Resumo
Atualmente discursos sobre temas como “marxismo cultural” e “globalismo” colocaram a questão das teorias da conspiração na ordem do dia. Os evidentes impactos políticos das teorias da conspiração na atualidade trazem à tona a necessidade de que elas sejam estudadas a sério. O objetivo deste artigo é analisar o funcionamento de uma teoria da conspiração num contexto político específico, o da Guerra Fria e da Ditadura Militar no Brasil nos anos 1970. Nesta análise, busca-se compreender as estratégias narrativas e retóricas que deram à teoria da conspiração do livro Os subversivos, de Bernard Hutton, um certo poder de convencimento. Sobretudo, o uso do discurso factual, o apelo a supostos documentos secretos e o recurso a uma linguagem melodramática. Procura-se, ainda, entender como um discurso como o aqui analisado teve efeitos na realidade, seja em termos práticos quanto à lógica repressiva da Ditadura, seja quanto à orientação de agentes e funcionários dos serviços de inteligência, a quem o livro de Hutton foi indicado como uma espécie de livro didático.
Palavras-chave:
Ditadura Militar; Guerra Fria; teoria da conspiração