Open-access Agenciamentos de mulheres que amamentam: refletindo sobre amamentação, maternidade e internet no Brasil

Agenciamientos de mujeres que amamantan: reflexión sobre amamantamiento, maternidad e internet en Brasil

Resumos

O artigo apresenta resultados de uma pesquisa sobre amamentação, maternidade e internet no Brasil realizada entre os anos de 2020 e 2022. A investigação teve como ponto de partida a análise de conteúdos disponíveis em uma plataforma digital voltada para gestantes e mães a partir da qual procurou-se indagar de que maneira a experiência da amamentação hoje é atravessada pelas informações disponíveis on-line e pelas interações que delas decorrem. O material foi complementado por entrevistas realizadas com as usuárias da plataforma e em diálogo com outros trabalhos sobre maternidade, feminismo e internet. Procurou-se refletir, por um lado, sobre um modelo comunicacional vigente sobre amamentação e maternidade e, por outro, sobre as ambivalências que cercam as experiências das mães com o cuidado de seus filhos em interação com o ambiente digital.

Palavras-chave Amamentação; Internet; Maternidade


El artículo presenta los resultados de un estudio sobre amamantamiento, maternidad e internet en Brasil, realizada entre los años 2020 y 2022. La investigación tuvo como punto de partida el análisis de contenidos disponibles en una plataforma digital enfocada para embarazadas y madres a partir de la cual se buscó indagar de qué manera la experiencia del amamantamiento está atravesada por las informaciones disponibles online y por las interacciones provenientes de ellas. El material fue complementado con entrevistas realizadas con las usuarias de la plataforma y en diálogo con otros trabajos sobre maternidad, feminismo e internet, buscándose reflexionar, por un lado, sobre un modelo comunicacional en vigor sobre amamantamiento y maternidad y, por el otro, sobre las ambivalencias que cercan las experiencias de las madres con el cuidado de sus hijos en interacción con el ambiente digital.

Palabras clave Amamantamiento; Internet; Maternidad


The article presents the results of a research on breastfeeding, motherhood and the internet in Brazil carried out between 2020 and 2022. The research started with the analysis of content available on a digital platform aimed at pregnant women and mothers and sought to question how the experience of breastfeeding today is permeated by the information available online and the interactions that result from it. The material was complemented with interviews with some users of the platform and in dialogue with other works on motherhood, feminism and the internet. The aim was to reflect, on the one hand, on the current model of communication about breastfeeding and motherhood in Brazil and, on the other, about the ambivalences surrounding the experiences of mothers in taking care of their children while interacting with the digital environment.

Keywords Breastfeeding; Internet; Motherhood


Introdução

A produção de conteúdo on-line feita para mulheres e por mulheres sobre maternidade tem ganhado cada vez mais espaço no ambiente digital1,2. Desde o início dos anos 2000, a produção de conteúdo para mães na internet tem crescido e o conteúdo produzido sobre amamentação segue o mesmo caminho. Tal fenômeno interfere nas relações de autoridade sobre o tema, nas quais “o arranjo mãe, mídia e especialistas não deixou de prevalecer, mas parece estar sendo reconfigurado pelas novas mídias e novas possibilidades de interação”2 (p. 164). Nesse sentido, a reflexão que apresentamos aqui procura investigar esses novos arranjos, considerando o pressuposto crítico de que a maioria dos estudos sobre amamentação costuma partir de uma perspectiva médica e de saúde pública, havendo poucas análises sobre experiências que vão além desses discursos.

Uma revisão crítica da literatura sobre amamentação e internet nos últimos dez anos1 que mapeou artigos sobre o tema aponta, em sua conclusão, para uma preocupação constante de que o material disponível on-line seja o mais rigoroso possível em termos de informações baseadas em evidências científicas. Embora tal preocupação seja legítima, interessa-nos aqui demonstrar como tal questionamento não pode dissociar-se da importância da internet enquanto um meio não somente de acesso à informação confiável, mas também de atravessamento central nas experiências e concepções de maternidade contemporâneas3-5.

O objetivo é imergir nas experiências e nos discursos de mulheres que amamentam(c), buscando compreender o que revelam acerca de modelos sobre amamentação e maternidade no Brasil hoje. Entende-se que o meio digital oferece pistas interessantes para uma “atitude de escuta”6 em relação ao que as mulheres brasileiras dizem, pensam e fazem a respeito da amamentação, lançando luz não só às diferentes desigualdades que enfrentam, mas também àquilo que entendemos como os “agenciamentos” destas diante de tais fenômenos, nos quais o indivíduo que se movimenta também constrói o mundo por onde passa, enquanto também constrói a si mesmo7.

O campo de pesquisa

O ponto de partida da pesquisa(d) foi um portal on-line sobre gestação e bebês chamado Baby Center, eleito em razão de sua forte popularidade no Brasil. O Baby Center é uma empresa internacional, com sede nos Estados Unidos, criada como portal em 1997 por estudantes da Universidade de Stanford e vendido em um fundo de capital de risco, no qual rapidamente se estruturou como braço de um e-commerce(e) de produtos para bebês. Em 2001, foi comprado pela empresa Johnson & Jonhson, passou por um plano de expansão e se desligou do e-commerce, passando a trabalhar com “soluções de marketing digital”(f). Finalmente, em 2020, foi comprado por uma empresa de mídia digital: a Everyday Health, Inc. Hoje declara-se como “o portal mais acessado sobre o tema no mundo” e está disponível em nove idiomas(g).

Figura 1
Interface inicial do Portal Baby Center.

O Baby Center no Brasil iniciou suas atividades em 2008 com uma editoria responsável por adaptar o conteúdo para o público brasileiro. Nesse momento, o portal já contemplava as comunidades que permitem aos usuários entrarem ou criarem grupos, tópicos e trocas instantâneas, aderindo às características de uma plataforma, embora continue existindo como portal(h). Outro recurso disponibilizado a partir desse momento foi o monitoramento da gravidez e do desenvolvimento do bebê semana a semana a partir de boletins enviados por e-mail às usuárias cadastradas. Com tal ferramenta, inaugura-se no portal uma característica importante que depois será aprimorada no aplicativo móvel do Baby Center, que são as tecnologias de automonitoramento corporal(i).

A trajetória do portal é representativa do processo de transformação da web nas últimas décadas. Nos anos 1990, os portais estavam no formato-padrão da mídia corporativa na web9, enquanto indivíduos comuns publicavam páginas em serviços como os blogs – o mais popular entre eles. Desde esse período, a questão da maternidade já povoava a web, em portais voltados à temática ou em blogs criados por mães que começavam a tornar-se populares no Brasil. A partir dos anos 2000, a chamada web 2.010 começa a se popularizar com o advento das plataformas. Tal processo de plataformização da web vem sendo amplamente debatido e problematizado ao longo da última década11-14.

O trabalho de Braga15 acerca do blog Mothern foi um dos primeiros no tema e trata do período de surgimento dos blogs, os quais inauguram uma nova forma de interação nas novas mídias, possibilitando o compartilhamento de dúvidas e experiências de mulheres mães brasileiras, e feitos “de mãe para mãe”. Tais espaços se expandem ao longo da década seguinte e com as plataformas vão ganhando novos contornos, com maior nível de interatividade e fluidez na produção de conteúdo originado pelos próprios usuários.

A trajetória do Baby Center demonstra que o inicialmente portal sobrevive a todas essas transformações, pois também se adapta a elas, aproximando-se do modelo das plataformas e permitindo, por exemplo, interação com as redes sociais e criação de aplicativos de automonitoramento. Embora o objetivo deste artigo não seja o de analisar o modelo de negócio do Baby Center em si, considerou-se importante problematizar seu funcionamento, dada a relevância da temática das plataformas em sociedades tecnologicamente mediadas hoje. Neste artigo, contudo, partiremos de uma análise do material obtido nas comunidades do portal postado pelas próprias usuárias para, em seguida, contemplar um olhar mais atento ao conteúdo extraído das entrevistas feitas com elas. A metodologia de pesquisa utilizada em ambas as etapas será descrita adiante. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética e registrado sob o número CAAE 30185120.4.0000.5241.

As usuárias e a comunidade Baby Center

Uma pesquisa demográfica realizada pela equipe brasileira de editoração com 1500 usuárias apontou que há um predomínio da plataforma de mulheres com até 29 anos e renda familiar entre dois e três salários-mínimos(j). No caso do questionário formulado por esta pesquisa e que resultou em 144 respostas, houve um predomínio de mulheres brancas, de renda até quatro salários-mínimos e idade média de trinta anos. Apesar disso, chama atenção a heterogeneidade de públicos que acessam a plataforma, revelando uma maior democratização do acesso a recursos digitais no país(k).

O mapeamento do conteúdo disponível na Comunidade Baby Center foi dividido em duas categorias existentes dentro do próprio portal: grupos e tópicos (que são os temas de debate ou perguntas criadas dentro dos grupos). Diante do volume de informação disponível, optou-se por utilizar a palavra “leite” nos mecanismos de busca do portal e, a partir daí, mapear os grupos e tópicos existentes. O uso dessa palavra justifica-se pelos diferentes sentidos e experiências atribuídas a esse fluido, que pode ser tanto o leite materno quanto outros tipos de leite, o que permite diversificar experiências que podem incluir aquelas de não sucesso com a amamentação e a necessidade de introdução de outros leites.

Figuras 2
Interface da comunidade e do acesso aos grupos.
Figuras 3
Interface da comunidade e do acesso aos grupos.

Ao “seguir o leite”(l), constatou-se que as principais postagens, tanto nos grupos quanto nos tópicos, referem-se a dois temas: produção de leite materno; e formas de administração de fórmulas infantis e outros leites e alimentos. Normalmente, a postagem ocorre após uma consulta médica e inicia-se com frases como: “O médico disse para [...], mas [...]”. Usualmente, em seguida, procuram-se outras opiniões ou uma validação daquela conduta, como se houvesse mais confiança nas experiências de outras mães do que no próprio especialista. Tal movimento demonstra simultaneamente uma novidade e uma continuidade de um fenômeno já observado nas maternidades contemporâneas desde a década de 1980, sobretudo nas camadas médias, no qual familiares e especialistas mais tradicionalmente ligados à gestação e à maternidade (como obstetras e pediatras) perdem lugar de autoridade diante de grupos de pares e de “novos especialistas” (psicólogos e, mais recentemente, consultores de amamentação, doulas, etc.)16,17.

O material encontrado sobre o leite chama atenção para o fato de que existe um modelo comunicacional oficial por parte de especialistas e campanhas sobre amamentação, com foco em modelos ideais de amamentação, que atravessa a experiência das mães de forma determinista e oferece pouca escuta e visibilidade para aquilo que as mulheres fazem quando não podem ou não conseguem amamentar.

Esse modelo oficial estaria assentado sobretudo na importância da amamentação exclusiva com leite materno até os seis meses e na amamentação prolongada até os dois anos, ambas orientações preconizadas tanto pela Organização Mundial de Saúde quanto pelo Ministério da Saúde. A partir dessas recomendações oficiais e desse ideário de amamentação, surgem as dúvidas que movimentam os grupos: aquelas que escapam ao escrutínio médico e às recomendações oficiais dos órgãos de saúde, mas fazem parte do cotidiano das mães que cuidam de seus filhos. Constatou-se assim a existência de uma hierarquização nos modos de alimentar bebês: consideram-se ideias os modos que envolvem o uso de leite materno, seguido da fórmula infantil; e não ideais os modos que envolvem o uso de leite de vaca, compostos lácteos, entre outros. Para este último grupo, solicita-se, na plataforma, o consentimento ou aconselhamento das demais usuárias em relação ao uso ou aos modos de administração desses alimentos.

Irene Kalil6, ao analisar materiais de promoção e orientação ao aleitamento materno produzidos pelo Ministério da Saúde brasileiro, reconhece a existência nestes de certa objetificação da mulher e de seu “dever” moral e biológico de amamentar, reforçando o paradigma da “boa mãe”19. A autora revela, assim, que concepções naturalistas e romantizadas em torno da figura materna – que fazem parte das representações sobre maternidade desde o início do século passado, naquilo que ficou conhecido como o receituário higienista20,21 – ainda permanecem, ainda que de forma distinta, nas campanhas mais recentes.

Tal modelo, atualmente, vem sendo reforçado, ainda que de forma crítica, com o movimento originado nas classes médias urbanas brasileiras focado na defesa de uma maternidade mais “natural” e “humanizada”, tendo como central a crítica ao parto hospitalar entendido como intervencionista, que se espraia para outras práticas como as formas de amamentar, carregar e dormir com os filhos, evocando certa ideia de “instinto materno”, já tematizadas por outras autoras22-24.

Embora o material tenha revelado os atravessamentos desse, ao mesmo tempo, velho e novo ideário nas mulheres que utilizam os fóruns do Baby Center, o objetivo das entrevistas foi qualificar melhor de que forma essas experiências se dão entre elas, considerando diferentes marcadores sociais da diferença e como produzem sentidos a partir de diferentes lugares de pertencimento e vivências da maternidade.

Metodologia

Ao todo foram entrevistadas 15 usuárias do Baby Center para a pesquisa. A primeira parte das entrevistas foi realizada a partir de um formulário de inscrição para voluntárias inserido na própria comunidade Baby Center; o questionário obteve 144 respostas. Dessa listagem, foram selecionadas trinta mulheres considerando variação de idade, renda, raça e local de moradia. Apesar do alto número de voluntárias, entre as trinta mulheres contactadas, apenas dez conseguiram de fato se disponibilizar para as entrevistas, pois as demais não responderam ao convite ou não compareceram na data agendada para a entrevista. Já a segunda parte (n=5) foi realizada a partir de uma busca ativa entre os contatos da pesquisadora, pelos mesmos critérios utilizados na primeira etapa: mulheres com filhos de até seis meses, que amamentavam ou haviam tentado amamentar e eram usuárias do Baby Center, utilizando-se de amostragem do tipo bola de neve.

Finalmente, a análise dos dados realizada aqui irá centrar-se em cinco das quinze entrevistas, que foram selecionadas por se tratar de mulheres que conseguiram amamentar, apesar das dificuldades, e que representaram bem a diversidade encontrada entre as participantes, considerando critérios de renda, raça/cor e número de filhos. Em termos regionais, a variabilidade final não foi significativa, sobretudo pelo uso da abordagem bola de neve na segunda etapa. As entrevistas foram realizadas por meio do aplicativo Zoom, gravadas e transcritas.

A pesquisa procurou abranger um grupo pequeno, mas heterogêneo, de mulheres, como pode ser visualizado no quadro a seguir, incluindo seus nomes fictícios e preservando seu anonimato. O perfil das cinco mulheres entrevistadas foi descrito a partir de critérios predefinidos durante a seleção das entrevistadas: idade, cidade de origem, raça/cor, renda e número de filhos. Os nomes dos participantes foram trocados por codinomes, visando preservar o anonimato das entrevistas.

Quadro 1
Quadro com descrição do perfil das entrevistadas.

Busca

Em comum, os cinco relatos apresentam a dificuldade do início do processo de amamentação nos primeiros meses de vida do bebê, momento em que a questão da busca por informações parece se tornar central em suas trajetórias. Notamos que tal busca poderia ser comunitária ou familiar, a partir de suas redes de relações, ou mesmo ser feita a partir da pesquisa de outras fontes, como livros e revistas. Contudo, o mediador central desse processo em todos os relatos é a internet.

Nesse sentido, algumas narrativas apontam para a busca de informações no momento anterior ao parto, mas alegando que estas foram insuficientes ou excessivamente focadas no parto, e não em outros elementos, ou mesmo para o fato de que tudo o que as praticantes em questão leram não havia sido útil, pois não sabiam o que aconteceria quando tivessem os bebês em suas mãos. Como relata Silvia, uma mulher negra, jovem e de classe baixa:

Eu tinha todas as informações, pesquisei bastante, lia muito, porém, a insegurança veio em primeiro lugar, quando você pega o neném no colo, por mais que você seja a mãe, se sente insegura.

(Silvia)

Joana, da zona leste da capital paulista, branca e de classe média, já tinha um primeiro filho e disse que se sentiu mais segura após o segundo parto. Mesmo assim, chegou em casa cheia de dúvidas e de dificuldades com a amamentação. Foi quando iniciou seu percurso em busca de informações. Já Paula, uma mulher negra de classe popular de Nova Iguaçu, mesmo estando em sua segunda gestação, referiu desespero ao chegar em casa após a maternidade:

Rachou o bico do meu peito, não deu uma melhorada de jeito nenhum, eu sofri muito, rachou muito de abrir assim os dois peitos, eu chorava.

(Paula)

Nos três casos das mulheres que já tinham outros filhos mais velhos, a diferença temporal entre essas duas experiências é marcada pelos processos de transformação na sociedade, entre eles, a relação com as tecnologias de informação. Ilana, uma mulher branca de classe média alta do Rio de Janeiro, conta:

Na época [do primeiro filho], não tinha isso, 11 anos atrás não tinha WhatsApp, a gente não usava celular como a gente usa hoje em dia, é uma extensão do seu corpo, você faz tudo pelo celular.

(Ilana)

Já Paula, apesar de não participar de nenhum grupo específico, ressalta a importância do YouTube e do Google em seus agenciamentos de cuidados com o filho, o que revela ao comentar sobre como teve acesso a uma pomada para auxiliar com as rachaduras nos seios:

Eu não sei para que tem hospital, se no Google se você jogar tem até umas partezinhas lá que você pode falar com a pessoa, às vezes tem médico que fala sim [...] eu falei assim, cara sai de casa, enfrenta uma fila para chegar lá e o médico falar a mesma coisa que você viu no Google?

(Paula)

O Baby Center apareceu também em boa parte dos relatos, mesmo quando não perguntado especificamente sobre ele. Sobre esse tema, Silvia disse:

A internet tem várias informações, às vezes muito desencontradas, então buscava umas fontes mais seguras, o Baby Center foi uma fonte segura [...]. Os grupos eu acho muito importante porque é uma troca de informações reais do que realmente acontece, apesar de ter algumas informações muito populares de palpites de crendices, mas a gente consegue filtrar.

(Silvia)

Já Julia, mulher branca, de classe alta e moradora da capital paulista, faz essa mesma crítica, mas formulada discursivamente de outro modo, utilizando um vocabulário próprio do meio médico, quando atrela a insegurança das informações on-line à ausência de “evidência científica”:

No Baby Center eu cheguei porque eu baixei o aplicativo na época que eu estava grávida, eu acompanhei durante a gravidez e entrei no grupo de bebês do meu mês, que era os bebês de setembro. Mas não participei muito dos fóruns de discussão porque tinha muita coisa ali que as discussões não eram baseadas em evidência científica.

(Julia)

A noção de “evidência científica” é forte no discurso de Júlia e aparece em outros momentos, também quando ela se refere à forma como usa o Instagram e a rede de profissionais que acessa. Ela afirma:

98% da informação que eu pego, puxo do Instagram, geralmente de perfis que os profissionais, a pediatra me indicou, ou a fono, de médicos fonos e pessoas com formação, não busco nada que não seja baseada em evidência científica.

(Julia)

Apesar de essa referência a uma informação que seja confiável em termos científicos aparecer em todos os discursos de formas diferentes, nem sempre as entrevistadas disseram ter feito apenas aquilo que entendiam como mais indicado do ponto de vista compreendido como “científico”. Como afirma Joana:

Eu tentei várias coisas para poder melhorar a amamentação, bico de silicone, aquelas pomadas de anilinas... o que me resolveu foi a concha. Aí começou melhorar, mesmo eu sabendo que não era indicado usar.

(Joana)

É curioso notar a forte preocupação em justificar as escolhas que fizeram em relação às recomendações oficiais. Isso ocorreu também quando justificavam outras práticas não necessariamente contraindicadas às quais tinham recorrido e que entendiam que haviam sido benéficas para o sucesso da amamentação. Duas delas citaram que as mães lhe fizeram canjica para aumentar a produção de leite materno, alimento tradicionalmente associado a tal aumento. Uma ainda complementou: “não sei se ajudou cientificamente, mas acho que de um jeito afetivo ajudou, sim”.

A relação com a noção de evidência científica aqui, portanto, apresenta-se de duas formas e parece revelar elementos importantes. Por um lado, as mulheres buscam se justificar ao dizer que acreditam na eficácia de algo que entendem não ser “comprovadamente científico”, como tomar a canjica que suas mães lhe fizeram. Por outro, elas revelam que buscam as informações on-line, justamente por não sentirem confiança, ou que haveria acréscimos nas informações que recebem ou receberão de profissionais de saúde (supostamente também cientificamente embasados).

Demonstra-se assim, como já apontado por outras autoras, que os modelos contemporâneos de maternidade se assentam em uma lógica complexa que se confronta com a Medicina “tradicional”, em uma certa postura “antimedicina”, ao mesmo tempo que conclamam uma legitimação científica de suas práticas23. Nesse movimento, tanto a busca pela validação dos “grupos de pares”, tal qual os encontrados em fóruns da internet, quanto os já citados “novos especialistas”16 são centrais nas trajetórias de cuidado maternas, embora não sejam igualmente presentes nas vidas de todas elas, como revelaremos adiante.

Conexões

Julia é a mulher com maior poder aquisitivo entre as entrevistadas e aquela que relatou ter contratado os serviços do maior número de profissionais especializados no tema: além da pediatra e das enfermeiras do banco de leite da maternidade privada onde o bebê nasceu, ela e seu companheiro contrataram os serviços de uma consultora de amamentação e de uma fonoaudióloga. Nesse caso, o acesso à informação on-line é atravessado e informado pelo contato com especialistas e com uma importante rede de relações que os auxiliam. Suas conexões com a informação sobre amamentação têm início na internet, mas extrapolam para relações que se presentificam. Ela também foi a única mulher que não revelou ter tido menos apoio familiar durante a pandemia, já que tanto a mãe quanto a sogra puderam estar com ela em períodos distintos.

Ilana também mencionou ter tido auxílio de uma consultora de amamentação(m), após uma tentativa malsucedida de acesso a um banco de leite público. Mas, em sua experiência, a busca por informações a conecta menos a uma rede de profissionais e mais a uma rede de mulheres, por meio de grupos de WhatsApp(n), que, embora permaneçam na virtualidade, compõem sua experiência durante esse período. Ela diz:

Neste [grupo de mães] que eu tô fazendo parte, tem 101 mulheres grávidas com bebês de todos os lugares do Brasil e do mundo [...] isso também dá possibilidade de muitas coisas.

(Ilana)

As outras três mulheres – Paula, Joana e Silvia – mencionaram o apoio que receberam na maternidade e durante o pré-natal. De forma positiva, Paula comentou sobre a enfermeira do posto de saúde que realizou seu pré-natal e Joana, sobre a equipe de aleitamento no hospital público onde seu primeiro filho nasceu, que, segundo ela, tinha um caráter mais “humanizado”. As outras experiências de atendimento consideraram não terem tido efeito positivo na amamentação. A discrepância entre essas experiências são fundamentais para revelar como nem sempre o acesso à informação e a troca de informações on-line permitem conexões mais amplas no cotidiano, de modo a facilitar o trabalho de cuidado, ainda que sejam um diferencial importante na experiência da maternidade. O cuidado com seus filhos, assim, continua sendo atravessado por desigualdades que constituem as próprias vidas dessas mães, embora tenham igual acesso às informações e estejam todas conectadas ao Baby Center e ao Instagram, por exemplo.

Como relata Sílvia, que é operadora de caixa de supermercado, o fim de sua licença-maternidade foi revelado em sua véspera pela empresa que a contrata, a deixando aflita com relação aos cuidados com a filha e à possibilidade de ter que interromper a amamentação:

Eu voltei de uma forma muito brusca, não sabia que iria voltar e receber o aviso um dia antes e eu tinha muito medo da confusão de bicos, de ela não largar o peito, porque a amamentação era o meu foco [...]. Para não acontecer o desmame precoce, então ela toma o leite ordenhado, eu ordenho o leite e deixo congelado, minha cunhada descongela e dá a ela na mamadeira com colher dosadora, com colherzinha dosadora para não ter confusão de bicos, é exclusivo, amamentação exclusiva.

(Sílvia)

Observa-se um esforço imenso em manter a amamentação após o retorno ao trabalho, mesmo tendo pouco apoio e pouco tempo de licença(o). A participante utiliza um discurso específico e com expressões técnicas, tais como “confusão de bicos” e “amamentação exclusiva”, para justificar seu desejo de seguir amamentando mesmo após o retorno ao trabalho. A cunhada, assim como seu marido, aparece enquanto importante fonte de apoio nesse momento, ao mesmo tempo que ela relata um rompimento com a mãe devido ao seu desejo de amamentar.

Tal conflito geracional, já tematizado por Kuschnir25, demarca um intervalo geracional no qual mulheres que se tornaram mães entre as décadas de 1950 e 1990 foram orientadas a amamentar por menor tempo, com base no valor atribuído aos leites artificiais nesse período. A partir dos anos 1990, há uma mudança em tal perspectiva do ponto de vista médico e de certos segmentos das classes médias, como já mencionado. A amamentação, nesse caso, assume um papel central, considerando que “os valores tradicionais de amor e dedicação aos filhos são ressignificados pela inclusão da amamentação como prática desejada”22 (p. 100). Porém, como afirma a autora, o custo desse rompimento não é simples, implicando muitas vezes na rejeição de um apoio central, da mãe ou da sogra, em um momento de intensa demanda física e emocional, como o das mulheres no pós-parto.

Em outros relatos, a mesma dificuldade em manter uma rede de apoio aparece como um empecilho para a manutenção dos cuidados com seus filhos do modo desejado, sobretudo nas narrativas das mulheres de menor renda. As dificuldades em estruturar uma organização do cuidado possível e que se conciliem com a amamentação perpassa todas as cinco mulheres entrevistadas, seja por razões trabalhistas, familiares ou financeiras. Não há dúvida de que tais possibilidades manifestem-se como mais precárias no caso de mulheres mais expostas às desigualdades socioeconômicas, como Paula e Silvia.

Engajamento

Um último aspecto analisado nas entrevistas foi o quanto tais mulheres também produzem saberes e informações a partir de suas próprias experiências. Embora todas as entrevistadas tenham referido compartilharem as informações que recebem sobre o tema da amamentação com amigas por meio de grupos ou pelo Baby Center, parece haver uma diferença importante nos modos em que isso ocorre. Os marcadores de raça e classe configuram, também na experiência de Paula e Silvia, um desejo de monetizar as relações com a produção de informações em torno da maternidade. Seus engajamentos com a informação em torno de um melhor cuidado com seus filhos criam também uma janela de oportunidade para que possam ter condições melhores de vida. Como afirma Paula:

Estou doida para fazer o meu canal [no Youtube], ainda não fiz porque eu não sei editar, porque eu acho que eu vou conseguir [...] o meu esposo está vendo como editar porque eu não sei, eu sou muito leiga para essas coisas.

(Paula)

Já Silvia conta:

Eu sempre compartilho muitas coisas pelo meu Instagram, a maternidade me deu essa oportunidade de ser mais visada no Instagram, então eu sempre posto coisa sobre isso, gosto de postar rotina.

(Silvia)

Diferente das outras mulheres, que parecem viver esse período de forma mais circunscrita, nesses dois casos o ideal de maternidade a ser perseguido se incorpora também a um desejo maior de um padrão de vida a ser alcançado.

Assim, observamos que, em seus agenciamentos em torno da maternidade e da amamentação, essas mulheres não só buscam informações para um fim específico, mas também constituem a si mesmas durante o processo, seus corpos e a forma como criam seus filhos a partir de tal busca. Em um segundo momento, elas próprias são também aquelas que compartilham o conhecimento incorporado a suas subjetividades, retroalimentando um processo de construção de um modelo de maternidade que parece ser, ao mesmo tempo, reforçado e refeito a partir de tais agenciamentos.

Conscientes, exaustas e conectadas

No Brasil, uma série de investigações assinalam para o aprofundamento de desigualdades de gênero em serviços de saúde, nos quais reforça-se o lugar da família em seu modelo tradicional, com base na família nuclear, na ideia da mulher como reprodutora e responsável pela saúde da família como um todo, enfatizando estereótipos de gênero24-26. Ao buscarem apoio no ambiente digital, observamos que essas mulheres buscam também lidar e encontrar apoio para o fardo que carregam, muitas vezes, de maneira solitária.

A tarefa e a responsabilidade de cuidar dos filhos vêm sendo historicamente atribuída de forma quase exclusiva às mães nas sociedades contemporâneas, configurando um processo chamado por Dagmar Meyer26,27 de “politização da maternidade”, no qual gerar e cuidar dos filhos, que devem ser “equilibrados e saudáveis”, passa a ser “responsabilidade individual de cada mulher que se torna mãe, independentemente das condições sociais em que essa mulher vive”26 (p. 37). Embora tal processo não seja novo, segundo a autora, contemporaneamente, tal politização é “incorporada e difundida pelas políticas de Estado, pelos manuais, revistas, jornais, televisão, cinema e publicidade. E o modelo da mãe cuidadosa – que cuida e se cuida – triunfa e, ao mesmo tempo, se democratiza”27 (p. 82).

Nos últimos anos, procuramos argumentar que essa mesma politização se espraia pelos meios de comunicação e, mais recentemente, também pela internet. Nota-se a experiência da maternidade sendo marcada não pelos efeitos da mídia apenas enquanto transmissora de informação, mas também pelo processo de midiatização, enquanto ambiência constituinte de uma forma de vida, conformando um “bios midiático”, como afirma Sodré28.

Ao mesmo tempo, quando tais mulheres passam a efetivar uma produção mais autônoma do conteúdo disponível on-line, essas começam a ter mais espaço para uma reflexão para a maternidade como um todo. Rosamaria Carneiro29 nomeia de maternidade “consciente” ou “reflexiva” o processo no qual as mães de centros urbanos contemporâneas buscam certo tipo de informação e práticas que permitiriam um melhor cuidado com seus filhos, ao mesmo tempo que se engajam politicamente em um debate sobre as limitações da maternidade, com origem no femismo branco de camadas médias, tendo a internet como um meio central para isso. A autora analisa a partir de um caso específico como tal engajamento tem revelado mulheres que questionam os limites dessa “maternidade consciente” e que passam a criticá-la. São mulheres que se sentem sobrecarregadas, sem tempo para si, cansadas e/ou exaustas com as muitas responsabilidades que já possuem e que, mesmo assim, sentem a necessidade de estarem sempre conscientes e engajadas.

A partir desta maternidade “consciente”, mas exausta, observa-se o paradoxo que se buscou elucidar a partir do material de pesquisa apresentado. Se, por um lado, as redes permitem que as mulheres estejam dentro desse processo de politização da maternidade e não sejam mais apenas meras receptoras de informação – mas também produtoras dela –, por outro lado, tal movimento parece adicionar uma maior sobrecarga no que tange aos cuidados com seus filhos. São elas que leem, pesquisam, informam-se e geram conteúdo. São elas que sentem culpa ao acharem que não se informaram bem o suficiente, que não estão prestando o melhor cuidado para os seus filhos – um cuidado que deve ser individualizado, seguir um modelo vigente e ao mesmo tempo ser cientificamente embasado, como demonstramos.

Tal processo, sugerimos, adiciona mais um adjetivo indispensável ao modelo urbano contemporâneo de maternidade: conscientes, exaustas e conectadas. Embora esse seja um processo comum a todas elas, há muitas diferenças em como cada uma delas o experiencia, como também observamos, revelando a importância sobretudo de condições de renda nas desigualdades que atravessam suas possibilidades e perspectivas de maternagem.

Considerações finais

A partir de uma investigação no meio digital, buscou-se revelar os desafios enfrentados por mulheres que amamentam no processo de cuidado de seus filhos e os padrões que acreditam ter que seguir para obter sucesso nessa tarefa – reforçados em alguma medida pela própria normatização que encontram no mundo e na internet.

Nesse contexto, o Baby Center parece representar essa ambiguidade da relação entre a internet e as mães brasileiras. Por um lado, a partir do acesso a essa informação, o modelo da mãe cuidadosa e principal responsável pela família se perpetua, dentro de uma lógica de padronização de comportamentos e a partir do conteúdo e das ferramentas da plataforma, pelas próprias informações e ideais de maternidade que vão sendo compartilhadas pelas mulheres ali. Nas trajetórias apresentadas, vemos que muitas vezes o excesso de informação sobre o que se deve fazer nem sempre mobiliza redes de apoio profissionais e informais e um caminho de menor sobrecarga para as mulheres. Pelo contrário, isso pode gerar mais angústias e modelos a serem seguidos incompatíveis com suas possibilidades. Por outro lado, a partir dessa comunidade, esse espaço apresenta uma possibilidade de escaparem desse modelo engessado, uma vez que podem se conectar umas às outras e buscar apoio, soluções para seus problemas ou alívio para suas escolhas, culpas e angústias.

Finalizamos este artigo sugerindo que novos modelos de maternidade são produzidos em agenciamentos políticos contemporâneos feitos também por mulheres mães, com forte centralidade para as interações on-line. Assim, por um lado, o ideário da “boa mãe” parece se refazer nas sociedades contemporâneas marcado pelas mediações sociotécnicas, tendo diferentes impactos nas vidas das mulheres a depender de seus posicionamentos na sociedade. Contudo, por outro lado, o material evidencia que as mulheres parecem estar disputando tais modelos a partir do momento em que também ocupam o espaço de produção de informação e são capazes de criar vínculos entre elas, ocupar espaços públicos de fala e, potencialmente, estabelecer novos modelos de maternidade.

  • (c)
    Embora reconheça-se que não apenas mulheres cisgênero, mas também homens trans possam amamentar, a pesquisa não encontrou nenhum interlocutor identificado como pessoa trans.
  • (d)
    A pesquisa que deu origem ao artigo foi realizada durante estágio pós-doutoral realizada por Natália Fazzioni no Programa de Pós-Graduação em Informação e Comunicação em Saúde (ICICT/Fiocruz), com supervisão da Profa Kátia Lerner e financiamento do Programa Inova/Fiocruz.
  • (e)
    Site a partir do qual se pode realizar compras on-line.
  • (f)
    Processo por meio do qual dados pessoais de usuários podem ser utilizados para a formulação de estratégias de marketing direcionadas.
  • (g)
    Link de acesso ao Baby Center Brasil: https://brasil.babycenter.com/ (acesso em 18/10/2022).
  • (h)
    Informações obtidas com maior detalhamento na entrevista realizada em novembro de 2020 com as editoras brasileiras do Baby Center Fernanda Ravagnani e Carolina Schwartz.
  • (i)
    Segundo Lupton8, o automonitoramento é composto por um conjunto de práticas nas quais as pessoas coletam intencional e propositalmente informações sobre si mesmas, com o fim de analisá-las e considerá-las na conduta de suas vidas.
  • (j)
    A pesquisa não foi divulgada publicamente pelo Baby Center, mas sim compartilhada exclusivamente com as pesquisadoras para uso nesta investigação.
  • (k)
    Como demonstrou a última pesquisa de Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) Domicílios em 2021, 12 milhões de domicílios no Brasil (17%) não possuem acesso à internet e 55% deles não possuem computadores, principalmente nas classes sociais com menor renda familiar (disponível em https://cetic.br/pesquisa/domicilios/ acesso em 19/10/2022).
  • (l)
    A proposta tem inspiração nas proposiçãos de Bruno Latour18 de compreensão de redes onde pontos humanos e não humanos se conectam, entendendo aqui o leite como um fluido originado, mas apartado do corpo humano, enquanto um mediador central nas relações estabelecidas entre as usuárias do Baby Center. Ao seguir as pistas da palavra chave leite, portanto, essas relações tornam-se evidentes para a pesquisa.
  • (m)
    Sobre o papel das consultoras e o crescimento vertiginoso dessa ocupação nos últimos anos, ver Nucci et al.17.
  • (n)
    Aplicativo de serviço de mensageria extremamente popular no Brasil hoje.
  • (o)
    Fica evidente aqui o paradoxo existente no Brasil pelo fato de serem preconizados seis meses de aleitamento exclusivo, embora a licença-maternidade padrão seja de apenas quatro meses.

Agradecimento

Agradecemos às editoras brasileiras do Baby Center, Fernanda Ravagnani e Carolina Schwartz, por concederem uma entrevista e disponibilizarem o formulário de participação da pesquisa na Comunidade Baby Center, e a todas as usuárias que se dispuseram a conceder entrevista para a pesquisa.

  • Fazzioni NH, Lerner K. Agenciamentos de mulheres que amamentam: refletindo sobre amamentação, maternidade e internet no Brasil. Interface (Botucatu). 2024; 28: e220698 https://doi.org/10.1590/interface.2206987
  • Financiamento
    A pesquisa teve financiamento do Programa Inova/Fiocruz por meio de bolsa de pós-doutorado Jr. concedida à pesquisadora Natália Fazzioni em duas edições do programa (2019 e 2021).

Referências

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  • 29 Carneiro R. Dilemas de uma maternidade consciente: a quantas anda a conversa dos feminismos com tudo isso? Cad Gen Div. 2019; 5(4):181-98.

Editado por

  • Editora
    Rosamaria Giatti Carneiro
    Editora associada
    Elaine Reis Brandão

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    10 Jun 2024
  • Data do Fascículo
    2024

Histórico

  • Recebido
    10 Jan 2023
  • Aceito
    02 Jul 2023
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