Resumo
Guerras são vistas, de forma generalizada, como espaços masculinos de atuação, o que silencia a presença e a atuação de milhares de mulheres que se envolvem direta ou indiretamente em conflitos armados. O objetivo deste artigo é explorar as memórias sobre a presença e a atuação das mulheres na Guerra de Independência de Moçambique, por intermédio das biografias, autobiografias e histórias de vida daqueles que lutaram e que se tornaram presidentes do país, além da biografia de Josina Muthemba Machel, personagem elevada à condição de ícone da mulher moçambicana ainda no período de guerra. A metodologia parte da leitura de pesquisadores da História Oral que discutem a produção e a análise da memória. As análises permitem observar a reafirmação de perspectivas masculinas sobre a guerra e a reprodução de estereótipos de inferiorização do papel da mulher soldado, que reforçam discursivamente a exemplaridade de Josina Machel, pois esvaziam a participação feminina efetiva e o protagonismo das mulheres em diferentes frentes de atuação.
Palavras-chave:
escritas de si; Moçambique; mulheres; Josina Machel