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Flora da Paraíba, Brasil: Krameriaceae

Flora of Paraíba, Brazil: Krameriaceae

RESUMO

Visando conhecer a diversidade taxonômica associada às Krameriaceae, este trabalho compreende o levantamento desta família para o Estado da Paraíba, Brasil, apresentando o panorama sobre a diversidade e distribuição de suas espécies. Na área de estudo, a família encontra-se representada por duas espécies: Krameria grandiflora A.St.-Hil. e K. tomentosa A.St.-Hil. São apresentadas chave de identificação, descrições morfológicas, dados de distribuição geográfica, floração e frutificação, imagens, estampas em nanquim e comentários sobre as afinidades taxonômicas das espécies.

Palavras-chave:
conservação; diversidade; taxonomia; Zygophyllales

ABSTRACT

Aiming to understanding the taxonomic diversity associated to the Krameriaceae, this study comprises a survey of this family for the state of Paraíba, Brazil, presenting an overview of the diversity and distribution of its species. In the study area, the family is represented by two species: Krameria grandiflora A.St.-Hil. and K. tomentosa A.St.-Hil. Identification key, morphological descriptions, geographic distribution, flowering and fruiting data, imagens, ink prints and comments on the taxonomic affinities of the species are presented.

Keywords:
conservation; diversity; taxonomy; Zygophyllales

Introdução

Atualmente, Krameriaceae Dumort. encontra-se enquadrada em Zygophyllales (APG IV 2016). Esta família é considerada monofilética e inclui apenas um gênero, Krameria Löefl., que reúne 17 espécies. Apresenta distribuição neotropical, com algumas espécies ocorrendo nas regiões temperadas das Américas do Norte e do Sul e suas representantes se estabelecem em ambientes abertos, incluindo desde zonas áridas a savanas tropicais (Simpson 1989Simpson, B. B. Krameriaceae. 1989. Flora Neotropica Monograph, vol. 49. The New York Botanical Garden, New York.).

No Brasil, Krameriaceae encontra-se representada por cinco espécies, estando associada aos domínios fitogeográficos da Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pampa e Pantanal, em todas as regiões (Costa-Lima 2023Costa-Lima, J. L. 2023. Krameriaceae. In: Flora e Funga do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em https://floradobrasil.jbrj.gov.br/FB140 (acesso em 6-IX-2023).
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).

De modo geral, estudos enfocando a taxonomia de Krameriaceae são escassos no território brasileiro, consistindo no tratamento realizado por Bennett (1874)Bennett, A. G. 1874. Polygalaceae-Krameriaceae. In: C. F. P. von Martius, A. W. Eichler & I. Urban (eds.). Flora Brasiliensis. München, Wien, Leipzig, v. 5, pp. 69-73., na Flora Brasiliensis, além das espécies mencionadas por De Candolle (1824)De Candolle, A. 1824. Krameria. Prodromus Naturalis Systematis Regni Vegetabilis. Treuttel et Würtz, Parisiis [Paris], v. 1, pp. 341-342., e mais recentemente, o estudo de Costa-Lima (2023)Costa-Lima, J. L. 2023. Krameriaceae. In: Flora e Funga do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em https://floradobrasil.jbrj.gov.br/FB140 (acesso em 6-IX-2023).
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, para a Flora e Funga do Brasil. Para a região Nordeste foram, até então, oferecidos os trabalhos de Fernandes et al. (2014)Fernandes, M., Giulietti, A. M., Oliveira, R. P., Lima, C. T. 2014. Flora da Bahia: Krameriaceae. Sitientibus, Série Ciências Biológicas 14: 1-6. e Capistrano & Loiola (2015)Capistrano, S. H. B., Loiola, M. I. B. 2015. Flora do Ceará, Brasil: Krameriaceae. Rodriguésia 66: 905-912., para os estados da Bahia e Pernambuco, respectivamente.

Considerando a lacuna no conhecimento sobre a diversidade taxonômica e a distribuição geográfica de Krameriaceae, em especial, no setor ao Norte do rio São Francisco, o presente trabalho tem por objetivo apresentar o levantamento florístico-taxonômico desta família para o Estado da Paraíba, Nordeste brasileiro.

Material e métodos

Para as análises morfológicas comparativas utilizou-se microscópio estereoscópico e a literatura especializada. Foram adotados os estudos de Simpson (1989)Simpson, B. B. Krameriaceae. 1989. Flora Neotropica Monograph, vol. 49. The New York Botanical Garden, New York. e Costa-Lima (2023)Costa-Lima, J. L. 2023. Krameriaceae. In: Flora e Funga do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em https://floradobrasil.jbrj.gov.br/FB140 (acesso em 6-IX-2023).
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, além de consultas às listas de espécies elaboradas por Simpson (2010Simpson, B. B. 2010. Krameriaceae. In: Forzza, R. C., Baumgratz, J. F. A., Bicudo, C. E. M., Carvalho-JR., A. A., Costa, A., Costa, D. P., Hopkins, M., Leitman, P. M., Lohmann, L. G., Maia, L. C., Martinelli, G., Menezes, M., Morim, M. P., Coelho, M. A. N., Peixoto, A. L., Pirani, J. R., Prado, J., Queiroz, L. Q., Souza, V. C., Stehmann, J. R., Sylvestre, L. S., Walter, B. M. T. & Zappi, D. C. (eds.). Catálogo de Plantas e Fungos do Brasil. Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, vol. 1, pp. 821-822., 2015Simpson, B. B. 2015. Krameriaceae. In: Lista de Espécies da Flora do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro. Disponível em http://floradobrasil.jbrj.gov.br/jabot/floradobrasil/FB140 (acesso em 5-IX-2023).
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). Foram consultados os acervos dos principais herbários da Paraíba (CSTR, EAN, HACAM e JPB) e Pernambuco (IPA) e as plataformas Herbário Virtual da Flora do Brasil (REFLORA) e SpeciesLink, os quais proporcionaram a análise de espécimes obtidos no Brasil e exterior.

As descrições taxonômicas foram apoiadas nos descritores morfológicos recomendados por Radford et al. (1974)Radford, A. E., Dickison, W. C., Massey, J. R., Bell, C. R. 1974. Vascular Plant Systematics. Harper Collins, New York. e Harris & Harris (2001)Harris, J. G., Harris, M. W. 2001. Plant Identification Terminology: An Illustrated Glossary. 2nd. ed. Spring Lake, Utah.. O tratamento taxonômico inclui: 1) chave para a identificação das espécies; 2) descrições morfológicas detalhadas; 3) relação de material examinado; 4) dados de distribuição geográfica, habitats e de fenologia reprodutiva (floração e ou frutificação); 5) notas sobre as afinidades taxonômicas das espécies baseadas em caracteres morfológicos vegetativos, florais e carpológicos; 6) imagens das espécies obtidas em campo e em herbário e estampas em nanquim. O mapa de distribuição geográfica das espécies baseou-se nas Regiões Intermediárias do Estado da Paraíba (IBGE 2017IBGE-Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. 2017. Regiões Geográficas do Estado da Paraíba. In: Divisão Regional do Brasil em Regiões Geográficas Imediatas e Regiões Geográficas Intermediárias. Rio de Janeiro, IBGE.).

Resultados e Discussão

Tratamento taxonômico

Krameria Löefl., Iter Hispanicum 195-196, 176, 231. 1758.

Arbustos, subarbustos ou ervas perenes, ramos cilíndricos; plantas bissexuais. Folhas alternas simples ou raramente trifolioladas, lineares, lanceoladas, oblanceoladas ou ovadas, ápice mucronado, inteiras; sésseis ou pecioladas. Flores zigomorfas, solitárias nas axilas das folhas ou dispostas em racemos terminais ou laterais, o pedúnculo e o pedicelo separados entre si por um par de bractéolas; sépalas 4-5 indumentadas na face abaxial; pétalas 4-5, dimorfas, 2 modificadas em glândulas circundando o ovário e 2-3 petaloides, diminutas, formando um estandarte acima do ovário; estames 3-4, isodínamos ou didínamos, filetes enrijecidos, livres ou conatos basalmente, anteras deiscentes por poros apicais; ovário súpero, ovoide, indumentado, estilete enrijecido, arqueado, glabro, com um carpelo por supressão do segundo, óvulos-2, apicais. Fruto núcula, de configuração globosa ou cordiforme, equinado, semente-1; semente globosa, sem endosperma.

Historicamente, Krameria tem apresentado posicionamento controverso, estando associado ora a Polygalaceae ora a Zygophyllaceae e também em Fabaceae, o que se deve, principalmente, à sua morfologia floral, assemelhada à das famílias suprareferidas (Simpson et al. 2004Simpson, B. B., Weeks, A., Helfgott, D. M., Larkin, L. L. 2004. Species relationships in Krameria (Krameriaceae) based on ITS sequences and morphology: Implications for character utility and biogeography. Systematic Botany 29: 97-108.). Estudos recentes baseados em dados moleculares evidenciaram, que, Krameria pertence à família Krameriaceae com base, especialmente, na presença de duas pétalas petaloides secretoras de óleo (Simpson et al. 2004Simpson, B. B., Weeks, A., Helfgott, D. M., Larkin, L. L. 2004. Species relationships in Krameria (Krameriaceae) based on ITS sequences and morphology: Implications for character utility and biogeography. Systematic Botany 29: 97-108.). De acordo com o APG (Angiosperm Phylogeny Group) IV (2016Angiosperm Phylogeny Group. An update of the Angiosperm Phylogeny Group classification for the orders and families of flowering plants: APG IV. 2016. Botanical Journal of the Linnean Society 181: 1-206.), Krameriaceae encontra-se posicionada na ordem Zygophyllales juntamente a Zygophyllaceae.

Na Paraíba, Krameriaceae está representada por duas espécies: Krameria grandiflora A.St.-Hil. e K. tomentosa A.St.-Hil., associadas predominantemente a solos arenosos em praticamente todo o seu território.

Chave para as espécies de Krameriaceae registradas no Estado da Paraíba

  • 1. Plantas hemiparasitas; ramos tomentosos; bractéolas-2; corola vinácea; frutos densamente gloquideados no ápice com espinhos alongados, avermelhados ..............................................................................................1. Krameria tomentosa

  • 1. Plantas autotróficas; ramos seríceos a vilosos; bractéolas-3; corola rosa; frutos esparsamente equinados, com espinhos curtos, esverdeados ................................................................................................................2. Krameria grandiflora

  • 1. Krameria grandiflora A.St.-Hil., Ann. Soc. Sci. Orléans 9: 18. 1828.

Figuras 1 a-e, 2 a-c

Figura 1
a-e: Krameria grandiflora. a. ramo florífero. b. flor. c. fruto. d. espinho. e. ramo frutífero. f-h: Krameria tomentosa. f. ramo reprodutivo, apresentando flores e frutos. g. flor. h. flor em vista lateral. (Ilustrações: J. Fidelis).
Figure 1
a-e: Krameria grandiflora. a. floriferous branch. b. flower. c. fruit. d. thorn. e. fruitful branch. f-h: Krameria tomentosa. f. reproductive branch, presenting flowers and fruits. g. flower. h. flower in side view. (Illustrations: J. Fidelis).

Figura 2
a-c: Krameria grandiflora. a. inflorescência. b. flor. c. frutos. d-f: Krameria tomentosa. d. ramo reprodutivo. e. flor. f. frutos (Fotografias. a, b: L. Kaminski; d, e: M.G.M. Gonçalves; c: H.P. Bautista 808; f: V. Rebouças).
Figure 2
a-c: Krameria grandiflora. a. inflorescence. b. flower. c. fruits. d-f: Krameria tomentosa. d. reproductive branch. e. flower. f. fruits (Photos. a, b: L. Kaminski; c, d: M.G.M. Gonçalves; e: H.P.B. Bautista 808; f: V. Rebouças).

Ervas, prostradas ou subarbustos, até 1 m alt.; autotróficas; ramos reptantes, pouco difusos, seríceos a vilosos. Folhas simples; lâmina 8-19 mm × 3-5 mm, lanceolada a ovada, ápice acuminado, base atenuada, nervuras pouco ou não visíveis na face abaxial, estrigosa, pecioladas; pecíolo 1-4 mm compr. Inflorescência 50-110 mm compr., racemosa. Flores 1,5-3 mm compr. × 1 mm diâm., bractéolas-3, lanceoladas, pediceladas; pedicelo 5-9 mm compr.; sépalas superiores 7 mm compr. × 5 mm larg., sépalas inferiores 7,5 mm compr. × 5,5 mm larg.; corola rosa, pétalas estreito-lanceoladas, conatas, glandulares 2-4 mm compr., ápice agudo, estames 4, didínamos; ovário tomentoso. Fruto 3-5 mm compr., cordiforme a globoso, verde-claro, espinhos esparsos, curtos, esverdeados, com tricomas velutinos recobrindo ca. 2/3 da superfície, gloquídeos presentes. Sementes ovoides.

Krameria grandiflora está amplamente distribuída na América do Sul, no Brasil e Paraguai, em solos arenosos (Simpson 1989Simpson, B. B. Krameriaceae. 1989. Flora Neotropica Monograph, vol. 49. The New York Botanical Garden, New York.). No Brasil, ocorre nos domínios fitogeográficos da Caatinga, Cerrado e Mata Atlântica, nas regiões Norte (PA, TO), Nordeste (BA, CE, MA, PB, PI, RN), Centro-Oeste (GO, MS, MT e no Distrito Federal), Sudeste (ES, MG) e Sul (RS) (Costa-Lima 2023Costa-Lima, J. L. 2023. Krameriaceae. In: Flora e Funga do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em https://floradobrasil.jbrj.gov.br/FB140 (acesso em 6-IX-2023).
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). Na Paraíba, foi registrada exclusivamente na Região Intermediária de Sousa (figura 3). Encontrada florida e frutificada em março, maio e em novembro. Krameria grandiflora distingue-se de K. tomentosa, espécie congênere encontrada na área de estudo, principalmente, por ser uma espécie autotrófica bem como por apresentar ramos seríceos a vilosos, bractéolas-3, corola rosa e frutos esparsamente equinados, com espinhos curtos, esverdeados.

Figura 3
Distribuição geográfica das espécies de Krameria (Krameriaceae) na área de estudo, Estado da Paraíba, Brasil.
Figure 3
Geographic distribution of Krameria species (Krameriaceae) in the study area, Paraíba State, Brazil.

Material examinado selecionado: BRASIL. PARAíBA: Patos, próximo ao Espinho Branco, V-2017, fl., fr., E.M.P. Fernando 502 (CSTR); Santa Teresinha, Fazenda Tamanduá, XI.-2011, fl., fr., F. Zanella & R. Guedes s.n. (EAC57100); Sousa, São Gonçalo, Várzea, III-1936, fl., fr., P. Luetzelburg 26862A (EAC37587, NYbarcode00884824); Ibidem, São Gonçalo, III-1936, fl., fr., P. Luetzelburg 26862 (EAC37589, IPA23256, NYBGbarcode00884825, USbarcode00389571).

Material adicional examinado: BRASIL. BAHIA: Camaçari, BA-099 (estrada do côco), entre Arembepe e Monte Gordo, 12º44S, 38º09”W, VII.1983, fl., fr., H.P. Bautista 808 (HRB13208).

2. Krameria tomentosa A.St.-Hil., Ann. Soc. Sci. Orléans 9: 18. 1828.

Figuras 1 f-h, 2 d-f

Arbustos, eretos, 1,5-2 m alt.; hemiparasitas; ramos tomentosos. Folhas simples; lâmina 15-27 mm × 7-14 mm, lanceolada a oblonga, ápice acuminado, tomentosa em ambas as faces, base atenuada, nervuras pouco evidentes na face abaxial, pecioladas; pecíolo ca. 5 mm compr. Inflorescência 10-35 mm cowmpr., racemosa. Flores 8 mm compr. × 5 mm diâm., pediceladas, bractéolas-2, na base do pedicelo estas lineares; pedicelo 3-4 mm compr.; sépalas superiores 2-6 mm compr. × 3-4 mm diâm., sépalas inferiores 3 mm compr. × 1,5 mm diâm.; corola vinácea, pétalas 3-5 mm compr. × 1 mm diâm., reduzidas, oblanceoladas, ápice agudo; estames 4, didínamos; ovário tomentoso. Fruto 5-8 mm compr., globoso, espinhos esparsos, avermelhados, densamente gloquideados no ápice, com espinhos alongados, avermelhados. Sementes esféricas a ovoides.

Encontrada principalmente em áreas arenosas e dunas litorâneas no Leste brasileiro, do estado do Amazonas até Minas Gerais, e na Bolívia (Simpson 1989Simpson, B. B. Krameriaceae. 1989. Flora Neotropica Monograph, vol. 49. The New York Botanical Garden, New York.). No Brasil, ocorre nos domínios fitogeográficos da Amazônia, Caatinga, Cerrado e Mata Atlântica, nas regiões Norte (AM, PA, RO, TO), Nordeste (AL, BA, CE, MA, PE, PB, PI, RN, SE), Centro-Oeste (GO, MS, MT e no Distrito Federal) e Sudeste (MG) (Costa-Lima 2023Costa-Lima, J. L. 2023. Krameriaceae. In: Flora e Funga do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em https://floradobrasil.jbrj.gov.br/FB140 (acesso em 6-IX-2023).
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). Na Paraíba, foi registrada nas Regiões Intermediárias de João Pessoa e de Sousa-Cajazeiras (figura 3). Encontrada florida e frutificada durante o ano inteiro. Krameria tomentosa pode ser distinguida de K. grandiflora, espécie congênere encontrada na área de estudo, especialmente, pelo hábito hemiparasítico associado aos ramos tomentosos, bractéolas-2, corola vinácea e pelos frutos densamente gloquideados no ápice com espinhos alongados, avermelhados.

Material examinado selecionado: BRASIL. PARAíBA: Em taboleiros (regiões planas, arenosas e xerofíticas) do litoral, IV-1959, bot. fl., fl., J.C. Moraes 2065 (NYbarcode00884823, Pbarcode03165784, USbarcode00389639); Aguiar, Serra do Sítio Tapuio, 07º02’20.63”S, 38º08’37.15”W, VII-2015, fl., D.P. Souza & J.R. Silva 137 (HVASF); Alhandra, Fazenda Itapembú, XI-1971, fl., fr., R.C.P. Carvalheira s.n. (JPB3091); Ibidem, IX-1954, fl., J. Falcão et al. 1108 (RB, NYbarcode00393611, US); Cabedelo, Mata da Amém, XI-1999, fl., fr., A.F. Pontes & T. Grisi 290 (JPB); Ibidem, Praia do Jacaré, VI-1982, fl., fr., O.T. Moura s.n. (JPB4878); Cajazeiras, III-2001, fl., A. Fernandes s.n. (EAC30472); Conde, Estrada Barra do Itariri, Km 3, IX-1996, fl., fr., G. Pereira-Silva 3657 (CEN); Ibidem, Jacumã, Tabuleiro, I-1998, fl., fr., C. Schilindwein 855 (JPB); Ibidem, Área de Preservação Permanente de Tambaba, VII-2015, fl., fr., L. Moreira 44 (NY02636865); Cruz de Espírito Santo, VIII-1952, fl., fr., D. Andrade-Lima 55-1170 (IPA5481); João Pessoa, Cerrados, X-1958, fl., fr., R. Schnell 9482 (P); Ibidem, Mangabeira, mata ciliar do rio Cabelo, V-2011, fl., fr., L.A. Pereira s.n. (JPB48913); Mamanguape, Reserva Biológica de Guaribas, XII-2018, fl., fr., M.F. Erickson 90 (RN00001650); Mataraca, Barra de Camaratuba, Vale dos Ventos, X-2008, fl., fr., M. Oliveira 3613 (HVASF); Nazarezinho, Sítio Cantinho, Capoeira, IV-1982, fl., fr., M.A. Sousa et al. s.n. (JPB5000); Pedras de Fogo, VII-1928, bot. fl., fr., B. Pickel 1734 (IPA3947); Piancó, Sítio Mangabeira, IV-1981, fl., fr., O.T. Moura 81 (JPB); Rio Tinto, Tabuleiro do Miriri, III-2003, fl., fr., M.R. Barbosa et al. 2762 (JPB, NYbarcode00778742); Santa Rita, Usina São João, II-1992, fl., fr., M.F. Agra et al. 1381 (JPB); São José de Piranhas, Estrada para Cuncas, XII-1971, fl., fr., D. Andrade-Lima et al. 1111 (IPA21445); Ibidem, Sítio São Luiz, I-2013, fl., fr., A.C.P. Oliveira 2117 (HVASF); Ibidem, próximo ao reservatório Morros, VIII.2018, fl., fr., L.F. Lima 1178 (HVASF); Sapé, RPPN Fazenda Pacatuba, VIII.2010, fl., fr., J.L. Viana et al. 34 (JPB).

Conclusões

As espécies registradas podem ser distinguidas, especialmente, pelo tipo de hábito associado a características relacionadas ao tipo de indumento dos ramos, número de bractéolas, coloração da corola e pela distribuição, tamanho e coloração dos espinhos nos frutos. A distribuição geográfica detectada para as mesmas reflete tanto a necessidade de esforço amostral na região da Borborema (Regiões Intermediárias de Campina Grande (Agreste)) e Patos (Sertão Central) como a preferência das suas representantes por ambientes de solos arenosos. Apesar da diversidade taxonômica registrada para Krameriaceae, o presente estudo evidenciou que esta família constitui um importante grupo na flora da Paraíba, especialmente nas regiões litorânea e semiárida do Estado.

Agradecimentos

Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), pela Bolsa de Produtividade em Pesquisa (PQ-2) concedida a José Iranildo Miranda de Melo (Proc. no. 306658/2022-4); à Fundação de Apoio à Ciência e Tecnologia do Estado da Paraíba (FAPESP), pela Bolsa de Mestrado outorgada a Sabrina Soares Figueiredo pelo Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Conservação da Universidade Estadual da Paraíba (PPGEC-UEPB) e pelo auxílio financeiro concedido através do projeto “Restauração Ecológica e Ecodesenvolvimento: Estratégias de ação para conservação dos biomas Caatinga e Mata Atlântica”. Aos revisores, pelas sugestões e recomendações apontadas, fundamentais para o aperfeiçoamento deste trabalho.

Literatura citada

  • Angiosperm Phylogeny Group. An update of the Angiosperm Phylogeny Group classification for the orders and families of flowering plants: APG IV. 2016. Botanical Journal of the Linnean Society 181: 1-206.
  • Bennett, A. G. 1874. Polygalaceae-Krameriaceae. In: C. F. P. von Martius, A. W. Eichler & I. Urban (eds.). Flora Brasiliensis. München, Wien, Leipzig, v. 5, pp. 69-73.
  • Capistrano, S. H. B., Loiola, M. I. B. 2015. Flora do Ceará, Brasil: Krameriaceae. Rodriguésia 66: 905-912.
  • Costa-Lima, J. L. 2023. Krameriaceae. In: Flora e Funga do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em https://floradobrasil.jbrj.gov.br/FB140 (acesso em 6-IX-2023).
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  • De Candolle, A. 1824. Krameria Prodromus Naturalis Systematis Regni Vegetabilis. Treuttel et Würtz, Parisiis [Paris], v. 1, pp. 341-342.
  • Fernandes, M., Giulietti, A. M., Oliveira, R. P., Lima, C. T. 2014. Flora da Bahia: Krameriaceae. Sitientibus, Série Ciências Biológicas 14: 1-6.
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  • IBGE-Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. 2017. Regiões Geográficas do Estado da Paraíba. In: Divisão Regional do Brasil em Regiões Geográficas Imediatas e Regiões Geográficas Intermediárias. Rio de Janeiro, IBGE.
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  • Simpson, B. B., Weeks, A., Helfgott, D. M., Larkin, L. L. 2004. Species relationships in Krameria (Krameriaceae) based on ITS sequences and morphology: Implications for character utility and biogeography. Systematic Botany 29: 97-108.
  • Simpson, B. B. 2010. Krameriaceae. In: Forzza, R. C., Baumgratz, J. F. A., Bicudo, C. E. M., Carvalho-JR., A. A., Costa, A., Costa, D. P., Hopkins, M., Leitman, P. M., Lohmann, L. G., Maia, L. C., Martinelli, G., Menezes, M., Morim, M. P., Coelho, M. A. N., Peixoto, A. L., Pirani, J. R., Prado, J., Queiroz, L. Q., Souza, V. C., Stehmann, J. R., Sylvestre, L. S., Walter, B. M. T. & Zappi, D. C. (eds.). Catálogo de Plantas e Fungos do Brasil. Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, vol. 1, pp. 821-822.
  • Simpson, B. B. 2015. Krameriaceae. In: Lista de Espécies da Flora do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro. Disponível em http://floradobrasil.jbrj.gov.br/jabot/floradobrasil/FB140 (acesso em 5-IX-2023).
    » http://floradobrasil.jbrj.gov.br/jabot/floradobrasil/FB140

Editado por

Editor Associado: Otávio Luiz Marques da Silva

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    17 Jun 2024
  • Data do Fascículo
    2024

Histórico

  • Recebido
    30 Set 2023
  • Aceito
    15 Dez 2023
Instituto de Pesquisas Ambientais Av. Miguel Stefano, 3687 , 04301-902 São Paulo – SP / Brasil, Tel.: 55 11 5067-6057, Fax; 55 11 5073-3678 - São Paulo - SP - Brazil
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