; Pateman, 2016PATEMAN, C. Sexual contract. In: WONG, A. et al. (ed.). The Wiley Blackwell encyclopedia of gender and sexuality studies. [S. l.]: Wiley Blackwell, 2016. Disponível em: Disponível em: https://doi.org/10.1002/9781118663219.wbegss468 . Acesso em: 19 set. 2021.
https://doi.org/10.1002/9781118663219.wb...
; Swain, 2004SWAIN, T. N. Banalizar e naturalizar a prostituição: violência social e histórica. Unimontes Científica, Montes Claros, v. 6, n. 2, p. 23-28, 2004.) que situam as trabalhadoras sexuais como aliadas ou vítimas inconscientes do desejo (hétero) sexual masculino. É a partir desses três princípios críticos que o presente artigo situa as particularidades e possibilidades metodológicas e seus efeitos teóricos baseados na dupla posicionalidade do(a) antropólogo(a).

Palavras-chave:
mobilidade etnográfica; antropóloga-camgirl; trabalho sexual online; empresas-plataforma

Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social - IFCH-UFRGS UFRGS - Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Av. Bento Gonçalves, 9500 - Prédio 43321, sala 205-B, 91509-900 - Porto Alegre - RS - Brasil, Telefone (51) 3308-7165, Fax: +55 51 3308-6638 - Porto Alegre - RS - Brazil
E-mail: horizontes@ufrgs.br