Resumo
Nos últimos vinte cinco anos, nos países do Cone Sul, o debate sobre as formas de recordação sobre o passado ditatorial incluiu um vasto processo de memorialização caracterizado pela construção de espaços museológicos que recordam as violações dos direitos humanos perpetrados pela ditadura civil-militar. Grande parte da revitalização e construção desses espaços foi liderada por alguns setores da sociedade civil, que ergueram monumentos e memoriais em homenagem às vítimas, e também recuperaram antigos centros de tortura transformando-os em espaços museológicos. Nesse contexto marcado por conflitos e negociações, o patrimônio assume diversas formas e funções, ora é configurado como prolongamento do poder e violência, ora como representação de um caminho de reparação e reconciliação. Buscando compreender o movimento de mobilização desse passado no presente, este artigo pretende fazer uma análise da obra Geometría de la conciencia, de Alfredo Jaar, e da exposição permanente do Museo de la Memoria y los Derechos Humanos, no Chile, instituição fruto da iniciativa governamental e civil, tendo como foco a análise de dois eixos específicos: a memória da repressão e o lugar das vítimas da ditadura militar chilena.
Palavras-chave:
memória; ditadura; Chile; lugar de memória