Resumos
Este artigo analisa a trajetória de um grupo de cientistas biomédicos de Manguinhos, centrando-se no processo de construção de suas carreiras profissionais, entre as décadas de 1920 e 1950. Para tanto, detenho-me nos estudos de casos, procurando balizar as estratégias de recrutamento, os meios de sociabilidade e de consolidação, assim como os valores que moldaram a identidade do grupo no interior do Instituto Oswaldo Cruz, um dos principais loci da ciência biomédica no Brasil.
história; história da ciência; academias; institutos de pesquisa
This article aims to analyze the career trajectory of a group of biomedical scientists of Manguinhos and it focuses on the process of construction of their professional careers between the 20s and the 50s. It is centered on case studies, with a view to evaluating the sociability and consolidation means employed by the group, the recruiting strategies, as well as the values which shaped their identity in the daily life inside the Instituto Oswaldo Cruz, deemed to be one of the leading loci of biomedical sciences in Brazil.
history; history of science; academia; research institutes
Vivendo em Manguinhos: a trajetória de um grupo de cientistas no Instituto Oswaldo Cruz
Life in Manguinhos: the career trajectory of a group of scientists at the Instituto Oswaldo Cruz
Carlos Eduardo Calaça
Mestre em história social
Rua Lemos Cunha, 538/302 bl. A
24230-130 Niterói RJ Brasil
CALAÇA, C. E.: 'Vivendo em Manguinhos: a trajetória de um grupo de cientistas no Instituto Oswaldo Cruz'. História, Ciências, Saúde Manguinhos, vol. VII(3): 587-606, nov. 2000-fev. 2001.
Este artigo analisa a trajetória de um grupo de cientistas biomédicos de Manguinhos, centrando-se no processo de construção de suas carreiras profissionais, entre as décadas de 1920 e 1950. Para tanto, detenho-me nos estudos de casos, procurando balizar as estratégias de recrutamento, os meios de sociabilidade e de consolidação, assim como os valores que moldaram a identidade do grupo no interior do Instituto Oswaldo Cruz, um dos principais loci da ciência biomédica no Brasil.
PALAVRAS-CHAVE: história, história da ciência, academias, institutos de pesquisa.
CALAÇA, C. E.: 'Life in Manguinhos: the career trajectory of a group of scientists at the Instituto Oswaldo Cruz'. História, Ciências, Saúde Manguinhos, vol. VII(3): 587-606, Nov. 2000-Feb. 2001.
This article aims to analyze the career trajectory of a group of biomedical scientists of Manguinhos and it focuses on the process of construction of their professional careers between the 20s and the 50s. It is centered on case studies, with a view to evaluating the sociability and consolidation means employed by the group, the recruiting strategies, as well as the values which shaped their identity in the daily life inside the Instituto Oswaldo Cruz, deemed to be one of the leading loci of biomedical sciences in Brazil.
KEYWORDS: history, history of science, academia [OR scientific academies?], research institutes.
1 Este grupo formou-se em torno das lideranças de Lauro Travassos, da Seção de Zoologia Médica, e de Miguel Osório de Almeida, da Seção de Fisiologia. Embora o grupo representasse um contingente maior, obtive dados dos seguintes indivíduos: Herman Lent, Hugo de Souza Lopes, Sebastião José de Oliveira, Domingos Machado, João Ferreira Teixeira de Freitas, César Pinto, Haity Moussatché e Mario Vianna Dias.
2 Carlo Guinzburg propõe a utilização do método onomástico, elaborando, a partir do nome, uma cadeia de acontecimentos e dados, reconstituindo as trajetórias e estratégias de determinado grupo, em vários setores da vida social.
3 A opção por uma abordagem que, em parte, prioriza a versão dos integrantes do grupo, deve ser relativizada para a compreensão dos aspectos mais genéricos da instituição. Nesse sentido, procuro situar o ponto de vista dos cientistas, nos seus processos de socialização e consolidação da identidade, tendo como contraponto os "outros grupos" por eles definidos como rivais ou aliados, no interior da instituição. O importante no uso metodológico que faço dos depoimentos, portanto, são exatamente as versões, que devidamente comparadas com o auxílio de outras fontes documentais, se por um lado confirmam esta identidade interna, por outro, devem ser relativizadas para as identidades confinadas aos outros grupos e à própria instituição, ainda à espera de estudos sistemáticos.
4 A Escola Nacional de Veterinária resultou do desdobramento, em 1934, da Escola Superior de Agricultura e Medicina Veterinária. Corresponde à atual Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ).
5 Lauro Travassos possuía três empregos públicos, em todos admitido por concurso: além do IOC, lecionava na Universidade do Distrito Federal e na Escola Nacional de Veterinária.
6 Sobre o momento de passagem da diretoria de Carlos Chagas para Antônio Cardoso Fontes, ver Benchimol (1990, pp. 68-70) e Chagas Filho (1993).
7 Sobre a transferência de Manguinhos do Departamento Nacional de Educação para o de Saúde, ver Benchimol (1990, p. 70); para algumas lideranças de cada um destes setores, ver Chagas Filho (1993, pp. 131-7).
8 Sobre a criação das divi-sões, substituindo as anti-gas seções e os problemas político-institucionais do período, ver Hamilton (1989, p. 9).
9 Diz o autor, ao defender o grupo: "Se os trabalhos publicados são bons, valiosos, estará firmado o conceito de seu autor, mas se não representarem nada de valioso (ou se não existirem) também estará firmado o mau conceito do intitulado pesquisador, que dessa forma terá deixado o documento negativo que passará a caracterizar o seu curriculum vitae."
10 São necessários estudos específicos para alguns grupos, em especial, os liderados por Evandro Chagas e Walter Oswaldo Cruz, filhos, respectivamente, de Carlos Chagas e Oswaldo Cruz. Os depoimentos examinados revelam a importância dessas lideranças na instituição nas décadas examinadas. Por outro lado, Carlos Chagas Filho, também filho de Carlos Chagas, que se desligaria de Manguinhos em 1937, fundaria o Instituto de Biofísica e com extrema competência administraria sua reprodução no tempo, representando um elo entre o "familismo" direto e o mérito, sem que um excluísse o outro. Para a fundação e a reprodução do Instituto de Biofísica, ver Góes Filho (1997).
11 A compreensão plena deste "espaço" só será possível mediante o estudo sistemático dos vários grupos e das diversas categorias que os situam nas relações internas e externas à instituição. A "composição" e a "disposição das mesas" seriam, simbolicamente, o resultado de um trabalho desta natureza.
12 Para a compreensão da construção do mito de Oswaldo Cruz e das implicações ideológicas que esta mitificação representou em sua fase incipiente, ver Brito (1995).
3 Para o culto à memória de Oswaldo Cruz, criando e recriando o mito, no inconsciente coletivo da instituição, vale mencionar a abordagem antropológica de DaMatta (1997, p. 61) para a sociedade brasileira. No caso de Manguinhos, este mito funcionaria como o elemento ritualístico e agregador de conjuntos "separados e complementares de um mesmo sistema social". Seria "um mecanismo básico por meio do qual uma sociedade feita com espaços distintos pode tentar refazer sua unidade".
14 O que representou esta sociedade, a rede entre seus fundadores e os pesquisadores de outras instituições (nacionais e internacionais), merece um estudo específico, tomando como ponto de partida o periódico, analisando questões relativas ao que representariam as transformações da pesquisa científica no campo da biologia no Brasil deste período.
15 Ao utilizar a categoria analítica de "família reconstruída", não pressuponho a inexistência de conflitos no seu interior. Se, no período de sua formação, o grupo tendeu a permanecer estável e consensual, a projeção de determinados indivíduos e o jogo de relações com outros indivíduos e grupos rivais ou aliados parecem ter rompido o espaço harmônico laboratorial. A conseqüência disto foi a substituição de seus líderes primordiais, "honrosos" por lideranças efetivas um rompimento com o pseudopai, o que, em alguns casos, parece ter gerado sérios problemas afetivos, psicológicos e institucionais e que os depoentes, em geral, evitam mencionar ou na fundação de novas famílias, estendendo, assim o clã primordial nesse caso, assumido como uma "conseqüência natural" e recorrentemente mencionado nas entrevistas.
16 Nesse sentido, o artigo de Lívia Barbosa (1984) confirma a hipótese da recriação da "família" e, obviamente, das suas nuanças, em um espaço notoriamente público. Segundo a antropóloga, sábados e domingos seriam tempos que, nas concepções de mundo do brasileiro, estariam ligados muito mais aos aspectos internos da casa e da família, ao passo que os "dias comuns da semana" são vividos como tempos externos, marcados pelo trabalho.
A instituição
Para Schwartzman (1979, p. 227), na década de 1930, em destaque 1934, com a fundação da Universidade de São Paulo (USP), e 1945, do Laboratório de Biofísica da Faculdade de Medicina da Universidade do Brasil, criou-se "um novo modelo de cientista", cujo grupo de referência deixou de ser a comunidade científica local para ser a internacional. Concomitantemente a isto, ocorreu um progressivo movimento de valorização da universidade, não apenas para a formação de pesquisadores como também da prática científica.
A tentativa de implantação de um novo modelo para a ciência se expressaria, também, na criação do Instituto Biológico de São Paulo, em 1927. Seguindo as premissas implementadas por Oswaldo Cruz, nos anos iniciais de Manguinhos, Arthur Neiva e Henrique Rocha Lima administraram o instituto com o duplo caráter de pesquisa e de aplicação de ciência, imbuídos, porém, de um "espírito universitário" (idem, ibidem, pp. 230-3).
Estas modificações, verificadas nas universidades, e a orientação, concretizada no Instituto Biológico de São Paulo, sedimentavam um novo modelo para a carreira científica, que, segundo Schwartzman (op. cit., pp. 227, 238-9), "veio a ter um peso extremamente importante no processo de institucionalização da ciência brasileira". Tal processo não seria acompanhado por Manguinhos. Caracterizada pela endogenia, verificava-se em tal instituição intensa dificuldade para a renovação dos seus quadros e para a adoção de novas linhas de trabalho. Seu contingente de pesquisadores, "formado por grupos estanques", estava constantemente mobilizado por intermináveis conflitos internos.
Benchimol (1990, pp. 70-5), ressaltando as iniciativas centralistas e autoritárias que nortearam as diretrizes governamentais durante o Estado Novo, enfatiza, como conseqüência, o fim da autonomia e os problemas de ordem financeira enfrentados pelo IOC, a partir da década de 1930. O modelo, legitimado em 1907, com a reforma e o saneamento da capital federal, reiterado no período de Carlos Chagas, com as reformas sanitárias, entre 1919 e 1920, mostrava-se frágil diante das orientações políticas intervencionistas governamentais. Entre tais medidas destacaram-se:
1) A proibição das vendas da vacina da manqueira, em 1938, provocando o fim de um período de relativa autonomia orçamentária para Manguinhos.
2) A lei de desacumulação, de 1937, fazendo com que diversos cientistas optassem pela carreira universitária.
3) A obrigatoriedade dos concursos públicos, decretada pelo Departamento Administrativo do Serviço Público (DASP), dificultando o ingresso de novos pesquisadores no instituto.
Por outro lado, no campo científico, a racionalidade, orientada por uma reduzida divisão e especialização do trabalho, mostrava-se obsoleta em relação ao paradigma norte-americano, que a Fundação Rockefeller implementava nos estudos sobre a febre amarela, no Brasil. O modelo de Manguinhos, apoiado na tradição européia, enfatizando o gênio individual dos descobridores, se revelaria como fator imprescindível para a perda de sua competitividade, "tanto na comunidade internacional, cada vez mais dominada por organizações e equipes interdependentes, como em relação à demanda nacional de terapêuticos, que requeria a lógica das grandes plantas industriais" (idem, ibidem, p. 72).
A convergência de problemas enfrentados pela instituição se agravariam nos anos subseqüentes. Disputas internas, que interferiam nos projetos de maior alcance, constantes conflitos entre os setores de pesquisa e de produção e a vinculação do instituto ao Ministério da Saúde em 1951, alocando recursos prioritariamente para a produção de vacinas, criavam sérios problemas para os pesquisadores que insistissem em uma carreira científica dentro do IOC.
Tanto Schwartzman quanto Benchimol enfatizam as dificuldades enfrentadas pelo instituto após o período getulista, resultando em uma ruptura para Manguinhos, antes principal centro da ciência brasileira, frente às novas orientações surgidas. A mola mestra de tal ruptura seriam os fatores relacionados à redução de sua autonomia financeira, a intervenção política, ou, mesmo, a orientação científica que moldava a prática científica de seus pesquisadores.
Porém, tais considerações acabaram por ofuscar mais de meio século de sobrevivência da instituição, que contou, no período delimitado, com pesquisadores que se projetaram em nível nacional e internacional. Nesse sentido, o exame da documentação sugere-nos a continuidade de setores, ou melhor, de grupos, determinados em fazer "um tipo de ciência", apesar das pressupostas adversidades políticas e institucionais enfrentadas.
A carreira científica no Brasil
Ao analisar a comunidade científica brasileira, Schwartzman (1979, pp. 249-50) enfatiza três aspectos relevantes na trajetória inicial das carreiras dos que nela ingressavam: o primeiro aspecto se relacionaria a uma iniciação prematura, proporcionada por um ambiente familiar propício, onde já houvesse ascendentes precursores, ou por algum tipo de relação direta com professores, projetados no âmbito da incipiente ciência nacional; o segundo seria o acesso a uma instituição de boa qualidade; o terceiro, a possibilidade de treinamento no exterior, tendo, assim, contato com diferentes condições de trabalho e com valores e motivações de um outro ambiente.
Os dois últimos aspectos estariam intrinsecamente relacionados com o primeiro. As linhagens familiares, principalmente na biologia, teriam sido freqüentes na montagem e na reprodução dos grupos, possibilitando aos pretendentes a incorporação às poucas instituições disponíveis. Por outro lado, as influências exercidas pelos ascendentes, engajados nas comunidades internacionais, facilitariam a receptividade para os recém-ingressados.
Seguindo, em parte, a orientação de Schwartzman, Araújo e Oliveira (1985, pp. 116-7) ressalta a predominância de relações de reciprocidade, na viabilidade da carreira científica, no contexto brasileiro. Tal critério de recrutamento e de reprodução seria incompatível com as bases meritocráticas, resultando em entraves para o desenvolvimento da ciência, entre nós.
Em sua visão, o maior problema residiria no embrionário grau de institucionalização da carreira científica, influindo negativamente no processo de socialização, que orientaria a reprodução da comunidade científica, no Brasil. A gerência de lideranças carismáticas, comparti-lhando relações mais de ordem pessoal do que contratual, corromperia a socialização do indivíduo. Diante disso, os critérios seletivos passariam prioritariamente pelas preferências do "padrinho" e pelo grau de proteção do "apadrinhado", mais que pelas regras verificadas em contextos com maior grau de institucionalização, onde prevaleceria o mérito, moldando os diversos níveis das relações entre o "mentor" e o "orientando".
Zarur (1994, p. 63) contrapõe tal perspectiva: a visão de que o problema estaria vinculado às deficiências do processo de institucio-nalização da ciência se mostra excessivamente internalista e, portanto, limitada. Para ele, o problema se originaria na interferência da cultura brasileira, operando no contexto científico e "não consiste tão-somente na existência de uma ciência pouco institucionalizada, mas na baixa institucionalização do país de quase todos os setores 'modernos', a começar pelo próprio Estado e por sua organização política".
Esta influência da cultura brasileira no ambiente científico seria responsável pela reprodução de um modelo "familístico" no interior da comunidade científica. Mesmo nos ambientes com perspectivas modernizadoras, como a USP, por exemplo, Zarur (op. cit., pp. 65, 70) aponta, em determinado momento histórico, a "patrimonialização" exercida pelos grupos precursores ou por seus discípulos diretos. Com o reconhecimento das lideranças e com o estabelecimento das relações interindividuais, iniciava-se a reprodução do modelo. Tal "patrimonia-lização" estendia-se ao próprio conhecimento, já que cada pesquisador se tornava senhor de um assunto original no âmbito da instituição. Porém, tais recursos não eliminam, segundo Zarur, e aí está sua grande contribuição, a compatibilização com a competência. Para este autor, o modelo "familístico" não elimina o mérito nas condições de recrutamento e de reprodução da comunidade científica brasileira, já que "o modelo familístico faz com que de pai para filho se passem desde cedo certos conhecimentos que no modelo americano só após o término dos estudos secundários. Isto cria um certo nível de especialização fundamental para a boa qualidade de algumas áreas da ciência."
Ao estudar o grupo da geofísica paraense, Zarur (op. cit., p. 85) observa que, embora não vigore o "familismo direto", as relações estabelecidas pelo grupo consubstanciavam uma nova família, o que ele chama de "família reconstruída", ou seja, ao comparar com os pa-drões norte-americanos, predominantemente contratuais, vigoraria, no grupo, um peso maior para as relações afetivas, que recriariam no ambiente de trabalho relações próximas às da família direta. Tais valores, porém, não eliminaram a competência do grupo, sua reprodução e desenvolvimento, em padrões notoriamente internacionais.
Cabe agora confrontarmos alguns destes quadros explicativos para o caso a que se refere o presente estudo, assim como visualizar a trajetória profissional e o ponto de vista do grupo nas suas relações perante a instituição.
A caminho de Manguinhos
Sebastião José de Oliveira, filho de Onofre José de Oliveira, maquinista da Estrada de Ferro Central do Brasil (Oliveira, 1991, fita 1A), e de Jesuína Fonseca Oliveira, neta de uma escrava do barão de Taquara (idem, fita 2B), passara seus primeiros anos de vida em Cascadura, subúrbio do Rio de Janeiro. Devido a problemas financeiros enfrentados por sua família, Sebastião, assim como seus sete irmãos, tiveram inúmeras dificuldades para iniciar e complementar seus estudos (idem, fita 1A).
Após o falecimento de um de seus irmãos, que "gostava de estudar e lutava por isso", Sebastião herdou alguns livros que o auxiliaram no Ginásio Arte e Instrução, localizado no bairro onde nasceu. Seu pai, com muita luta, conseguira patrocinar seus estudos, concluídos em 1934, no mesmo ginásio (idem, fita 4A). Segundo Sebastião, sua relação com a "história natural" se iniciou em casa: sua avó, filha da escrava, o ensinara a entender o que ele chama de "linguagem da natureza". No ginásio, o professor de física Hernani Xavier de Brito que, na sua opinião, deveria ser biólogo nas horas vagas , "costumava levar os alunos para passear, recolher plantas e estudá-las". Tudo isso reforçara este gosto prematuro (idem, fita 1 A-B).
encontrei um antigo colega chamado Artidônio Pamplona, filho de outro Artidônio Pamplona, que era um clínico muito famoso. E o Artidônio me convenceu a me inscrever na Escola de Veterinária, já que o seu pai era diretor e não precisávamos fazer vestibular. Como passei para odontologia, optei por permanecer nos dois cursos paralelos, o de odontologia e o de veterinária (Lopes, 1991, fita 1A).
O contato com Lauro Travassos e Miguel Osório de Almeida, "professores excepcionais", entusiasmou Hugo de Souza Lopes a investir no curso de veterinária. Em 1932, havia-se aproximado de Lauro Travassos e auxiliava-o, sem receber remuneração. Em 1933, já formado, Travassos o indicaria como professor assistente na Escola de Veterinária. Desde 1932, Hugo de Souza Lopes já freqüentava Manguinhos, onde realizava trabalhos no laboratório do helmintologista (idem, fita 1B).
Tal como Hugo de Souza Lopes e Sebastião José de Oliveira, Haity Moussatché não tinha relações familiares diretas com nenhum pesquisador engajado na incipiente comunidade científica brasileira. Seu pai, judeu sefardita que viera emigrado da Turquia, era comerciante e lecionava hebraico para complementar o orçamento familiar. Após concluir o ginásio, Haity Moussatché freqüentara o Curso Superior Preparatório, visando o vestibular para a Faculdade de Medicina. Porém, desde novo, sentia-se atraído pela área de história natural. As aulas do prof. César Sales, ministradas no Curso Preparatório, reforçariam o gosto pela zoologia (Moussatché, 1991, fita 1A).
Já aprovado na Faculdade de Medicina da Universidade do Brasil(atual Universidade Federal do Rio de JaneiroUFRJ), fora atraído, em primeira instância, pelos trabalhos realizados em parasitologia. Este prematuro interesse se confirmaria em um curso de biologia, ministrado pelo prof. Pacheco Leão. Sua dedicação e o bom desempenho no curso abriram-lhe as portas para que estabelecesse relações com um grupo de estudiosos que freqüentava periodicamente o IOC, realizando trabalhos práticos. Antônio Francisco Rodrigues de Albuquerque, um dos participantes, convidara Haity Moussatché para conhecer o instituto; deslumbrado, o rapaz passaria a freqüentar Manguinhos aos domingos, onde realizava trabalhos práticos de parasitologia, junto ao colega (idem, ibidem).
Um ano depois, as aulas ministradas por Álvaro Osório de Almeida seduziriam o jovem estudante para a fisiologia. Seu interesse por esta área e a forma com que Álvaro Osório conduzia o curso aumentaram seu desinteresse diante do "modelo arcaico", predominante na faculdade. Segundo ele, "nunca fui às aulas de alguns professores, só ia às aulas do prof. Álvaro Osório". Para Haity Moussatché, desde os primeiros anos da faculdade e os primeiros contatos com Manguinhos, seu objetivo parecia delineado: "o Instituto Oswaldo Cruz continuava sendo a institui-ção de pesquisa por excelência, para onde eu achava que deveria ir".
Apesar do grupo de estudo e dos primeiros contatos com os irmãos Osório, Haity Moussatché iniciaria sua trajetória em Manguinhos de maneira peculiar. Sem nenhuma indicação, "procurei o velho Carlos Chagas na sua casa; procurei o Evandro Chagas, no seu consultório, e disse que queria trabalhar no instituto. Eu já estava no terceiro ano. E eles aceitaram que eu viesse trabalhar aqui, no laboratório fazendo análise dos doentes que atendiam pela manhã" (idem, fita 1B).
Em 1930, Haity Moussatché iniciava seu estágio, não remunerado, em Manguinhos. Conseguira residência temporária no Hospital Oswaldo Cruz, onde fazia análise de doentes, atendidos, em geral, pela manhã. Tal aprendizado eliminava definitivamente seu interesse em freqüentar a "obsoleta" faculdade. Em Manguinhos, Haity Moussatché encontrava o ambiente propício e a motivação necessária para, mais tarde, consolidar sua expectativa de "fazer ciência". Este ambiente e esta motivação incentivaram Moussatché a compartilhar seus projetos com um amigo de juventude, Herman Lent, que, um ano depois, também ingressaria na Faculdade de Medicina. Vizinhos em Niterói, Haity Moussatché e Herman Lent, ambos filhos de imigrantes, antes de concluírem a faculdade, já estariam freqüentando o tradicional Curso de Aplicação de Manguinhos (Lent, 1994, fita 1A-B).
Em sua maior parte provenientes de famílias de classe média urbana, os integrantes deste grupo não possuíam ascendentes vinculados à carreira científica. Receberam o estímulo para a vocação científica através de determinado professor, no curso ginasial. A partir de então, o caminho natural era o ingresso na faculdade, seja na de veterinária ou na de medi-cina. Após o mapeamento da instituição e a percepção dos problemas inerentes, iniciava-se, então, a aproximação dos professores-pesquisadores eleitos, seja pelo carisma, seja pela forma que conduziam suas aulas ou, mesmo, pela orientação científica ligada a estudos práticos de laboratório. São recorrentes as avaliações positivas com relação aos dois principais recrutadores do grupo: Miguel Osório de Almeida e Lauro Travassos.
Para tais casos, esta aproximação não envolvia, simplesmente, a conquista de amizades, ou de pseudoamizades, visando futuras trocas clientelistas ou de reciprocidade. Os depoentes, recorrentemente, reforçam a capacidade de mobilização para a atividade científica, exercida sobre eles pelos futuros recrutadores. Se, por um lado, é comum o enaltecimento do carisma, principalmente de Lauro Travassos, por outro, há, também, a exaltação dos seus méritos, seja nos métodos de trabalho, no incentivo à pesquisa, ou mesmo na capacidade de ambos (incluindo Miguel Osório) aglutinarem pessoas "interessadas em fazer ciência". Segundo Hugo de Souza Lopes (1991, fita 6A), "o dr. Miguel Osório era até engraçado, pois para ele o sábado, por exemplo, não era sábado inglês, era sábado português: nós ficávamos sábado até tarde porque lá no laboratório do dr. Miguel tinha uma porção de pessoas que trabalhavam em outros lugares e que freqüentavam o laboratório".
Por outro lado, para que tal "aproximação" se consolidasse, peça fundamental de articulação era o interesse do estudante, no decorrer do curso ou nas atividades práticas, realizadas nos laboratórios, e, conseqüentemente, seu desempenho profissional. A falta de interesse ou de articulação com os companheiros, incluindo o recrutador, no ambiente do laboratório, poderia resultar "em uma espécie de vazio em torno da pessoa" e no afastamento quase que naturalmente do incipiente grupo (Lent, 1994, fita 3B).
A ligação com a universidade até 1937, a abrangência de seu conhecimento e o seu estilo de praticar a pesquisa científica talvez diretamente ligado à sua vivência no ambiente europeu estimulavam Lauro Travassos a cooptar discípulos no meio acadêmico predispostos à atividade científica. Esta forma de cooptação não eliminou, em alguns casos, o tradicional Curso de Aplicação, de grande prestígio em toda América Latina.
O laboratório de Lauro Travassos representaria, assim, a confluência destas duas formas de recrutamento. Enquanto Hugo de Souza Lopes, o primeiro a ser recrutado, havia sido aluno na veterinária, Herman Lent e João Ferreira Teixeira de Freitas, recrutados logo a seguir, foram freqüentadores do Curso de Aplicação de 1931. O curso daquele ano, concluído em 1932, teria aglutinado o maior número de participantes, desde seu início, em 1908. Dos 35 inscritos, cinco seriam posteriormente contratados pelo instituto, o que representa um percentual de 14,5%. Desta turma, além de Herman Lent e João Ferreira Teixeira de Freitas, seriam contratados Fabio Leoni Werneck, Emmanuel Dias e Walter Oswaldo Cruz (Pinto, 1937, pp. 29-32).
Herman Lent faria sua primeira tentativa de ingresso em Manguinhos, seguindo os passos do amigo Haity Moussatché; porém, não obteve o êxito esperado. Munido de leituras e de um interesse prematuro na área de diagnóstico da doença de Chagas também sob influência de Haity Moussatché , Herman Lent iria até Carlos Chagas, que, apesar de o receber muito bem, com muita diplomacia, recusaria ao jovem o estágio. Esta recusa, comentada anos depois pelo próprio cientista, estaria ligada ao fato de que Emmanuel Dias, filho de Ezequiel Dias, amigo e da geração de Chagas, já vinha desenvolvendo trabalho similar no laboratório do próprio diretor (Lent, 1994, fita 1B).
Porém, Lent e outro amigo da faculdade, João Ferreira Teixeira de Freitas, já teriam definidas as suas pretensões de fazer parte dos quadros de Manguinhos. Após a aprovação na prova eliminatória do curso, um cunhado forneceu-lhe o seu microscópio, condição imprescindível para os pretendentes ao ingresso. Herman Lent e o amigo Teixeira de Freitas encantaram-se pela pessoa e pelo curso ministrado por Lauro Travassos, na área de helmintologia. Segundo Lent (idem, fita 2B):
era um curso muito bom, muito claro, muito material para demonstração. Lauro Travassos já era reconhecido interna-cionalmente, citado em livros e textos estrangeiros. Por outro lado, era uma pessoa muito simpática, muito chegada a todos os outros, bom conversador, gostava de ter uma conversa livre, com piadas. Quer dizer, eu lhe confesso que não foi o assunto que nos atraiu foi a pessoa do professor.
Após concluírem o curso, os amigos Herman Lent e Teixeira de Freitas iriam até Lauro Travassos, na tentativa de cristalizar recente e almejada aproximação do mestre. Travassos, por sua vez, tendo avaliado o desempenho dos pretendentes, não hesitaria em aceitá-los como estagiários. Porém, exporia as dificuldades para conseguir contratações, visto "não estar muito bem com a direção". Tal obstáculo não desanimaria os jovens pesquisadores, que permaneceriam, por um ano, sem nenhum tipo de remuneração.
No grupo examinado, as perspectivas econômicas para os "recém-ingressos", não contratados, em Manguinhos, não pareciam promissoras. Iniciando suas pesquisas como estagiários não remunerados, permaneceram nestas condições por vários anos, sem que surgissem oportunidades para contratação ou mesmo para estágios remunerados. Porém, em articulação com seus recrutadores, elaboravam estratégias para permanecerem na instituição. Entre tais estratégias, verificam-se casos de recém-formados que buscavam o ingresso em universidades, como professores assistentes, ou estágio em outros institutos ou clínicas, que proporcionassem renda mínima para sobrevivência.
Algumas vezes, o próprio recrutador lançava mão de seu prestígio e influência, indicando o jovem para o exercício de tais atividades. Hugo de Souza Lopes (1991, fita 1B), apesar de permanecer no IOC, entre 1931 e 1933, ao surgir uma oportunidade, assumira um cargo no Instituto de Biologia Vegetal, dividindo seu tempo com a Escola de Veterinária. No entanto, em períodos disponíveis, freqüentava o laboratório do recrutador para realizar trabalhos práticos, em suas áreas de interesse. Embora tenha se mantido na escola, em 1938 retornara a Manguinhos definitivamente, onde permanecera, sem remuneração, até 1949.
Estagiando no laboratório de Lauro Travassos, Herman Lent mantinha-se sustentado por seus pais. Em 1935, com a fundação da Universidade do Distrito Federal (UDF), Travassos fora convidado por Anísio Teixeira para o cargo de professor de zoologia na Faculdade de Ciências. Logo, Travassos convidara Lent para seu assistente; seria seu primeiro emprego remunerado. Um ano depois, conseguira em Manguinhos uma pequena remuneração, decorrente da verba proporcionada pela vacina da manqueira. Com a lei de desacumulação, em 1937, Lauro Travassos e Herman Lent optaram por permanecer em Manguinhos (Lent, 1994, fita 2A).
A característica fundamental do recrutamento deste grupo é a predominância de relações que não incluem heranças curriculares, previamente constituídas por parentes diretos. A maior parte dos jovens estudantes do grupo selecionado, oriundos da classe média urbana, elaboraram estratégias de aproximação dos prováveis recrutadores, seja na faculdade ou no Curso de Aplicação. A eleição de um orientador transitava em uma fronteira tênue, incluindo não só o carisma pessoal do professor, mas também a avaliação de seus méritos e sua capacidade de mobilização para a atividade científica.
Por sua vez, os recrutadores, previamente dispostos a cooptar alunos, avaliavam o desempenho e o interesse dos pretendentes, nos cursos ministrados em Manguinhos ou mesmo nas faculdades, quando ainda professores. Dessa forma, a relação passava por uma via de mão dupla, que incluía, em primeira instância, o interesse do estudante, conseqüen-temente, a procura pelo mestre, o bom desempenho curricular e, em segunda instância, a receptividade do orientador para cooptação e divisão de seus conhecimentos com os futuros discípulos.
Após recrutados os jovens, a dificuldade era estabelecer condições mínimas para que permanecessem nos laboratórios de Manguinhos, mesmo que em regime parcial. Tais dificuldades eram superadas à medida que recrutador e recrutado desenvolvessem relações de afinidades suficientes, engajando o primeiro a manejar suas influências, indicando o recrutado para outras instituições. Porém, o prestígio de Manguinhos e o interesse em permanecer vinculado ao recrutador motivavam os recrutados à divisão do tempo entre os laboratórios do instituto e as outras atividades.
Vivendo em Manguinhos
Considerações finais
Este artigo teve como objetivo delimitar a configuração de um grupo de pesquisadores do IOC, entre as décadas de 1920 e de 1950, período que considerei como de sua formação e consolidação. Creio que um estudo centrado na instituição deva partir da análise dos vários indivíduos e grupos que a compunham neste período, assim como de suas trajetórias profissionais, de suas organizações e de suas identidades, para que se avalie o caráter de 'ruptura' ressaltado pela historiografia. Sem tais análises prévias torna-se difícil a compreensão da complexidade e da permanência do IOC no tempo. É elucidativa a análise feita por Haity Moussatché (1991, fita 2A), nesse sentido (tendo como eixo discursivo, obviamente, os parâmetros do grupo analisado):
Não sei por que eles chamam de decadência de Manguinhos. Porque não se descobriu uma nova doença de Chagas? Ou porque havia pesquisadores de qualidade inferior à de Chagas? Carlos Chagas foi um homem que fez uma descoberta muito importante, e, portanto, merece o nome de um pesquisador que fez uma descoberta muito importante. Como também Gaspar Viana, o Aragão com o ciclo do halterídio. Enfim, havia um grupo de pesquisadores que criava coisas interessantes, numa época que chamo "heróica". Mas não sei do ponto de vista estritamente intelectual, e não por suas projeções no campo da saúde pública, se a descoberta da doença de Chagas é muito mais importante do que a observação do Miguel Osório sobre a rã sem pele e suas conseqüências alguma coisa que se chamou tônus nervoso ou atividade nervosa e as conseqüências que a gente tem que tirar sobre o que significa atividade nervosa; até hoje é uma incógnita levantada por gente que está pensando em problemas dessa ordem.
As suas carreiras envolveram, em primeira instância, a constituição de currículos: tratava-se de indivíduos que não tinham, em suas bagagens sociais, a herança de seus pais, seja vinculada à área biomédica ou científica, ou mesmo a setores administrativos, que pudessem implicar, de alguma forma, a reconversão em uma carreira previamente constituída. Para tal grupo, as escolhas iniciais envolveram formas complexas de sociabilidade. Se foram estabelecidas a partir de critérios tais como "a personalidade do recrutador" ou a "amizade" com um estudante que freqüentava o seu laboratório, envolveram, também, uma análise crítica dos méritos do provável recrutador.
Por parte do recrutador, há, a priori, uma iniciativa de formar discípulos, de recrutar gente e de manter constantemente seu laboratório aberto para os que se dispusessem a dar continuidade às pesquisas. Porém, para que o recrutamento ocorresse, o jovem tendia a passar por uma espécie de exame in continuum, iniciado nos cursos, comple-mentado e intensificado, já no ambiente do laboratório. Nessa segunda fase, a avaliação da motivação e da capacidade profissional do estudante para a atividade científica se respaldava no mérito, mas também nas afinidades e nas relações pessoais estabelecidas no interior do laboratório. Dessa forma, o laboratório constituía um espaço privilegiado de organização, onde se recriava a "família". Caso devidamente cativado, profissional e afetivamente, pelo discípulo, o mestre mobilizava-se na sua manutenção no ambiente, mesmo que em regime parcial, apesar das "adversidades institucionais".
FONTES
DEPOIMENTOS
DEPOIMENTOS ESPECÍFICOS
Cavalcanti, Tito 1991 Tito Cavalcanti (depoimento, 1986). Rio de Janeiro, Fiocruz/COC. Programa de História Oral.
Dias, Mario Viana 1991 Mario Viana Dias (depoimento, 1987). Rio de Janeiro, Fiocruz/COC. Programa de História Oral.
Lent, Herman 1994 Herman Lent (depoimento, 1994). Rio de Janeiro, Fiocruz/COC.
Lopes, Hugo de Souza 1991 Hugo de Souza Lopes (depoimento, 1986). Rio de Janeiro, Fiocruz/COC. Programa de História Oral.
Moussatché, Haity 1991 Haity Moussatché (depoimento, 1985, 1986). Rio de Janeiro, Fiocruz/COC. Programa de História Oral.
Oliveira, Sebastião José de 1991 Sebastião José de Oliveira (depoimento, 1986, 1987). Rio de Janeiro, Fiocruz/COC. Programa de História Oral.
DEPOIMENTOS AUXILIARES
Cunha, José Fonseca da 1991 José Fonseca da Cunha (depoimento, 1987, 1988). Rio de Janeiro, Fiocruz/COC. Programa de História Oral.
Chagas Filho, Carlos 1991 Carlos Chagas Filho (depoimento, 1987). Rio de Janeiro, Fiocruz/COC. Programa de História Oral.
Ubatuba, Fernando Braga Fernando Braga Ubatuba (depoimento, 1986). Rio de Janeiro, Fiocruz/COC. Programa de História Oral. 1991
Martins, Amilcar Vianna 1991 Amilcar Vianna Martins (depoimento, 1987). Rio de Janeiro, Fiocruz/COC. Programa de História Oral.
Goto, Massao 1991 Massao Goto (depoimento, 1986). Rio de Janeiro, Fiocruz/COC. 1991 Programa de História Oral.
Andrade, Moacyr Vaz 1991 Moacyr Vaz de Andrade (depoimento, 1987, 1988). Rio de Janeiro, Fiocruz/COC. Programa de História Oral.
Paraense, Wladimir Lobato 1991 Wladimir Lobato Paraense (depoimento, 1987, 1988). Rio de Janeiro, Fiocruz/COC. Programa de História Oral.
CURRÍCULOS
Curriculum vitae de Haity Moussatché, no acervo da COC/Fiocruz.
Curriculum vitae de Sebastião José de Oliveira, no acervo da COC/Fiocruz.
Curriculum vitae de Domingos Arthur Machado Filho, no acervo da COC/Fiocruz.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Zarur, George de Cerqueira Leite 1994 A arena científica. Campinas/Brasília, Autores Associados/FLACSO.
Recebido para publicação em janeiro de 1999.
Aprovado para publicação em dezembro de 1999.
Referências bibliográficas
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- Zarur, George de Cerqueira Leite 1994 A arena científica Campinas/Brasília, Autores Associados/FLACSO.
Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
19 Maio 2006 -
Data do Fascículo
Fev 2001
Histórico
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Recebido
Jan 1999 -
Aceito
Dez 1999