Objetivou-se conhecer a experiência de adoecimento de trabalhadores com Ler/Dort, apoiando-se nos pressupostos da "experiência de enfermidade" e nas "narrativas da doença". Foram utilizadas a técnica de entrevista narrativa e a análise temática para se apreenderem as categorias que emergiram do discurso dos oito sujeitos participantes desta pesquisa. Os resultados apontam que a "ineficiência do corpo" para o trabalho foi evidenciada pelo descompasso entre a produção exigida pelo trabalho e a produzida pelo corpo do trabalhador. O corpo funciona como um "suporte de signos" das mudanças no comportamento e nas estruturas do corpo, ajudando a consolidar o imaginário de incapacidade. "As metáforas" representam o atestado público de declínio profissional e o descrédito quanto à condição de enfermo. Conclui-se que a incapacidade se manifesta precocemente na percepção de ineficiência do trabalhador no processo produtivo, porém sua legitimação parece ser tardia, custando o preço da cronificação e da invalidez para o trabalhador.
Experiência de enfermidade; Incapacidade; Ler; Doenças profissionais