As tentativas feitas pelos especialistas da Fundação Rockefeller de erradicar a febre amarela no Brasil foram prejudicadas pela baixa visibilidade desta patologia. Os casos eram, em sua maioria, atípicos e se confundiam facilmente com outras febres. Na década de 1920, os especialistas dependiam de observações clínicas para avaliar a incidência da febre amarela. Na década seguinte, porém, conceberam métodos indiretos para visualizar a presença de seu agente. A viscerotomia revelava a presença de casos agudos e o teste de proteção em camundongos, contatos passados com o vírus da doença. Conjuntamente, estes testes permitiram aos especialistas da Rockefeller confeccionar mapas indicando a presença de zonas de endemicidade da doença. Puderam, então, direcionar campanhas específicas contra a febre amarela baseadas na eliminação seletiva de seu vetor, o mosquito Aedes aegypti. Na saúde pública, tal como nas ciências, as práticas de representação modelam a intervenção.
febre amarela; Fundação Rockefeller; saúde pública