Analisa dois aspectos referentes à varíola em Goiás. Um se refere à reconstituição histórica dos principais surtos no estado, nos séculos XIX e nas três primeiras décadas do XX, focalizando o aumento dos surtos epidêmicos da doença como consequência da modernização dos meios de transportes e do crescimento demográfico. O outro centra-se na resistência da população goiana do século XIX à vacina antivariólica, que pode ser compreendida num quadro mais amplo de resistência às medidas civilizadoras implantadas pelo Estado em Goiás. Em termos metodológicos, o artigo considera a varíola evento hermenêutico, procurando situá-la na proposta de normatização higiênica pretendida pelos administradores públicos, então em choque com os valores e atitudes da população local.
Goiás; epidemia; varíola; vacina; processo civilizador