Ancorada em minhas experiências de campo na comunidade de mineiros de carvão de Minas do Leão (RS) - e também na Lorena francesa -, analiso neste artigo a dimensão da subjetividade do pesquisador, considerando os estudos de Devereux (1980) sobre as "observações recíprocas" que se operam entre etnógrafo e nativos e as perturbações mútuas daí derivadas, que remetem a conhecimentos específicos sobre a interação. As reflexões consideram minha condição de gênero, de ser uma mulher investigando um universo masculino, e se alicerçam ainda em diferentes dimensões de minha trajetória e nos ecos que essas identidades suscitam entre meus interlocutores. Adotando a noção de "ser afetado" (être afecté) proposta por Favret-Saada (1990), exploro ainda os insights suscitados por sonhos em diferentes contextos da pesquisa, reveladores de novos aspectos acerca da experiência etnográfica.
etnografia; mineiros de carvão; observação recíproca; subjetividade