Resumo
O propósito deste artigo é mostrar como as interpretações públicas da “crise” argentina no início do século XXI foram condições necessárias para a constituição do evento. Tais interpretações sustentavam que a Argentina era dominada por uma espécie de força maligna originada há muito tempo, mas cujos efeitos persistiram no presente. E, a menos que ela fosse conjurada de uma vez por todas, permaneceria ativa e prejudicial no futuro. Assim, a “crise” foi vista como um episódio do fracasso contínuo da nação. Com base em colunas de opinião ou editoriais em jornais e revistas de interesse geral e político, artigos acadêmicos e livros, quero mostrar como a imaginação de futuros possíveis dependia das concepções de temporalidades implícitas nas interpretações expressas em narrativas e diferentes avaliações de eventos, personagens e ideias. Estes deram especificidade histórica ao evento e levaram ao surgimento de novos cenários para a ação política.
Palavras-chave:
crise argentina; narrativa; temporalidade; interpretações públicas