Open-access Bahsariwii: a Casa de Danças

Bahsariwii: House of Dances

FONTES

Gabriel Gentil

Pajé Tukano, pesquisador emérito da Fundação Oswaldo Cruz Centro de Pesquisa Leônidas e Maria Deane/Fiocruz Manaus – AM – Brasil

Apresentação de

Ana Carla Bruno

Núcleo de Pesquisas em Ciências Humanas e Sociais Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia Av. André Araújo, 2936 casa 21 – Aleixo 69060-001 – Manaus – AM – Brasil abruno@inpa.gov.br

Apresentação

Ana Carla Bruno

Em 2005, o pajé Tukano Gabriel Gentil recebeu da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) o título de pesquisador emérito no campo do conhecimento tradicional, e trabalhou no Centro de Pesquisa Leônidas e Maria Deane, em Manaus. O reconhecimento da Fiocruz a uma das principais lideranças políticas dos indígenas do Amazonas constituiu uma medida inédita no país.

Gabriel Gentil publicou dois livros, O resgate da mitologia Tukano e Povos Tukanos: cultura, história e valores, pela editora da Universidade Federal do Amazonas. Em 2006 ele não resistiu a complicações do diabetes que o maltratava e morreu, aos 52 anos, em um hospital de Manaus.

No presente artigo, Gabriel Gentil demonstra que estudar os significados expressos nos mitos "torna-se possível apenas quando ritos e mitos são vistos dentro de um contexto social e cultural específico" (Hugh-Jones, 1979, p.259). Ele destaca que a história oral e a mitologia entrelaçam-se, como um trançado de cestaria, explicando a dinâmica da organização social, cosmologia, construções de malocas, papel dos pajés, migrações e relações de trocas. Desafia o leitor a olhar os mitos e as cerimônias não como 'objetos mentais', mas como algo concreto, reconstruído a cada nova situação de conflito ou mudança.

Ao longo do texto, Gentil explica que grupos Aruak e Tukano mantiveram (e ainda mantêm) uma longa história de relações inter-etnias e inter-tribais, ressaltando que "todas essas tribos eram ligadas aos incas...", afirmação corroborada por lingüistas e arqueólogos. Ramirez (2001, p.1) menciona que a origem da dispersão geográfica Aruak ainda necessita ser esclarecida, mas sabe-se que foi uma das maiores expansões realizadas por ameríndios: "falava-se Arawak das Bahamas e da costa oriental da Flórida ao norte, até o Paraguai ao sul, desde o pé dos Andes ao oeste, até a foz do rio Amazonas ao leste ...". Neves (1998), por sua vez, afirma que a ocupação dessa região por povos Aruak e Tukano tem pelo menos três mil anos.

Nota-se que essas populações indígenas estabeleceram entre si uma vasta rede de comércio e guerras, como também mútua interdependência. Gentil menciona nessa narrativa que, no passado, "era uma só tribo que falava uma só língua, casava-se com mulheres da mesma tribo. Depois, se tornou uma pluralidade de várias tribos, falando muitos idiomas diferentes...".

Hoje, na região, há um sistema multilíngüe complexo, que envolve mais de vinte grupos lingüísticos a falar diversas línguas das famílias lingüísticas Tukano e Aruak, além de uma língua geral, o Nheengatu. Todo indivíduo conhece fluentemente três, quatro ou mais idiomas. Apenas os Maku e alguns não-indígenas não são multilíngües. Segundo Stenzel (2005, p.1), "este sistema multilíngüe é manifestado por meio do indivíduo e da comunidade, criando-se uma dinâmica lingüística em que forças de convergências e divergências estão constantemente criando significados". A principal razão para tal complexidade é a insistência em exogamia lingüística e residência patrilocal. Os homens devem se casar com mulheres que falam uma língua diferente da sua. Em tal situação, as crianças crescem ao menos bilíngües. Contudo, em princípio, a língua que identifica a pessoa, a aldeia e o grupo étnico são os do pai e não os do grupo lingüístico da mãe.

No que se refere às organizações sociais, os grupos Aruak compartilham muitos padrões culturais com os grupos Tukanos, e ainda assim existem diferenças significativas. Os dois grupos organizam-se em diversas fratrias patrilineares exogâmicas. As fratrias Aruak têm nomes associados a territórios. Já as fratrias Tukano não têm nomes nem tampouco estão vinculadas a territórios, como as do grupo Aruak. Esses povos têm mitos de origem que explicam o sistema de hierarquia entre os 'irmãos'. Para os grupos Aruak, o sistema de hierarquia está vinculado a questões mitológicas como, por exemplo, a viagem de uma 'cobra-canoa' que, saindo do Lago do Leite, teria subido o Uaupés deixando, em cada território, os ancestrais desses grupos. Cada grupo, então, recebeu uma língua e um conjunto de bens como mitos, músicas, nomes e rezas xamânicas (Lasmar, 2005).

Finalmente, na presente narrativa de Gabriel Gentil também observamos a importância dos pajés para esses povos: "Os Deuses entregaram aos chefes de várias tribos estas sabedorias, que foram repassadas aos Pajés em seus rituais de iniciação, transformando-os em Sábios Pajés. São os Pajés os responsáveis pela transmissão destes conhecimentos através de geração em geração". São eles os conhecedores das cerimônias de curas, das construções das malocas, da criação e manutenção dos cosmos.

Nesta apresentação, procurei integrar a narrativa mitológica de Gentil a materiais históricos e etnográficos escritos sobre a região do rio Negro. Para facilitar a compreensão do texto indico, ao final, algumas referências bibliográficas.

Introduction

Ana Carla Bruno

In 2005, pajé Tukano Gabriel Gentil, who worked at the Leônidas e Maria Deane Research Center in Manaus, received the title of researcher emeritus in the field of traditional knowledge from Fiocruz. The institute's recognition of one of the top political leaders of indigenous peoples in the state of Amazonas was an unprecedented event in Brazil. Gabriel Gentil authored two books, O Resgate da Mitologia Tukano and Povos Tukanos-Cultura, história e valores, published by the Universidade Federal do Amazonas. In 2006, he succumbed to complications from diabetes and died at the age of 52 in a Manaus hospital.

In this article, Gabriel Gentil shows that studying the meanings expressed in myths "is only made possible when rites and myths are viewed within a specific social and cultural context" (Hugh-Jones, 1979, p.259). He underscores how oral history and mythology interweave like the plaits of a basket, explaining the dynamics of social organization, cosmology, the building of malocas, the role of pajés, migrations, and relations of exchange. He challenges the reader to look at myths and ceremonies not as 'mental objects' but as something concrete, reconstructed whenever a new situation of conflict or change presents itself.

Throughout his text, Gentil explains that Aruak and Tukano groups have long maintained a history of relationships among ethnic groups and of intertribal relations, with "all these tribes [having been] linked to the Incas." This statement finds corroboration in linguistic and archeological studies. Ramirez (2001, p.1) mentions that the reason for the geographic dispersion of the Aruak has yet to be explained, although it was one of the largest such movements by Amerindians: "Arawak was spoken from the Bahamas and the eastern coast of Florida in the north to Paraguay in the south, from the foothills of the Andes in the west to the mouth of the Amazon River in the east." Neves (1998) asserts that Aruak and Tukano peoples occupied this region for at least three thousand years.

These indigenous populations engaged in a vast trade network, warred against each other, and also enjoyed mutual interdependence. In his narrative, Gentil says that in the past "there was one sole tribe that spoke one sole language, [men marrying] women from the same tribe. Later, they became a variety of tribes, speaking many different tongues". In this region today, we find a complex multilingual system encompassing over twenty linguistic groups that speak a number of tongues from the Tukano and Aruak linguistic families, as well as one general language: Nheengatu. Everyone there speaks three, four, or more languages fluently. Only the Maku and some non-indigenous people are not multilingual. According to Stenzel (2005, p.1), "this multilingual system finds expression in the individual and in the community, creating a linguistic dynamic in which convergent and divergent forces are constantly creating meanings". The main reason behind this complexity is an insistence on linguistic exogamy and patrilocal residence. Men in the region must marry women who speak a different language from theirs. Under these circumstances, their children grow up bilingual, at the very least. However, in principle, the language that identifies a person, his or her village, and his or her ethnic group is the father's and not the mother's.

In terms of social organizations, Aruak groups have many cultural patterns in common with Tukanos groups and yet there are still significant differences. Both groups are organized into a number of exogamic patrilineal fratrias. The names of Aruak fratrias are related to territories, while Tukano fratrias have no names and are not linked to any territory. These peoples' myths of origin account for the system of hierarchy among 'brothers'. For Aruak groups, the system of hierarchy has to do with mythological questions, for example, the journey of a 'snake-canoe' that left Leite Lake and went up the Uaupés River, in each territory leaving the groups' ancestors behind. So each group received both a language and a set of goods, like myths, songs, names, shamanic prayers, and so on (Lasmar, 2005).

Lastly, this narrative also demonstrates the importance of pajés to these peoples: "The Gods endowed the chiefs of various tribes with this wisdom, which was handed down to the Pajés during their initiation rituals, making them Pajés Sages. The Pajés are responsible for passing this knowledge down from generation to generation". They are the ones who know curing ceremonies, how to build malocas, and understand the creation and maintenance of the cosmos.

In this introduction, I have endeavored to integrate Gentil's mythological narrative and the historical and ethnographic material written about the Negro river region. Some bibliographic references have been provided at the end to facilitate understanding.

Bahsariwii – A Casa de Danças

Agradecimentos

Antes de tudo eu agradeço a minha Deusa Terra Yepá, e seu esposo primeiro Avô do Mundo, Ëmëkho Ñihkë Nimëtãkë. Foram eles que criaram estas sabedorias e outras sobre a Maloca Bahsariwii. Depois transmitiram esta cultura, oralmente, desde do começo do Mundo.

Outras sabedorias vieram através de outros Deuses: Basebô Õakhë, Muhipu, Miri Yái, Õakhë, Dehsubari Õakhë, Yepá Õakhë, e Mulheres Pajés Jurupari.

Meu agradecimento sagrado para Deus Lua Yepá Õakhë. É o nosso pai criador dos Tukano que emergiram na superfície da Terra Pamëri Mahsã, Doétiro, Yúpuri, Ahkëto, Buú, Këmarõ. Depois migraram e formaram vários grupos, espalhando-se em toda parte da Terra. Eles vieram do Lago de Leite, com a Canoa de Cobra Grande, Pamëri pirõ Yuhkësë, ou Canoa de Juruparis Miriã porá Yuhkësë subindo, viajando pelos vários rios e lugares, depois chegando no rio Uaupés, em Ipanoré Cachoeira.

Acknowledgments

First of all, I would like to thank my Earth Goddess Yepá and her first spouse, Grandfather of the World, Ëmëkho Ñihkë Nimëtãkë. They were the ones who created this wisdom and other wisdom about the Bahsariwii Maloca. Then, ever since the beginning of the World, they have passed this culture on orally.

Other wisdom has come from other Gods: Basebô Õakhë, Muhipu, Miri Yái, Õakhë, Dehsubari Õakhë, Yepá Õakhë, and Women Pajés Jurupari.

My holy thanks to Moon God Yepá Õakhë. He is our father, creator of the Tukano who emerged at the surface of the Earth Pamëri Mahsã, Doétiro, Yúpuri, Ahkëto, Buú, Këmarõ. Then they migrated and formed different groups, spreading over all parts of the Earth. They came from Leite Lake, with the Canoe of the Great Snake, Pamëri pirõ Yuhkësë, or the Canoe of Juruparis Miriã porá Yuhkësë, traveling along rivers and places until they arrived at the Uaupés river at Ipanoré falls.

O que é a maloca da região do rio Negro

A Maloca da tribo Gente Pedra é a maloca Aruak, ou a mesma Gente Jurupari Miriãpõrã Mahsã. É conhecimento tradicional da região do alto rio Negro Amazonas. Na língua Tukano é chamada de Bahsariwii, significa Casa de Danças.

A Maloca é construída semelhante à estrutura do corpo do Criador Deus Pedra Ëhtã Õakhë. Na Maloca existe estrutura, simbolicamente, do Mundo e do Universo, é a cultura dos Aruak do rio Içana e das tribos Baniwa, Tariano, Werekena, Coripaco, que são culturas maiores.

Cultura Aruak

A Cultura de Mitos dos Aruak tem origem e referência muito antiga. Vieram de outro Mundo. Sabedorias foram criadas por Deus Pedra Ëhtã Õakh com sua esposa e família. Depois Deus Pedra transmitiu para os chefes das tribos, que repassaram para os Pajés. Os Pajés, através de rituais de iniciação, ensinaram oralmente para grupos de gerações. O trabalho dos Pajés era luta do bem contra o mal. Para alegrar o Deus Pedra, os Pajés matavam muita gente em nome de Deus Pedra. Comemorando com as esposas deles, faziam ritos sexuais sagrados em público, no meio da maloca, para satisfazer espíritos. E faziam assim suas adorações. Assim eram as crenças reais dos Pajés indígenas. Faziam assim para alimentar vários Deuses e Deusas e para atualizar rituais, renovar as forças de cerimônias, visões e sonhos. Pintavam-se nos corpos os vários símbolos e seus significados. Antes eram culturas desconhecidas.

A primeira Maloca, mais antiga de todas

Desde o começo do Mundo, foi a criadora Deusa da Terra Yepá, que construiu a primeira Maloca, local na Casa de Terra, Yepáwii. Este lugar é mais antigo da Terra. Assim no começo do Mundo este lugar era a Casa do Céu, Ëmësewii, era a moradia da criadora.

Assim a Maloca é Centro de Culturas e representa o símbolo do Mundo e do Universo, especialmente a origem do Mundo e evolução do Universo. Ensina como o Mundo originou-se sem habitantes e se tornou povoado. O Mundo uma parte, gente, materiais, seres vivos aumentaram de tamanho e com o tempo separaram-se. Explodiram em forma de grande fogo redemoinho. Para nós, humanos de hoje, a explosão é fogo e morte, para eles era outra forma de surgir novas vidas e outros novos Mundos. Como os primeiros humanos imortais se tornaram mortais, como apareceram estações, para substituir um clima sem estações, a origem das primeiras humanidades da Terra, como eles se desenvolveram, tornando-se homens e mulheres. Era uma só tribo, falava só uma língua, casavam-se com as mulheres da mesma tribo. Depois como se tornou uma pluralidade de várias tribos, falando muitos idiomas diferentes.

Esta sabedoria é falada por várias Tribos

Esta sabedoria e falada por várias tribos da Amazônia, no Brasil, e da América Latina toda. São tribos Gente Pedra, Ëhtã Mahsã, os mesmo Gente Jurupari, Miriãpõrã mahsã. O Jurupari era o filho de Pedra Quartzo Branco, o Sol. Foram os Pajés antigos Pãmëri mahsã, várias outras tribos Pajés Gentes Emergentes, no Lago de Leite, Õhpekõ dihatara, é que aprenderam esta Cultura, secretamente com os Aruak. As tribos deram as filhas deles virgens, em troca de sabedorias, os objetos de valores, para serem esposas deles.

Na língua Baniwa, o Jurupari é chamado Katsimanali. Na língua Werekena, é kuwé. Kuwá, na língua Kuripako. Yuruparí, na língua Nheengatu ou língua Geral Tupi. Miri, na língua Tukano. Mini, na língua Tuyuka. E assim, através de várias línguas, foi extraída esta descrição, Mito de Jurupari, que são os Aruak.

Os Aruak da Amazônia vieram dos Andes

A família lingüística Aruak, do rio Içana, no alto rio Negro, Amazônia/Brasil, do rio Guainía, da Venezuela, vieram da Cordilheira dos Andes, da América do Sul. Assim, estendendo em toda parte da Terra. Moravam na beira, nos pés das Montanhas, nas malocas de Pedra, de grandes blocos de mármore, granitos. Lá era o maior Centro de Culturas, a Casa de Deus Pedra Quartzo branco, do Sol. Era construída com os materiais trazidos do rio subterrâneo Wamëdia, que entrava dentro da Terra, que se emendava saindo no Lago Titicaca, do Peru. Um Chefe Pajé humano vivia o mais sábio. Cultos poderosos que diziam "eu sou o Sol". É ele que mandava nas malocas com várias tribos. Fazia os povos adorar os mortos, Onças pintadas, faziam matar gente, tiravam sangue humano, exploravam ouro e pedras preciosas. Faziam homenagens, ritos sexuais no meio do público com as esposas e com as moças virgens, em nome dos Deuses estrelas astros. Os movimentos da Lua e eclipse eram mais festejados nas malocas. Muitas tribos trabalhavam para o Sol, era ele que arrebentava as moças. Se alguém risse, o Sol ordenava matar na hora. Os povos desenvolveram fazendo provas de iniciação nos tempos de verão, organizavam em sociedades tradicionais festas de dabucuri oferecendo frutos, caças, ervas medicinais, cerâmicas, mandiocas, milhos, ipadú, tabaco, paricá, bananas.

Foi o Deus Criador Enú-Ñapiríkoli Aruak que veio trazendo estas sabedorias. Foi ele que trouxe ou criou os povos indígenas de várias tribos: Baniwa, Werekena, Tariano, Kuripako, Baré, Hohodene, Uinuma, Kuati, Kampa, Apurinã, Mandawaka, Moliwene, Sucuriju, Suruahá, Desano, Tocandira, Quatá, Inambu, Tapira, Cutia, Arara, Siuci, Pacutapuia, Urubu, Onça, Kowatapuia, Kokuane, Gitapuia, Jacamim, Raposa, Garça, Guariba, Jurupari, Yanomami, Kubeus, Tukano, e Makus e outras tribos. Assim, Aruak faziam rituais em homenagem para Deus Criador Enú-Ñapiríkoli no rio Içana, rio Negro. Faziam parte dos Pajés ou Guerreiros matadores de Gentes. Tribo Baniwa do rio Içana, rio Negro, eles tinham o mito do grande Monstro Alto de Mapinguari Ëmëarõ Wãhti, e seu Curupira Boraró, e outros Duendes Pequenos.

Tribos Desano, Tariano eram os Aruak

Foram os Chefes antigos da tribo Desano, Grupo Yepá Botéa. Seus descendentes se encontram, atualmente, no rio Papuri, no Povoado chamado Teresita, outros Grupos estão Piracuara, na Colômbia. Tribo Desana, eles conhecem bem as histórias de três mulheres Jurupari, sem maridos, guerreiras, armadas de bordunas e lanças de veneno. Moravam nas casas de pedras nas montanhas do rio abaixo. Mandavam nos homens, roubaram as flautas sagradas de Juruparis.

Estas pessoas é que informaram que viram e testemunharam quando os Desano moravam junto com os Baniwa Aruak. É por isso que os Desano são chamados Gentes do Sol, Ëmëkhori Mahsã. Depois os Desanos brigaram, separaram-se dos Baniwa, e uniram com os Tukano.

Tribo Tariano grupo Koenaka Susuí, Koenaka Koewata, Bëhpo diro porá, atualmente moram em Iauaretê, rio Uaupés, Amazonas. Também informaram semelhantes dos Desano sobre moradias deles juntos com os Baniwa dos Aruak. Eles brigaram, separaram-se e juntaram-se com os Tukano até hoje. Mesmo separados Desano e Tariano consideram-se os pertencentes do grupo Aruak, os mesmos gente Jurupari, Miriã põrã mahsã. Assim, religião central era ligava todos ao Jurupari, do rio Içana, alto rio Negro, Amazonas.

Todas estas Tribos eram ligadas aos Incas e os Incas eram Tribo Gente Pedra

Tribos Omágua, Cayapa, Jivaro, Chibcha, Tupi, Warráu, Aymara, Waiwái, Kaiwá, Guayakí, Araucano, Yuma, Iquito, Mojo, Cuna, Chimane, Awekona, Kamakã, Toba, Choroti, Huaniyam, Choco, Tule, Guató, Guarayú, Paumari, Cayina, Yameo, Chimu, Bora, Záparo, Okaína, Cotó, Urarina, Yágua, Guahari, Waikana, Waiká, Waipí, Wanana, Waiampí, Guakári. Estas tribos eram grupos grandes, eram unidos com Incas.

A maior parte foi para as Guianas, por causa da invasão, fugindo dos espanhóis, portugueses e outros brancos. O local exato é Cuzco, ou Cajamarca, no Peru. Os Incas vieram via fluvial, pelo mar, pelo Oceano Atlântico, onde levanta o Sol, e passaram na América Central, ou melhor tinham ligações com os indígenas da América Central. Estas tribos eram melhores, maiores, matavam gente, os inimigos queimavam no fogo, cortavam vivos com os machados de pedras, com as lâminas de pedras quartzo. Depois brigaram e espalharam em toda América Latina, trocaram mitos, os nomes e idiomas.

Outros grupos ligados aos Aruak

Terena, Yawalapiti, Enawené-Nawé, Wanera, Paresí, Mechinako, Laiana moram no Mato Grosso Brasil. Amaripá, Taulipang, Wapixana moram em Roraima. Machineri moram no Acre. Waurá moram no Xingu Brasil. Estas tribos são testemunhas que o Jurupari veio dos Andes do Peru com a Bolívia.

Teve um tempo quando os Aruak moravam em cima das Montanhas, na beira do mar Caribe, perto das Antilhas. É muito importante saber que dois grupos grandes Caribe e Aruak é que dominavam em todas as Terras. O domínio era tão grande, os Tukano eram remadores trabalhadores serventes dos Aruak. Moravam numa maloca grande com os Aruak, no rio Guainía, na Venezuela. Depois os Tukano brigaram, separaram-se dos Aruak. Vieram para rio Negro, subiram para rio Uaupés, em Ipanoré Cachoeira, Amazonas Brasil, onde até hoje nós estamos morando. Era assim a história, a realidade, depois tornou-se Mito.

Mito Origem de Jurupari

O Jurupari, o Miri, nasceu na Maloca Casa de Montanha alta das Cordilheiras dos Andes. A mãe dele era a virgem filha do velho Trovão Bëhpó Mahkõ. A mãe dele engravidou-se por ter assoprado cerimônia rito sexual Õmeshãrõ Nihishãrõ Bahseró, feito pelo Criador Deus Pedra do Mundo, estando de longe. Depois de nascer morava na Casa de Pedra, nos pés das Montanhas altas, frias. Sendo assim, o Jurupari pertencia à família de Deus Pedra Quartzo Branco, o Sol.

O Jurupari foi expulso da família do Sol, nos Andes, porque ele matou de inveja, de ciúmes o irmão menor dele, chamado Petá Õakhë. O pai dele, o Sol, expulsou amaldiçoando o filho. Assim, o filho amaldiçoado se transformou em um monstro chamado Bisiu, o Juruparí. Antes de ser expulso, Jurupari era o filho mais querido do Sol, era mais bonito e poderoso, era chamado Deus Pedra Quartzo Carne Gente, Ëhtãbho Õakhë Diró Mahsë.

Depois de expulso, o Jurupari veio para Amazônia Brasil e apareceu nas malocas dos Tariano, Werekena. Morava numa casa de pedra, escondido. O Jurupari fazia ensinamentos sobre provas de iniciação para formar novos Pajés. Ele castigava matando gente que não obedecesse a ele e comia gente. Foi morto no fogo pelos pais dos iniciados, porque tinha comido os filhos deles, na região mitológica de Jurupari, rio Içana, alto rio Negro, Amazonas. Alma do Jurupari, assim que explodiu no fogo, tornou-se o Curupira. É por isso que Curupira come humanos quando se perdem na mata.

Na cultura Tukano houve troca de bens culturais com tribo Aruak, os mesmos Gente Pedra ou Gente Jurupari

A troca de bens culturais aconteceu no Lago de Leite. Era no segundo tempo, era depois da criação do Mundo e da humanidade. Várias gerações cansavam de viver com fome e miséria. O Chefe Geral dos Tukano, Doétiro, resolveu pedir ajudas para Deus Pedra Ëhtã Õakhë. No começo do Mundo, só Deus Pedra e sua esposa Deusa Pedra Ëhtãbho Õakhõ tinha o fogo e comida, cerimônias e sabedoria.

Um dia, o Chefe dos Tukano, Doétiro, foi para Casa do Céu Ëmësewii, para pedir maior tesouro do Criador Deus Pedra. O Chefe Tukano ficou alegre quando ele teve esta idéia. Antes de ir ele fez o ritual de defesa por si, pintou no rosto símbolo oferecimento de mulher e convite de sexos. Com ele levou os ossos dos que morreram passando fome. Com alegria avisou para o povo Tukano, dizendo que "amanhã eu vou para Casa do Criador do Mundo e do Universo". Para dar em troca de bens culturais, com ele levou duas mulheres virgens bonitas. Estas mulheres eram para ser esposas de Deus Pedra.

Ritual do Tukano pedindo os bens para Deus Pedra

Quando o Tukano Doétiro chegou na casa do Céu Ëmësewii, fez o ritual para abrir a porta. Ficou em pé na frente da porta, abaixou a cabeça, com a lança ritual fez os gestos de círculos. E disse estas palavras cerimoniais: "Oh!..Deus de Pedra Quartzo Branco. Estou aqui em pé, eu vim aqui para te pedir ajuda. No meu Mundo na Terra, nós povo Tukano estamos passando fome. Preciso fogo, comida, cerimônias sabedorias, semente de ipadú, mandioca e todo tipo de bens e valores. Em troca eu trouxe minhas duas filhas virgens bonitas, para você engravidar elas, fazer filhos com elas. Aqui estão elas!..

Deus Pedra, respondeu: "Hummmmmmmm, há, há, há, aaaaaaaa!..". Pegou nas moças e disse sorrindo: "Vocês são minhas agora. Fiquem à vontade, estamos na minha Casa do Céu. Onde é Casa de gostos, os gostos e gozos é que são origens de vidas. Aqui é centro de poder. Eu sou Deus de Pedra Quartzo Branco. Mantenham os olhos de vocês fechados, vamos nos gozar fazer amor, eu vou assoprar estando de longe. Vocês têm belas coxas, têm seus belos corpos".

As moças sorrindo responderam: "Ah!!!... nosso Deus de Pedra Quartzo Branco, você nos deixa loucas, estamos sentindo gostos". Dizendo assim deitaram no chão, abrindo as coxas. E disseram todas juntas ao mesmo tempo: "Vem em cima de nós. Nos assopra, nos goza, queremos mais".

Depois ficaram em pé, Deus de Pedra alisava os seios, acariciava, tocou nos órgãos genitais. As moças eram virgens, foram arrebentadas através de posições sagradas assopradas de longe. Riam de sentir as cócegas dos gostos.

Depois de sexos sagrados o Deus Pedra deu em troca os bens culturais, os objetos de valores para o Tukano Doétiro. Se alguém risse dele o Deus Pedra matava no mesmo dia ou obrigava se suicidar.

É por isso que cultura Tukano é imitada na cultura aruak

É por isso a Cultura Tukano e de outras tribos, quando fazem os rituais de cura de doenças, festas de dabucuri anuais oferecendo os frutos peixes, os vestidos, pinturas, acangataras, as músicas, simbolismos das malocas, tambor troncano, as bebidas de kahpí, as medicinas paricá, usavam as máscaras de Jurupari, de animais paca, tucano, maracá cuia, mawacu, cipó, paxiúbas, todos estes materiais são imitados na cultura Aruak.

As melodias dos instrumentos musicais, os sons orais que os velhos cantavam, eram cantadas com a voz no idioma de Origem Mito de Jurupari, que é Aruak. Somente os velhos é que entendiam os significados das músicas antigas. Porque em cada tempo de verão várias tribos juntavam-se para celebrarem rituais provas de iniciação, troca de sabedorias. Com o passar do tempo várias tribos separaram-se dos Aruak, por causa da morte de Jurupari. Isso causou maiores desentendimentos das tribos. Assim trocaram os mitos especialmente de origens, outros trocaram até os nomes e línguas. Com o passar do tempo a língua dos Aruak foi extinta, somente ficaram as línguas dos grupos Aruak, até hoje.

Quem era Gente Jurupari

As tribos Jurupari eram matadoras. Tribo muito brava, que dominava toda Terra. E comedores de gente, eram Gente Juruparis. Provocavam as chuvas e trovoadas. O Chefe dos Aruak, o Jurupari, o Miri representava o Sol físico. A família morava na Casa de Pedra, nos pés das Montanhas na região Jurupari Cachoeira, perto da Uapuí Cachoeira, no rio Içana. Os grupos de Jurupari e seus descendentes: Baniwa, Tariano, Werekena, Coripaco, Desano. Cada Chefe da Tribo Baniwa tinha três a cinco esposas. São mestres de fazer balaios, culturas deles, cerimônias são mais fortes, superiores, maiores.

Os Aruak trabalhavam com pedras preciosas, exploravam minérios ouro, com o sangue de humanidade, porcos e peixes pirarara. Seu descendente era um pajé humano, fazia ritual dizia: "Eu sou o Deus Sol físico humano, o meu espírito alma e coração estão ligados para Sol Deus espírito". Dizendo assim o Pajé humano obrigava outros Pajés de várias tribos adorarem a ele. Assim, todas as tribos adoravam a ele, ajoelhavam. Quem tinha filhas dava a ele para serem esposas dele e arrebentar. Assim, tribo Aruak, Gente Pedra, comandavam com mais de 80 homens. Todos guerreiros armados com flechas, bordunas, lanças rituais, envenenados com venenos de cobra jararaca venenosa. Escudos de madeiras.

Assim na região do rio Negro, Amazonas, seus afluentes, por ordem dele os Pajés faziam ritos de sexo sagrados em nome de Deus Pedra, no meio das malocas, depois da meia noite. Com as esposas, filhas, cunhadas e outras. Se fosse preciso matavam gente, faziam sacrifícios, matavam rapazes e moças. Faziam assim por ter conseguido que as cerimônias deles fossem fortes. Os bebês nasciam graúdos, nas roças as mandiocas são farturas de peixes e frutos.

E todos os pedidos deles através de cerimônias sempre foram atendidos rápido pelos Deuses. O Jurupari era um velho Pajé da tribo Gente Pedra. Jurupari era um homem preto, alto, unhas compridas, nos olhos dele saía o fogo. Tinha bigodes, barbas, cabelos que chegavam na bunda dele.

As Malocas dos Tukano antigos

Depois outras gerações Oákahpea, Oyépõrã, é que construíram as malocas no rio Papuri. Não só os Tukano é que são ensinados e imitados. São aprendidos pelas vários tribos da Amazônia ou fora da Amazônia, Andes e de outros. O lugar de troca de bens culturais aconteceu no Lago de Leite Õhpekõ wii. Este lugar atualmente é o lugar mais antigo da Terra, que está no fundo d'água, que os brancos deram o nome de mar. Ele não está em cima da Terra. Nós, índios Tukano, não sabemos mais exatamente o local certo porque a história e os mitos são muito antigos.

Significados da Maloca

Esta palavra Bahsariwii na língua da tribo Tukano tem vários significados:

– Bahsariwii: É a Casa de Danças, é Centro Cultura. Onde os velhos Pajés, com os Chefes, com suas três esposas cada um, é que comandam a Maloca. Fazem as canções e melodias rituais, curam as doenças materiais e espirituais. É um lugar onde fazem várias artes, vários tipos de rituais. E trocam de sabedorias, fazem ritos secretos. Realizam as festas de dabucuri oferecendo os frutos e peixes. Usavam as máscaras dos Jurupari, máscaras de animais e heróis humanos. E tocavam as músicas lembrando os mitos de nascimento de Jurupari Miri. Todos pintados e dançavam com suas esposas, filhas, sobrinhas, cunhadas e outras.

– Com o Chefe moram os melhores, os mais fortes Pajés que pertencem na hierarquia, velhos anciãos e suas esposas, cantores, curadores, serventes, guerreiros, pescadores, caçadores, agricultores, filhos e crianças. Maloca é um Mundo simbólico Mitológico, é onde revive todo momento seus antepassados.

– A Maloca que representa a Casa de Vento Õmewii, no começo do Mundo a primeira maloca era a Casa de Vento, a mesma casa era a Casa do Céu. Era Casa de cérebro, Casa de sabedorias, Casa de tempestades, a de músicas, onde aconteceu origem da Criadora do Mundo e do Universo, chamada Deusa da Terra Yepá.

– Estrutura da Construção da Maloca, da tribo Gente Pedra Aruak. Representa o corpo, anatomia do Criador do Mundo Deus Pedra Quartzo branco, que é o Deus Sol. Espírito Invisível, imortal, eterno, poderoso calor, o fogo. É atual Avô do Mundo Ëmëkho Ñihkë. O Sol que comanda engravida a Terra. Do corpo do Sol, ao lado dele é que faz surgir luz, cor vermelho, violeta e branco. Que a luz são espermas vidas sangue do Sol, são substâncias espirituais, são ciências medicinais, paricá. Assim a que existe na Terra, maloca representa a Casa do Céu Ëmësewii.

Para transformar Maloca em Corpo do Criador os Pajés fazem sete cerimônias

Para os rituais dos Pajés de curas de doenças, tanto as materiais como as espirituais sejam curadas, para que a maloca transforme espiritualmente a maloca Casa do Céu, Casa do Lago de Leite, Casa Corpo do Criador, os Pajés fazem sete tipos de cerimônias na maloca. Antes comem ipadú, fumam tabaco, bebem kahpí, cheiram as ervas medicinas paricá. E falam narrando cantando cerimônias em poemas: "Oh!.. Deus Pedra, nós precisamos morar no seu, e você em nós". Ficam todos pintados, enfeitados, somente entre os Pajés combinam como eles vão materializar, fazer rituais, transformar um Deus.

– Primeira Cerimônia é chamada Ditá-Bahseró, é uma Cerimônia para Terra se transformar o corpo da Criadora Yepá. Assim a maloca está construída em cima do corpo da Criadora, porque a Terra representa a Mulher, é a nossa mãe. É o Deus Pedra Quartzo Branco o Sol, outros Deuses é que a engravidam. Assim as árvores são cabelos da Criadora, o lugar da maloca construído é entre as coxas dela, os morros altos são os seios dela. Todos os tipos de seres vivos, animais e nós humanos somos os micróbios, piolhos dela.

– Segunda Cerimônia é chamada Bohtari Bahseró, é Cerimônia para os esteios se transformarem em pessoas de antepassados, os moradores da Casa do Céu, ligados para Casa da Terra, que é a Maloca. São os símbolos de primeiras humanidades, Pãmëri-mahsã, estes esteios Centrais têm os nomes indígenas dos Tukano, Bahseke Wame.

– Terceira Cerimônia é chamada Wii-Bahseró, é Cerimônia Especial em Geral, para Maloca se transformar no corpo do Criador ou Criadora.

– Quarta Cerimônia é chamada Ohpé Bahseró, é Cerimônia para resina com breu fazer fumaças. As fumaças são meios de comunicação rápida em forma de raios, que levam as mensagens para Casa do Criador. Para ele saber e tomar conhecimento que nós estamos construindo a maloca, praticando seus ensinos rituais.

– Quinta Cerimônia é chamada Wetíro Bahseró, é Cerimônia para defesa da Maloca, para que não surjam as doenças, inimigos, brigas, invejas.

– Sexta Cerimônia é chamada Kahpitë Bahseró, é Cerimônia principal sagrada e secreta, é para bebidas Kahpí ou ayawascas, alucinógenas para aparecerem bem as visões, prevendo o futuro, os contatos com o Deuses e todos os seres vivos. Para que os conhecimentos tradicionais sejam conservados, gerados em gerações e gerações. É esta Cerimônia é maior melhor de todas, para ser sábios, pajés, cantores, partos, músicos, artes em geral. Desta Cerimônia, através das visões, os Pajés viam as visões e pintavam os simbolismos dos Deuses em geral, nas malocas. Depois faziam as provas de iniciações, e homenageando para Deus Pedra. Os Pajés faziam os rituais, ritos de sexos em público, ou faziam os sacrifícios e muitos outros.

– Sétima Cerimônia é chamada Toatë Bahseró. É Cerimônia para Tambor Trocano, para que os sons das cerimônias, os rituais cerimoniais dos Pajés sejam comunicados diretamente para o Criador Õakhë.

Os Pajés Antigos mediam o tempo

Fazendo assim os Pajés, por ordem dos Chefes, olhavam nas posições das estrelas de Constelações e do Lua Yepá Õakhë. Mediam todos os acontecimentos na tribo, os tempos climáticos, verões e inverno. Amarrando com as cordas de nós coloridos, cada cor, e cores diferentes significavam os acontecimentos ou simbolizavam. Chamado na língua Tukano Sepatarida, os brancos deram o nome de Calendário, ou nos Andes se chamam como Quipu. Mediam os tempos registrando tradicional com os objetos de madeiras, argilas, pedras, faziam os cálculos aproximados ou certos.

Estrutura das Ciências da Maloca

01. A porta da maloca representa a boca do Criador Deus Pedra. Durante o dia a porta fica enganchada em laço de uma corda amarrado na cumeeira central. Fecham quando forem dormir, quando forem trabalhar e viajar.

02. A viga central da maloca representa a coluna vertebral.

03. Os esteios centrais principais são: Deuses e Deusas que moram na Casa do Céu Ëmësewii. Assim em todos os momentos convivem na maloca e no mundo. São nomes cerimoniais da tribo Tukano, homens e mulheres. Entrando pela porta da frente têm os esteios nomes masculinos. Entrando pela porta de trás têm os esteios nomes das mulheres. Assim os Deuses e Deusas comandam a maloca por igual, por isso aparecem os nomes masculinos e femininos nos esteios da maloca. Veja os nomes masculinos Tukano: Doétiro, Yúpuri, Ahkëto, Buú, Këmarõ, Ëremiri, Suegë, Séribhi, Yepásuri, Wehsemi, Ñari, Doe, Ahusuri, Dia Wahsomi, Ahusiri yiaro, Yái, Yepá bairi, Nuhirõ, Yepásui, Yepásiri, Yepárë, Ahu, Yepá, Surië, Suusí, Sui, Ñahori, Ñami.

Os nomes completos das mulheres Tukano desde princípio do Mundo, quando não existiam as brigas com os homens: Wihõmahsõ, Ñuhkuãdiarãgõ, Õhpekõ, Ëhtãbhoa Õakhõ, Eõrõmahsõ, Bahsábusá pahko, Keeri, Ohkó Õakhõ, Yepáraõ, Kãrakó, Ëhtã Õakhõ, Õmé mahsõ, Mirio, Uhpí mahsõ, Buhtuyari mahsõ, Wirõrõ, Yepá Õakhõ, Yaío, Yëhëgo.

Os nomes das mulheres atualmente são somente oito nomes, porque outros nomes foram esquecidos por causa de brigas entre os homens e mulheres: Duhigo, Yepário, Yúsio, Yuú pahko, Piro duhigo, Dëhpoti, Diatho, Ñigõ.

04. Os caibros são costelas.

05. Os cipós que são amarrados são as veias. São ligados no cérebro do criador, quando ele bebe as bebidas alucinógenas kahpí e medicinas fortes paricá, é nele que os Pajés convivendo tiram as forças.

06. Tambor Troncano é coração alma do criador.

07. Lança ritual é transformador, fazedor, multiplicador de gente, é pênis.

08. A cuia que fica em cima do suporte, perto do esteio da entrada da maloca, produz luz e voz ou idioma do criador.

09. As palhas coberturas da maloca são os cabelos.

10. O Banco Cerimonial onde senta o Chefe da maloca ou da tribo é o centro de comando da maloca e da tribo. É lá que fica a pedra cristal, as forças dos pajés e dos chefes, ligados para Deus Pedra Ëhtãbho Õakhë.

Todos estes materiais de construção juntos tornam-se deus criador do mundo. Em cada época, nos tempos climáticos, a estrutura das malocas, espiritualmente, elas mudam de posições. Às vezes, o criador dorme longamente com sua esposa e filhos juntos. Às vezes ele viaja para outros Mundos em busca de comidas e para visitar os parentes dele. Quando ele viaja só deixa o espírito, roupa dele. Quando ele fica em pé ou anda, é aí que está a evolução dos tempos. Nossos cérebros recebem informações vindas de fora, conhecimento e fenômenos. A Terra costuma tremer. Juntos com o Criador costumam chegar outros Deuses de outros Mundos, invisivelmente. Muitas vezes eles trazem alegrias, riquezas, sabedorias ou as doenças. Estas coisas nós humanos não percebemos nem olhamos, porque somos muito pequenos. Espíritos muitas vezes zangados, revoltados, provocam doenças, castigos contra a humanidade viva. E nós humanos construímos o Mundo em que vivemos durante as nossas vidas. É importante saber: a maloca é como uma pessoa viva. É muito difícil explicar, fazer as pessoas entenderem, acreditar nesta parte.

Desenhos rupestres

É muito importante a cultura de tribo Gente Pedra, os Aruak, eles é que desenhavam os desenhos rupestres nas pedras das Cachoeiras. Foram pintados pela tribo Gente Pedra desde o começo do Mundo, por várias gerações. Estas ciências existem em vários lugares, nas Montanhas, Cachoeiras, existem nos rios, na Amazônia e na América Latina.

Tribo Gente Pedra derretia nas pedras com os líquidos chamados Wamëko. Eram líquidos trazidos do rio subterrâneo, que somente tribo Gente Pedra tinha os materiais. Derretiam as pedras com ajuda de ervas medicinais, Kãre Ohko, e com cerimônias fortes chamadas Miriãpõrãya mahsãturikhãrõ bahseró. Esta cerimônia é tão forte que as palavras cerimoniais faziam as formas de relâmpagos ou faíscas, saíam nas bocas da tribo Gente Pedra Aruak.

Exploravam ouro com sangue de humanos

Exploravam ouro, pedras preciosas, em cima das Montanhas. Nos tempos de verão matavam humanos e tiravam sangue de humanos, enchiam nos potes de pedras. Depois os derramavam em locais onde tinha ouro, durante as noites entre as 8 e 10 horas da noite. Estes horários eram horários de rituais, que eram horários das noites, outros horários não eram noites. Com o sangue de humanos, os três Pajés, auxiliados por cinco guerreiros matadores de gentes, os Pajés faziam rituais, pintavam nos rostos deles símbolos do Deus Pedra, bebiam as bebidas alucinógenas kahpí, cheiravam as medicinas paricá para tornar Onças, animais pintados. Fumavam tabacos, ficavam em pé, cantavam dançando as músicas de Jurupari, tocavam as cuias de maracá e lanças rituais pedindo para Deus Pedra ouro, com as palavras poéticas, as melodias com a linguagem deles. Assim, rapidamente em forma de relâmpagos, grande brilho ouro, vinha atrás de sangue humano para alimentar. Porque ouro gostava muito de sangue de humanos. Como o sangue humano estava dentro dos potes, aí ouro era preso com as tampas dos potes quando entravam dentro dos potes. Quando entravam ouros brilhosos, os Pajés com os machados de pedra, com as pontas de pedra bem apontadas, cortavam nas linhas de brilho. Aí os brilhos ficavam presos dentro dos potes, outros brilhos voltavam dentro da Terra. Aí fechavam os potes, queimavam ouro naquela mesma noite.

Depois levavam ouro para o Deus Sol, para aquele que dizia que era o Deus Sol. Com ouro faziam brincos, jóias, borboletas, besouros, sapos, pássaros, faziam estátuas dos Deuses, especialmente figura Deus Pedra. Era assim tribo Gente Pedra, explorava ouro. Eram segredos de Pajés da tribo Gente Pedra. Os Pajés tinham as forças, movidos pela energia solar, provocavam raios do Trovão. Se alguém revelasse os segredos deles, o Deus Sol ordenava mandava matar ou castigava, fazia as pessoas se transformarem em pedras.

Pinturas, cores, significados e simbolismo da Maloca

A maloca Aruak é pintada nas paredes. Na frente os símbolos do Deus Pedra, o Sol. São desenhos, símbolos, seres vivos invisíveis que existem e são moradores na Casa do Céu. As cores são significados, as cores da Casa do Céu, especialmente as cores do Deus Sol. Os desenhos símbolos que existem por trás da Maloca são símbolos da Deusa Terra Yepá. Os desenhos que existem dentro da Maloca, nas paredes, são símbolos de visões, sonhos, imagens que foram vistos pelos Pajés, Chefes antigos. Viam quando eles bebiam as bebidas alucinógenas de Kahpí, cheiravam paricá, fumavam tabaco, comiam ipadú, durante grandes rituais, festas tradicionais na época. Depois os Pajés pintavam nas malocas, nos corpos, nos artesanatos e cerâmicas.

Estruturas e qualidades de Malocas de cada Tribo

Dentro da hierarquia das tribos, dos Pajés e dos Chefes, existe grande distinção ou classificação de obedecer regras, para construir estruturas de malocas.

Certo é a tribo construir a maloca de acordo com a origem deles, grau da hierarquia da tribo, do grupo. Exemplo: Os Tukano, quando constroem a maloca deles, sempre constroem estruturas do corpo do pai criador o Deus Lua Yepá Õakhë. Depois completam com os símbolos de animais, dos humanos heróis e outros.

Outras tribos também fazem mesma coisa, constroem estruturas do Deus deles. Esta é a regra ou costume de cada tribo.

A Casa que representa Casa de Transformação de Gente, o mesmo Lago de Leite. A Maloca mais importante é a Casa de Gozos, de onde surgiram as origens de vida de todos os seres vivos. Casa de Troca de Sabedorias, onde praticam rituais e curas de doenças, materiais e espirituais.

Outra importância da Maloca para os Pajés e Chefes de tribos é porque lá é onde eles praticam rituais através de discursos em poesias, cerimônias. Depois convocam rituais de casamentos, sexo sagrado e em público. Os Pajés fazem o batismo indígena para os filhos deles.

Os graus de hierarquia de Pajés e Chefes

Na maloca os Pajés juntos com os Chefes são representantes dos Deuses. Um Chefe com cinco pajés, ele representa um Sol humano. Um Chefe com três pajés, ele representa um Sol físico. Um Chefe com dois pajés, ele representa Sol espírito.

Um Chefe com dez Pajés e mais dez mulheres guerreiras, ele representa Sol Pajé Chefe da tribo. Um Chefe com mais de 50 pajés, com mais de 50 mulheres guerreiras, este sim que era da tribo Gente Pedra. Dizia o pajé humano físico: "Eu sou o Sol, escutando isso". Assim todas as tribos adoravam o pajé humano, era humano. Pajé fazendo ritual representava Sol, Deus de Pedra Quartzo Branco. Curavam as doenças através de palavras e pensamentos sem usar as ervas medicinais. Curavam o corpo, mente e a alma. Diziam que o corpo é um escudo, vestido, servo da alma. Não há outro Deus senão ele, o curador e sábio. Nada na Terra ou no Céu está fora de domínio de Deus. Este conhecimento é a maior, melhor, mais importante de todas as ciências que os Pajés realizavam nos rituais nas malocas. Sem Maloca não existia Cultura, Ciências e Curas.

Danças funerárias Tukano

Quando morrem os Chefes da tribo, os Pajés formam um grupo e pintam-se, fazem choros usando as máscaras de animais e monstros e danças, cantam as músicas funerárias, enterram no meio da maloca. Quando mudavam para outros lugares, os Pajés desenterravam e levavam para outros lugares e aí enterravam novamente, em várias vezes, em vários lugares. Quando eles recebem as visões de Deus Pedra, Lua, Trovão, Arco-íris, quando nascem os bebês graúdos, se houve ano de farturas de peixes, frutos, agradecendo os pajés fazem sexo em público, no meio da maloca em nome de Deus. Fazem sacrifícios oferecendo os objetos de valores.

Agradecendo os Pajés fazem sacrifícios, oferecem as filhas mais bonitas e virgens para os Deuses. Muitas vezes eles matavam em nome dos Deuses e muitos outros. Realizam grandes festas de dabucuri, oferecimentos de frutos e peixes. Sentindo maiores emoções e prazeres os Chefes juntos com os Pajés faziam sexo sagrado, em público, em nome dos Deuses.

Depois os Pajés praticam rituais de cura de doenças. Usam as plantas, ervas medicinais, paricá, tabaco, ipadú, bebiam as bebidas kahpí ou ayawascas que conduziam as visões materiais e espirituais. Todas as atividades são feitas na maloca, são comandadas pelo Chefe, com suas três esposas. Eles são os donos da maloca. Os cinco Pajés, três Cantores, cinco agricultores, dez guerreiros, dois velhos anciões, com suas esposas, é que ajudavam a comandar a maloca ou tribo.

As tribos Maku é que trabalhavam para os Tukano e outras tribos.

Tribos Maku é que trabalhavam, caçavam, pescavam, davam mão-de-obra para os Tukano. Maku são servidores, melhores conhecedores da mata, guarneciam a mata, terra, maloca, lugares de roças, caças, pescas. São os Maku que tiravam os materiais para construir a maloca e construíam a maloca. Quem orientava como deveria ser construída a estrutura da maloca eram os Chefes Tukano. Os Tukano escolhiam o terreno, indicavam, escolhiam que tipo ou qualidade que eles queriam que fosse construída a maloca.

A preferência do terreno escolhido era terra cor preta, morro alto, onde tem árvores grandes ou no pé da Montanha alta plana, perto do rio, onde existem as Cachoeiras, lugares de antigas histórias mitológicas sagradas. É assim na região do rio Uaupés e seus afluentes.

Malocas Antigas – Autênticas dos Tukano

Maloca é original da região dos rios Tiquié, Papuri e Uaupés, na região alto rio Negro, do município de São Gabriel da Cachoeira, no estado do Amazonas. A estrutura da maloca é feita e construída simbolicamente como se fosse um Deus Lua Yepá Õakhë, o criador dos Tukano deitado de costas para cima olhando para direção do rio para baixo.

Por exemplo, as malocas que os primeiros Tukano Pamërri Mahsã que vieram do Lago de Leite, com a Canoa de Cobra Grande. Eram da família do Chefe geral dos Tukano. Depois de chegarem em Ipanoré Cachoeira, rio Uaupés, construíram estas malocas no rio Papuri, na aldeia Waíperi. O tuxaua Yúpuri Waúro construiu com a estrutura Maloca Lua, Yepá Õakhëwii. No começo do Mundo, quando os Tukano moravam na Casa de Terra Yepáwii, os Tukano construíram a maloca com a estrutura do corpo da Criadora Deusa Terra Yepá e seu esposo primeiro avô do Mundo.

Urnas túmulos dentro da maloca Tukano

Quando morriam os Chefes dos Tukano, os Pajés, Cantores, no meio da maloca ficavam todos em pé ao redor do túmulo, pintados com símbolos de animais, os monstros do morto. Usando as máscaras de choros de animais, Monstro Cuia, Monstro Veado, Onça Pintada, Pássaro Coruja. Primeiro faziam rito cerimonial com discursos, em poemas lembrando a vida do morto e a origem da humanidade.

Aí o povo escutando isso chorava, depois dançava e cantava o rito funerário. Enterravam com objetos que pertenciam aos mortos, os valores, pedras preciosas, pedra quartzo branco, pedra machado, colares de ouro e brincos, prata feita de borboletas, besouros e pássaros. Os Tukano não exploravam ouro, mas compravam ou trocavam dos Aruak, dando as filhas deles. Assim quando morriam enterravam no meio da maloca.

Lá estava o túmulo de pedras, construído com os líquidos chamados Wayuko, eram os líquidos trazidos do rio Subterrâneo Wamëdia. Onde nas pedras com líquidos riscaram símbolos que datam de período ou tempo de morte. Somente os Pajés é que entendiam estes registros tradicionais riscados.

Depois quando os Tukano mudavam de moradia, eles desenterravam ossos humanos, faziam escavações, colocavam ossos, guardavam nas urnas cerâmicas. E levavam com eles, para onde eles construíam novas malocas. Aí enterravam novamente no meio da maloca. Era costume antigo fazer assim.

Chefe da Tribo considerava-se descendente de Deus

Somente a família dos Chefes da hierarquia é que se considerava descendente de Deus Pedra Ëhtâ Õakhë, é que faziam assim, com seus cinco Pajés, matadores de gentes, com suas forças de guerra, feitiços, bordunas, lança escudos rituais, provocando trovoadas e chuvas. Provocavam as doenças e curavam, era assim que funcionavam as malocas Tukano. Quem não é do grupo de Chefe de tribos não fazia as malocas.

Capital dos Tukano

No Turi igarapé, na aldeia Wahpu, atualmente chamada Santa Luzia, era Capital antiga dos Tukano, ficava no afluente rio Papuri. O Tuxaua Yúpuri construiu a maloca com estrutura Maloca Jabuti Úhuriwii. Nesta Maloca, neste lugar, os Tukano faziam sexo sagrado Amóñoase em nome do Deus Lua Yepá Õakhë, com suas esposas, cunhadas e sobrinhas. O Pajé Ëremiri Sararó fazia as provas de iniciação, Amoyese, para gerar os novos Pajés. Guardava as flautas sagradas de Jurupari. Faziam casamentos, batismo, funerais. Era assim quando os Tukano eram poucos grupos. Depois, quando aumentou a população, os grupos se dividiram, alguns por causa de brigas, por causa de doenças e mulheres.

Tukano matavam gente em nome de Deus Lua

Faziam sacrifícios matando gente inimiga ou pessoas. Eram escolhidos rapazes novos e moças novas. Matavam porque era o costume antigo, oferecendo para Deus Lua, era o pagamento, enviar as almas por ter recebido boa ajuda. Os rituais e curas sempre foram curados por ajuda de vários Deuses. Todos os pedidos foram bem atendidos, nasceram bebês graúdos nas aldeias, as frutas deram boas colheitas, fizemos várias festas de dabucuri, de frutos, peixes, caças e outros. Os Pajés, Chefes, comemoravam, bebiam caxiri, kahpi, fumavam tabaco, cheiravam paricá. Pintavam nos corpos símbolos antigos dos Deuses e narravam mitos, variavam as culturas em geral. Os velhos cantores planejavam os futuros locais de mudanças de moradias. Era aí que os Pajés faziam as grandes viagens, conhecendo e escolhendo as novas moradias, as futuras malocas.

Vários tipos e qualidades de malocas Tukano

Na aldeia Serra de Porcos, o Tuxaua Yúpuri construiu com estrutura linda Maloca Jacaré, Ëhsowii. Esta maloca foi construída no pé da Montanha, isto significa que era a única Maloca que foi construída com estrutura imitando a maloca da Casa da Noite Ñamiriwii, que existia nos Andes da Colômbia.

No rio Tiquiê, na aldeia Pari-Cachoeira, o Tuxaua Yepá suri José Demétrio Silgueira (José Metri) construiu Maloca Lua Yepá Õakhëwii. A maloca foi sucessora da maloca dos Aruak, do rio Guainía, da Venezuela.

A maloca da aldeia Cachoeira Acariquara Suhpísapoea, no afluente rio Papuri, foi construída com estrutura de Deus Pedra Ëhtã Õakhë.

Estas malocas dos Tukano foram construídas originalmente com suas pinturas, verdadeiros simbolismos antigos.

Segredos dos Pajés e dos Chefes

A tribo Tukano não emergiu ou surgiu na região do rio Negro. Eles emigraram, vieram com os corpos humanos para Amazônia de outro continente, chamado a Casa de Terra Yepáwii, o mesmo Lago de Leite. Foi a criadora Yepá que criou os Tukano. A criação aconteceu somente uma vez e fez surgir ou emergir nascimentos dos primeiros humanos da Terra. O Lago de Leite era um lugar montanhoso, frio. Observa como, com que materiais a criadora Yepá fez cerimônia e criou os Tukano:

– No Lago de Leite existiam estes materiais para formar gente. Com estes materiais os Tukano foram criados. A Criadora Yepá fumou o tabaco, comeu ipadú, bebeu as bebidas imortais wayuko, cheirou as ervas medicinais paricá, assoprou em cima do banco onde ela sentava. Era o banco de leite, era o futuro para transformar a bacia ou bunda que ia ligar todos os ossos humanos.

– A Criadora segurou a Pedra cristal, assoprou, era o futuro, cabeça ou cérebro.

– Dentro do ventre dela puxou uma Corda de cipó kãradá. Era veia, origem de vida coração alma.

– Existia a Cuia de pedra quartzo branco. Dentro da cuia tinha pedras cristais de várias cores, eram as futuras pernas. Estas pedras eram células que surgiram vidas e reprodução. Naquele tempo, no começo do Mundo, eram diferentes as etapas de vida e organismos.

– Segurou a Lança ritual transformador, fazedor de gentes, era o futuro pênis.

– Do lado dela estavam duas cuias de apito de pedras, que produziam as vozes e língua. Estas cuias tinham luz ou brilhos ouro, lá existiam as bebidas de imortais wayuko, onde estavam as forças e sabedorias vida da Criadora.

– Depois no mesmo instante perto dela, muito rápido em forma de relâmpagos formavam de redemoinhos.

– Todas estas coisas juntas tornaram-se o primeiro homem Tukano Doétiro.

– Depois nasceram outros Tukano.

Como viviam na terra os primeiros Tukano antigos?

Depois que os Tukano foram criados no começo do Mundo, só moravam no mesmo lugar, falavam uma só língua, casavam-se com as mulheres da mesma tribo. Os Tukano trabalhavam para a criadora Yepá, é por isso os Tukano se chamavam Yepá Mahsã, Gente da Terra. Os Tukano depois de criados, não sabiam quem criou a eles, como a Terra foi criada, nem sabiam quem criou a Terra! Os Tukano não conheciam o fogo, comiam as comidas cruas, não tinham as roupas, andavam todos nus. Tinham os cabelos compridos que chegavam nas bundas. Não sabiam plantar nem fazer as roças. Moravam nos buracos nos tempos de chuvas, no tempo de verão dormiam no chão. Quando escondiam dos inimigos moravam nas cavernas. Os Tukano não tinham sementes de mandiocas, nenhum tipo de comidas. Comunicavam-se por meios de gestos, sonhos e visões. Depois de muitas gerações os Tukano foram pedir sementes de mandiocas, ipadú, tabaco e outros para Deus Pedra Ëhtã Õakhë. Pedindo em troca os Tukano deram as filhas virgens para Deus Pedra, para que elas sejam as esposas dele. Era assim a vida dos Tukano mais antigos de todos, que aconteceu na Casa de Leite.

Depois de criados os Tukano nasceram nos buracos da Cachoeira, de um rio de Leite, que ficava perto da Montanha. É por isso que os primeiros da humanidade, no começo do Mundo, se chamavam Gente Pedra, Ëhtã Mahsã ou Pamëri mahsã. Morando na Casa de Terra Yepáwii adoravam a criadora Yepá e seu esposo. Viviam muito tempo na Casa de Terra. Eram chamados Yepá Mahsã, Gente da Terra.

Tukano depois de criados espalharam-se em toda parte da Terra

Os Tukano saíram do Lago de Leite na canoa da Cobra Grande, que é chamada Pãmëri piroYukësë. Assim espalharam-se em toda parte da Terra, migrando como humanos normais. Quando migravam mudando de moradias, construíam as malocas deles. As malocas eram formas da Criadora Yepá e seu esposo. São os Pajés humanos os descendentes da primeira humanidade. Eles que faziam cerimônias rituais de gente emergir e nascerem nos buracos de pedras das Cachoeiras, pãmësé. Assim, os Pajés juntos com os Chefes da tribo Tukano, e outras tribos, repetiam relembrando as cerimônias de origens da humanidade antiga, feita pela Criadora Yepá, na Casa de Terra Yepáwii. Foi assim, os primeiros Pajés da tribo Gente Pedra, ensinaram para os Pajés, que eram os segredos de Pajés, e com os Pajés o Mundo, os Deuses foram descobertos. Sem os Pajés ninguém sabia curar as doenças, nem sabia como Mundo foi criado. Nem sabia quem era a criadora Yepá. É assim a história verdadeira do mito Tukano.

Onde os Tukano passaram e chegaram foram construindo as malocas. Migrando, aprenderam outras culturas diferentes. Veja a realidade como aconteceu com os Tukano.

Várias Tribos Tukano migraram saindo do Lago de Leite. Passaram em quatro lugares primitivos

1ª Maloca – Lago de Leite Õhpekõ Dihtarawii

Primeira Maloca dos Tukano. Era chamada Casa de Terra Yepáwii. Era a Criadora Yepá que comandava a Maloca junto com seu esposo. Era no começo da Criação do Mundo. É nesta história e mito que os pajés e a humanidade de hoje fazem cerimônias antes de construir ou na inauguração da maloca. Morando nesta Maloca somente falavam uma língua. Moravam na mesma Maloca e casavam-se com as mulheres da mesma tribo. Era logo depois da criação da humanidade. Neste lugar é que aconteceu somente uma vez a origem dos Tukano. Assim, os primeiros humanos Tukano eram chamados Yepá Mahsã, significa Gentes da Terra, porque os Tukano trabalhavam, adoravam a Criadora Yepá. A palavra Yepá quer dizer Deusa Terra, na primeira língua antiga dos Aruak, Gente tribo Pedra, a mesma gente Jurupari Miriãpõrã Mahsã.

Atualmente este lugar fica debaixo de nós ou da Terra. Foi castigado, alagado através de feitiços, chuvas de pedras misturadas com água. Surgiu pelas brigas do Deus Trovão contra o Sol. Depois de muitas chuvas tornou-se um lago. Assim, este lugar atualmente está no fundo d'água, é conhecido por Lago de Leite. Este lugar, nós Tukano não sabemos mais localizar porque história é muito antiga. O Lago de Leite é casa de transformação de gentes, ele tem muitos nomes:

Dia Sirokhãwii. Casa Rio Abaixo.

Dia Õhpekõ dihtara. Casa do Lago de Leite.

Dia Õhpekõwii. Casa rio Leite.

Dia wihõwii. Casa rio paricá.

Pamëriwii. Casa de emergir.

Pamëridihtara. Lago de emergir.

Pamëribusawii. Casa emergir de enfeites.

Õhpekõ waí õawii. Casa de Leite ossos de peixes.

Heripõrã duhiriwii. Casa onde senta coração, alma.

Heripõrã dahariwii. Casa onde volta coração e vida. Heripõrã dohkewehtiriwii. Casa onde coração vida escapole, conti nua viver.

No Lago de Leite joga água do rio de Leite. Na beira do Lago tem as montanhas grandes e altas. Esta Casa, quando os Tukano morrem, as almas deles voltam novamente na Casa de origem deles. Depois voltam de novo para a Terra várias vezes, em várias formas, com outras vidas de seres vivos. É por isso que esta Casa é ligada com a maloca dos Tukano que vivem na maloca da Terra.

Os Tukano têm origem, nasceram no Lago de Leite. Depois de lá saíram do Lago de Leite na Canoa de Cobra Grande. Assim se espalharam, migraram para outros lugares da Terra, migrando por via fluvial. Mudando de lugares e moradias. Verifica onde os Tukano passaram, observa esses lugares.

2ª Maloca – Ilha de Gente Pedra Ëhtã Nëhkërõ

Os Tukano, por causa de brigas do Trovão contra o Sol viram que o Trovão foi expulso pela Criadora Yepá. Viram se transformar num Monstro feio e trocaram o mito. Ficaram com a Lua Yepá Õakhë, até hoje. Mudaram de moradias, saíram do Lago de Leite, viajaram com a Canoa de Cobra Grande no mar, chegaram na Segunda moradia. A Maloca tinha estrutura da Criadora Yepá. É a segunda Terra Maloca dos primitivos Tukano, chamava-se Ilha de Gente Pedra Ëhtã Miriãpõrã Nëhkërõ. Atualmente os brancos deram o nome de América Central, é uma Ilha Janaína. Bem perto tinha as ilhas pequenas, nesses lugares moravam muitas outras tribos e outros Deuses. Os Pajés, Chefes é que fizeram cerimônias repetindo, relembrando, imitando as cerimônias da criadora Yepá da Casa de Terra Yepáwii. Depois de fazer cerimônia de emergir origem repetindo os Tukano diziam "é aqui que nós nascemos". Os Tukano moraram nesta Ilha, construíram maloca. A maloca se chamava Maloca de Gente Pedra ou Maloca de Gente Jurupari. Nesta Ilha moravam as mulheres Pajés Femininas, que mandavam nos homens. Os homens viviam como se fossem as mulheres. As mulheres, com violência, obrigavam os homens a ter os filhos. Faziam cerimônias para os homens se tornarem mulheres. Com o passar do tempo os homens tornaram-se femininos ou homosexuais. Vendo isso, o Jurupari, por ordem do Sol, matou todas as mulheres Pajés. E repassou cerimônias para os homens. E proibiu as mulheres para nunca mais participar dos rituais, nem ser mais Pajés Femininas até hoje.

3ª Maloca – Cordilheira dos Andes, Ñamiriwii, Casa da Noite

Da Ilha de Gente Pedra, os Tukano chegaram na Terceira moradia primitiva dos Tukano. Este lugar chamava-se Maloca Casa da Noite, Ñamiriwii. Ficava na Cordilheira dos Andes, ficava na cabeceira do rio Cauca, atualmente chamado Colômbia. Era um lugar de Montanhas altas e era frio. Plantavam bananas, mandiocas, milho, ipadú, tabaco e frutos. Chegando lá, os Tukano Pajés fizeram ritual de emergir Pãmësé, na Cachoeira chamada Wamëpoea. O rio chamava-se Casca de Umari, Wamë kahserima. Morando neste lugar os Tukano faziam as danças adorando a Lua Yepá Õakhë. Quase em todas as noites de Lua cheia, as músicas eram Buá Bahsá. Existia uma tribo chamada Gente Guariba. Esta tribo trabalhava ouro. Tinha outros rios, Casca de Ingá, Ohó kahserima, rio Umari Dia Wamëña, rio Madeira Dia Yuhkëma. É nesses rios, nas Cachoeiras, que os Tukano colocavam armadilhas para pegar os peixes, matapí, Ewá. É deste lugar dos Andes que os Tukano vieram para Amazônia, no Brasil. Os Tukano saíram da Maloca deles, da Casa da Noite. Partindo pelo caminho durante a noite. Depois chegaram na cabeceira do rio Japurá, desceram no rio Japurá, via embarcação chegaram no rio Amazonas, rio Uacayale, e desceram. Subiram no rio Negro. Encontraram os brancos pela primeira vez, foram levados pelos brancos Portugueses, no tempo da Colonização da Amazônia, via embarcação grande, no litoral do Brasil, e chegaram na Baía do Rio de Janeiro, Brasil. Depois estas histórias tornaram-se os Mitos. Assim é que aconteceu a origem dos Tukano. Aplicaram e adaptaram aos novos lugares. Quando fala sobre as malocas os mitos cerimônias revela assim, atualizando o Mito Tukano.

4ª Maloca – Ipanoré Cachoeira, rio Uaupés, Amazonas, Brasil

Da Cordilheira dos Andes os Tukano vieram, foram trazidos pelos brancos Espanhóis, chegaram no rio Solimões e rio Negro, rio Amazonas, litoral do Brasil, sendo levados pelos brancos, e chegaram na baía de Guanabara, Rio de Janeiro, quando o Rio era Capital do Brasil. Depois os Tukano foram trazidos pelos brancos brasileiros, saíram via fluvial com a Canoa Grande. Mas os Mitos secretos dos Pajés, Chefes da tribo Tukano e de outras tribos, ensinam que era uma cobra grande que estava trazendo os primeiros humanos da Terra. Agora verifiquem a seqüência de histórias dos Mitos dos Tukano. Qual é a atual Quarta moradia primitiva dos Tukano, que chegaram com os corpos de humanos que fica em Ipanoré Cachoeira, rio Uaupés? Chegando em Ipanoré Cachoeira, os Pajés, Chefes da tribo fizeram cerimônia de surgimento, emersão, pamësé kihti, repetindo como eles fizeram nos lugares anteriores onde passaram. Fazendo cerimônias rituais de origem os Tukano disseram "é aqui que nós nascemos, nosso mundo é aqui". Depois de lá espalharam para o rio Papuri, rio Tiquiê e outras regiões, e outros rios. Todos os lugares onde os Tukano passaram construíram várias malocas. Assim que os Tukano chegaram no rio Negro encontraram muitas tribos, que surgiram, emergiram lá mesmo. São os primeiros antigos moradores da região, especialmente grupo Aruak e outros. Não era só os Tukano que viajavam, imigravam, mas muitas outras tribos também. Muitas histórias vão ser explicadas, é assim. Terminaram esclarecendo o Mito Tukano. Assim é melhor para entender o Mito, é para facilitar para iniciados Tukano, para não confundirem.

Os Aruak são tribo Gente Pedra Ëhtã Mahsã, a mesma Gente Jurupari ou, na língua Tukano, Miriã porá Mahsã. É por isso que as músicas Tukano e outras tribos vizinhas, ou melhor, a religião dos índios do rio Negro, adoram, centralizam o culto ao Deus Jurupari. Todos os anos os Pajés, Chefes, Cantores, faziam sexo sagrado em público, no meio das malocas, em nome do Deus Jurupari, amo-ñoasé, que são as festas tradicionais antigas. Relembrando ou atualizando, renovando os mitos, rituais e cerimônias. Os cantores Bayaroa manifestavam melhores rituais, dançavam com as mulheres virgens. Usavam as máscaras de Jurupari. E tocavam as músicas de Jurupari, com as flautas de paxiúbas. Jurupari era o pai criador dos Baniwa, eram ligados por muitas tribos.

Somente os velhos Cantores entendiam as músicas. Por exemplo, as músicas no título chamado Kaapi waya Yá, yá, yá, yá, E yá, yá, periku êê perikuê, cantando assim. Logo no início os cantores ficam em pé, ficam em roda ou em fila, no começo faz o assobio, em seguida, toca o bastão de ritmo Ãhuawë, as várias canções dos velhos bayaroá Tukano. A dança, o convite sexual, com instrumento lança ritual Yaigë, acompanha a cuia de maracá Ñahsãgã. Esta canção, ela é uma das melhores canções. Veja esta canção e outras canções. Por exemplo canções da Lua Cheia, são cantadas na primeira Lua do Mês de verão, que é a entrada de verão: Canção de Lua Cheia, Buá bahsá. Canção dos peixes, Waí bahsá. Canção cair das folhas inajás, Ihkí puri bërësé bahsá. Todas estas canções eram cantadas na língua de Jurupari, ou mesmo Aruak.

Os Tukano também usam os enfeites característicos dos Aruak. E também as pinturas, as pedras preciosas, ouro, prata, pedra machado, bordunas, tambor trocano, lanças rituais, escudos, histórias, cerimônias, os sons de musicas, cerâmica, mitos, ritos, religião e cura.

É por isso que os músicos dos Tukano e outras tribos vizinhas cantam, vestem e pintam características Aruak. E também a religião dos indígenas do rio Negro é religião ligada aos Aruak. Como quando fazem ou faziam as provas de iniciação para gerar os novos pajés, quando havia o casamento dos pajés e dos chefes, quando nasciam os primogênitos dos chefes, numa espécie de 'batismo'. Havia também o ritual público do sexo sagrado, em nome dos Deuses, que se dava no meio da maloca. Havia também sacrifícios em nome dos Deuses. E quando morriam chefes e pajés havia danças e choros funerários. Rituais de adoração aos Deuses, curavam doenças incuráveis, doenças do físico e espirituais. E nas festas de Dabacuri os homens dançavam com suas esposas, filhas, cunhadas e primas, oferecendo os melhores frutos graúdos durante as festas

Diálogo sobre a Maloca

Onde, quando, quem vai construir a maloca? Atualmente não existem mais as malocas. Tanto nas aldeias indígenas, como nos municípios, nas cidades grandes ou nas capitais. Apenas sabemos as histórias das malocas. As malocas que fazem hoje não são mais como eram antigamente. Não sabemos mais as cerimônias, os rituais, as ervas medicinais, religião, rituais que serviam para consagrar e inaugurar as novas malocas. Os nossos mestres sábios, os pajés, os chefes tradicionais já morreram todos. Hoje só existem as histórias das malocas e os Tukano modernos e democráticos dirigindo as organizações. Comunidades indígenas democráticas, fazendo mais eleições, eleições, eleições, só se preocupam com as eleições. É assim o nosso mundo atual. Não estamos mais gerando os novos pajés, não existem as mulheres indígenas parteiras.

O governo brasileiro criou a educação indígena, mas só ensinam como na cultura dos brancos. Assim, as escolas indígenas formam indígenas como brancos, que depois só dão aulas sobre as culturas dos brancos. Estamos praticando os rituais do calendário solar, cumprindo rituais da Igreja Católica. Os rituais dos indígenas andam esquecidos. A educação indígena nas escolas indígenas deve ensinar a sabedoria indígena, ter ou elaborar, por exemplo, o calendário indígena, fazer os rituais indígenas.

A tecnologia antiga de construir as malocas era uma arte. A estrutura das malocas antigas era sempre construída a partir das formas dos esqueletos ou corpos dos principais Deuses.

Apesar de existirem malocas diferentes, todas as malocas tinham os desenhos de símbolos antigos, ilustrações de Deuses e animais. As figuras dos Deuses eram desenhadas, pintadas ou esculpidas na madeira dos esteios principais. A pintura era feita com uma arte colorida, como se faz também no trançado da palha de arumã. A ornamentação era feita em grafismos nos cipós, amarrados com tucum torcido em vertical, com as folhas de palmeiras. O desenho poderia ser de formas variadas no comprimento, largura ou na qualidade. Tanto os esteios, como as paredes, quanto o artesanato eram enfeitados desta forma.

Ao se usar uma plumária em algum ritual, as penas eram tiradas dos pássaros vivos, nunca tiradas de penas dos pássaros mortos. Os pajés eram conhecedores das técnicas do artesanato, inclusive da plumária.

Na maloca deve haver armas, lanças rituais, escudos, bancos, cerâmicas, arcos e flechas envenenadas com curare. Era responsabilidade do pajé saber lidar com estes objetos. Cabia a ele colocar feitiços espirituais nas armas, nas bordunas e na medicina que se levava para as guerras. O trabalho espiritual era feito em vários rituais dentro da maloca. Por exemplo:

– Ritual de tabaco, chamado Kumuari bahseró, é feito para gerar os novos iniciados ou curandeiros de doenças.

– Ritual de Casamento, ritual de batismo, ritual de funerárias.

– Ritual de oferecimento de frutos e peixes.

– Ritual de Formação de novos Pajés, ritual sexo sagrado em público.

Outro elemento essencial dentro da maloca era o fogo. A arte de fazer fogo natural é uma das melhores. Faz-se batendo duas pedras em cima de farelos de algodão e, quando o fogo pega, coloca-se a tocha em potes de barro. A luz do fogo é o símbolo da presença do Deus Pedra.

Grupos hierárquicos diferentes possuíam malocas diferentes. A maloca principal, dos chefes das tribos, é ligada diretamente à Casa do Céu Ëmenësewii. Essas malocas eram ligadas ao céu nos quatro pontos cardeais, que são as montanhas e que também significam os esteios que sustentam a Terra. A maloca tradicional dos Tukano era a maloca da Lua Yepà Öakhë. A maloca do Lago de Leite, chamada Ôhpekôwii, era a Maloca das Mulheres Pajés femininas, ficava no Lago de Leite. A construção dela tinha na sua estrutura o simbolismo da Deusa criadora Yepá. Sua porta de entrada tinha a forma da vagina Nihisãma da criadora, e os lados eram na forma de suas lindas coxas, seios, nádegas, cabeça, cabelos, seu corpo por completo. A viga principal, mais linda maloca da Terra, atualmente ela está dentro d'água do Lago de Leite. Tinha a forma da espinha da Criadora. Assim acreditamos, hoje em dia quem morar na maloca é morar dentro no corpo da Criadora ou Criador, como é cantado nas melodias e poemas antigos. Veja, acompanhe:

Você a Criadora Yepá, seu corpo é tão macio. Minha Deusa, minha mulher, deixa eu deitar por cima de você.

Vamos dormir nós dois juntos dentro desta maloca. O prazer é tudo meu.

Você é gostosa como medicinas paricá, tabaco, ipadú.

Vamos gozar! Os gostos são origens de vidas, vamos divertir, vamos dançar, vamos cantar, vamos beber hoje.

Criadora você está me pondo louco, vamos agora, não agüento mais.

Quero morrer de prazer, estou louco por ti minha Deusa Yepá.

Criadora você é tão linda, e por isso eu adoro, gosto de você.

Os chefes e pajés vêem o Mundo em conexão com os deuses antepassados. Quando usam as ervas medicinais, o paricá, a Ayawasca, o tabaco, e o ipadú, eles têm suas visões que os libertam para ver estes antepassados que protegem este mundo, que protegem a Maloca, que também é o Mundo. E assim, eles também têm poder para fazer as curas.

Porque alguns chefes moram na maloca da Lua, atualmente o pai criador dos Tukano é a Lua. Abandonaram seus primeiros Deuses, a Criadora Yepá e seu esposo, o primeiro Avô do Mundo. É por isso esta diferença hierárquica. Normalmente o Deus de Pedra era o primeiro Deus que é o primeiro Avô do Mundo. Aí os Pajés entre eles resolvem, escolhem que tipo, ou simbolismo, significados que eles pensam para construir as malocas. É aí que está o segredo dos Pajés e dos Chefes. Uma decisão final, a escolha é de pajés, outra é de Chefes. Os chefes gostam de construir a maloca ligada ao culto Deus de Pedra Ëhtã ôakhë. Esta é a diferença muito grande, a estrutura das construções, das qualidades e tipos de malocas.

As Mulheres foram proibidas de participar de Rituais

Em outro tempo estes eram os nomes das mulheres guerreiras, heroínas antepassadas, algumas eram Pajés femininas. Mas o Jurupari, por ordem do Sol, Basebô, Õakhë, matou todas e tomou todos os poderes delas, e proibiu que elas participassem dos rituais, isso até hoje. Isto porque elas mandavam nos homens, e ainda fizeram com que os homens se tornassem homossexuais. Foi assim que, vendo isso, o Sol, Basebô, Õakhë, os três juntos acabaram com as mulheres no alto rio Negro. Mas isto foi em outro tempo. Atualmente, são usados apenas oito nomes de cerimônias de mulheres: Duhigo, Uepário, Yapahko, Yúsio, Piro duhio, Dëhpoti, Diatho e Ñigõ.

A maloca não pode ser construída escondido

É importante saber que na cultura Tukano somente um chefe de um grupo da tribo, juntamente com os pajés, é que podem consagrar, autorizar, legalizar e reconhecer a existência, a construção de uma maloca. Não se pode construí-la escondido. Se construir a maloca escondido não vale, durante a consagração, a inauguração da maloca. Porque os rituais cerimoniais são assoprados da ligação. Do umbigo do dono da maloca, para a maloca da Lua, que é o pai criador dos Tukano. Isso se construir na estrutura, arquitetura, do esqueleto do Deus Lua. Na mitologia ou cultura Tukano todas as sabedorias, a maior parte veio de outros Mundos. Foi um só criador que transmitiu conhecimentos rituais. Mesmo se separar ou formar um grupo Tukano, ou brigar, se construir a maloca, as cerimônias são fixas, elas não mudam. Os lugares sagrados de origem dos Tukano são as mesmas histórias e mitos. Muitos Pajés brigando com os Chefes, eles construíam as malocas separadas, construíam de maneira inventada por eles, mas não eram respeitados por outras tribos. Os Pajés Chefes de outras tribos não valorizavam se construíssem escondidos, eles matavam através de feitiços.

Recebido para publicação em setembro de 2006.

Aprovado para publicação em setembro de 2007.

Nota do editor:

Sully Sampaio fez a leitura e revisão técnica dos originais. Optamos por manter a redação característica do autor, limitando-nos à correção da grafia e à padronização dos nomes próprios.

Os desenhos que ilustram o texto são do próprio Gabriel Gentil. Juntamente com outros, não aproveitados, acham-se em poder de Ney Andrade, assessor de Comunicação do Centro de Pesquisa Leônidas e Maria Deane. Não estão legendados, nem contêm qualquer indicação sobre as passagens do texto a que estariam associados. Assim, a inserção das imagens foi feita pelos editores da revista, com base em simples bom senso, que pode, é claro, não corresponder às intenções originais do autor.

Referências bibliográficas

  • Amorin, Antonio Brandão de 2007 Lendas em Nheengatu e Português Manaus: Fundo Editorial – ACA.
  • Hugh-Jones, Christine 1979 From the Milk River: spatial and temporal processes in Northwest Amazonia. Cambridge: Cambridge University Press.
  • Hugh-Jones, Stephen 1979 From the Milk River: the palm and the pleiades. Cambridge: Cambridge University Press.
  • Jackson, Jean 1983 The Fish People: linguistic exogamy and Tukanoan identity in Northwest Amazonia. Cambridge: Cambridge University Press.
  • Lasmar, Cristiane 2005 De volta ao Lago do Leite: gênero e transformação no alto rio Negro. São Paulo: Ed.Unesp; ISA.
  • Neves, Eduardo Góes 1998 Path in the dark waters: archeology as indigenuos history in the upper rio Negro basin, Northwest Amazon. Thesis (PhD) – Department of Anthropology, Indiana University.
  • Ramirez, Henri 2001 Línguas Arauak da Amazônia setentrional: comparação e descrição. Manaus: Edua.
  • Sorensen, Arthur P., Jr. 1967 Multilingualism in the Northwest Amazon. American Anthropologist, Irvine, n.69, p.670-684.
  • Stenzel, Kristine 2005 Multilingualism in the Northwest Amazon, revisited. In: Memórias del Congreso de Idiomas Indígenas de Latinoamérica Austin: University of Texas.
  • Wright, Robin M. 2005 História indígena e do indigenismo no alto rio Negro. Campinas: Mercado das Letras.
  • Bahsariwii – a Casa de Danças
    Bahsariwii – House of Dances
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      15 Fev 2008
    • Data do Fascículo
      Dez 2007
    location_on
    Casa de Oswaldo Cruz, Fundação Oswaldo Cruz Av. Brasil, 4365, 21040-900 , Tel: +55 (21) 3865-2208/2195/2196 - Rio de Janeiro - RJ - Brazil
    E-mail: hscience@fiocruz.br
    rss_feed Acompanhe os números deste periódico no seu leitor de RSS
    Acessibilidade / Reportar erro