A partir do debate teórico sobre gênero e ciência, discute os processos de redefinição das diferenças de gênero e sexo por meio de marcadores tidos como biológicos ou naturais. Identifica um percurso de naturalização das diferenças através de uma lógica de 'substancialização' ou 'materialização', a exemplo da percepção da medicina sobre a mulher, que promove modelos explicativos da economia corporal feminina centrados ora em órgãos como útero e ovários, ora na mecânica dos hormônios e, mais recentemente, também nas distinções genéticas e neurológicas. Aborda a trajetória da descoberta dos chamados hormônios sexuais e sua relação com a perspectiva dualista, no que se refere ao gênero. Demonstra como esses poderosos mensageiros químicos ajudaram a configurar a passagem entre uma lógica do excesso que envolvia o sexo até o final do século XIX, para o imperativo da falta, predominante desde meados do século XX.
gênero; sexualidade; hormônios; história da ciência; história da medicina