A imunologia sempre recorreu a uma linguagem metafórica. Logo de início, ela oscilou entre imagens bélicas e outras que insistem na interação dos macanismos da imunidade ao conjunto das funções fisiológicas do organismo. No final do século XIX, os glóbulos brancos eram comparados com uma 'polícia de fronteiras' encarregada de rechaçar os intrusos, com um exército formado para combater os invasores, mas também com um mecanismo fisiológico de eliminação das células envelhecidas e mortas, ocasionalmente exterminador de corpos estranhos, os anticorpos eram descritos como sendo armas muito poderosas e mortíferas, mas também como fazendo parte integrante dos mecanismos que permitem a assimilação dos alimentos pelas células. Esta dualidade das imagens próprias da imunidade permanece ainda em nosso dias. O artigo analisa a emergência e o desenvolvimento dessas imagens, relacionando-as com a redefinição da imunologia como ciência do self e do não-self, dissecando-as enfim à luz dos recentes acontecimentos, tais como a epidemia de Aids.
imunologia; metáforas; regulação; infecção; história das ciências