O ecoturismo tem implicações sociais de longo alcance devido às transformações que ele gera na distribuição do acesso a recursos naturais. O paradoxo do ecoturismo está no cerne dessas transformações: ao mesmo tempo em que o ecoturismo explora habitats naturais, ele depende da preservação destes. Conseqüentemente, cada vez mais o ecoturismo se associa a políticas ambientais, especialmente aquelas que dizem respeito à criação de reservas naturais. Tais políticas têm privilegiado os habitats que interessam à indústria de ecoturismo e têm restringido outras formas de se fazer uso daqueles recursos naturais. Quem tem cada vez menos acesso, em particular, a esses recursos são as populações nativas. O presente artigo examina os conflitos de interesse entre grupos locais e exteriores de usuários em uma região de ecoturismo no Sul da Bahia. O foco do artigo está nas estratégias relativas ao ecoturismo e à preservação ambiental, acionadas por não-nativos, para ganhar controle sobre recursos naturais.
conflitos sociais; ecoturismo; políticas ambientais; recursos naturais