RESUMO:
O texto parte de uma pesquisa sobre a história do dispositivo da menoridade no Brasil, isto é, a rede de saberes e poderes que articulou instituições, profissões, discursos, leis e práticas educativas variadas para fabricar a diferença entre a criança e o menor a partir da Primeira República (1889-1930). Mobiliza-se mais detidamente para este texto a obra “A criança problema” (1939) de Arthur Ramos para fazer ver e dar a ler os modos de constituição do saber sobre a criança “desajustada” ou em situação psíquica e social que a levaria a praticar atos infracionais como roubo. A partir das ferramentas teórico-metodológicas da genealogia do poder e da arqueologia do saber de Michel Foucault, problematiza-se uma série de casos clínicos registrados em diferentes fichas provenientes dos arquivos do Serviço de Ortofrenia e Higiene Mental (SOHM), no Rio de Janeiro, e as insidiosas articulações entre Educação e Psicanálise e seus modos de constituir saberes e exercer poderes sobre os corpos infantis.
Palavras-chave:
história da educação; Arthur Ramos; educação e psicanálise; criança problema; infância