Apesar de êxitos indisputáveis, o Estado de Israel enfrenta problemas estruturais decorrentes do conflito com o mundo árabe. O texto analisa cinco vulnerabilidades subestimadas: (1) demografia: o crescimento dos ultraortodoxos e dos árabes israelenses, ambos antissionistas, que arrisca tornar minoria os judeus sionistas; (2) estratégia: novas formas de resistência usadas pelos árabes, tanto militares, como os mísseis, quanto pacíficas, como a resistência não violenta, estão progressivamente se tornando contraproducentes à ocupação israelense de territórios inimigos; (3) regional: a Primavera Árabe, apesar dos fracassos, é uma etapa na democratização e modernização das sociedades árabes que acabará erodindo a vantagem qualitativa-educacional israelense; (4) internacional: Israel depende, militar e economicamente, do apoio ocidental, mas, movidos por seus próprios desenvolvimentos demográficos e culturais, os europeus se mostram cada vez mais indiferentes ou hostis a Israel; e até nos EUA, último reduto de simpatia pró-israelense, a identificação com o Estado judaico pode se tornar mais frágil; (5) mundo judaico: devido à orientação cada vez mais particularista de Israel, há, em vez de legitimação recíproca, ameaça de alienação entre as diásporas judaicas e Israel. O artigo conclui que, a termo, as custas políticas, militares e socioculturais que a beligerância permanente impõe a Israel podem constituir um risco existencial para este país. Eventualmente, os dilemas podem se tornar perigosos para sua sobrevivência como Estado judaico.
Israel; Palestina; segurança; demografia; crítica internacional; resolução de conflitos; sionismo