Acesso, suspensão de atendimentos eletivos e priorização de urgência
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Compreensão sobre a suspensão dos atendimentos eletivos e a priorização de urgências (1) |
A minha dificuldade está sendo lidar com os pacientes que não entendem o que são os casos de urgência e emergência e querem de qualquer forma realizar o tratamento eletivo, ficamos daí numa situação muitas vezes indelicada com o paciente. E às vezes somos julgados por eles que acham que não queremos realizar o atendimento. (R. 27) |
Distância das unidades de saúde da casa das pessoas (1) |
A falta de compreensão por parte da população, que não aceita a descontinuidade dos atendimentos eletivos, o deslocamento de pacientes para atendimento longe das suas unidades de referência. A falta de estrutura física e falta de pressa do serviço em adequar estas estruturas para retomada de atendimento. (R. 2.146) |
Sensação de impotência (2) |
O maior dilema é a sensação de estar apagando incêndio, a vontade de retomar e tratar todas as necessidades do indivíduo e não só a queixa daquele dia. Sinto que a pandemia trouxe de volta um pouco daquele SUS do INSS [Instituto Nacional do Seguro Social], que pouco trata, só enxuga gelo pra daqui a pouco, quando voltar ao normal, extrair esses dentes que agora não estão sendo tratados. (R. 182) |
Priorização de casos e definição de urgência (2) |
Quando naquele momento não é emergência, mas que, pela experiência clínica, a urgência se tornará real em poucos dias. Devo colocar-me em risco ou outros membros da equipe no atendimento? (R. 110) |
Incompreensão e preconceitos (2) |
Consulta odontológica sem procedimento para muitos profissionais e pacientes, significa que não fizemos nada. Cobrança não velada pela diminuição de procedimento clínico. (R. 188) Discriminação por parte da sociedade por estar trabalhando; falta de conscientização por parte dos pacientes; propagandas antiéticas que somos vetores da Covid-19. (R. 59) |
Piora das questões de saúde ou da complexidade dos tratamentos (2) |
Não realizar determinados procedimentos para não me expor ao risco, e nem aos pacientes e lidar com a possibilidade de agudização dos problemas de saúde bucal, alheios à pandemia. (R. 33) |
Conflito sobre realizar ou não um atendimento eletivo (2) |
Deixar de atender pacientes que não se enquadram em urgência, conforme as recomendações, e saber que possivelmente ele apresentará uma urgência até o fim da pandemia por eu não tratar o caso não urgente, no momento. (R. 184) |
Cobranças da população (3) |
[...] o desgaste mental em ouvir de alguns pacientes que a dentista não quer trabalhar [...]. (R. 80) |
Medo pela situação da pandemia (3) |
A incerteza das informações sobre Covid vinculada com a morosidade do serviço odontológico nos tempos de pandemia geram uma grande ansiedade. Principalmente acerca do futuro e de um quando voltaremos a um normal possível ou novo normal. (R. 277) |
Protocolos e normas de biossegurança
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Definição de protocolos de biossegurança (1) |
Acredito que a maior dificuldade é a incerteza da correta condução do atendimento baseado em evidência, pela alta quantidade de informações (às vezes contraditórias) e pouca confiabilidade das fontes (ou dificuldade de encontrar a fonte e ter conhecimento suficiente para interpretar se a pesquisa ou fonte é confiável). (R. 38) |
Implementação dos protocolos de biossegurança (1) |
A maior dificuldade é você tentar impor protocolos de segurança baseado em evidências, e colegas e/ou seu chefe de trabalho não ligar para isso. Esse foi o principal motivo de ter ficado afastado por 42 dias sem trabalhar, mas devido à situação financeira, foi preciso retornar ao trabalho e lidar com essas práticas tomando todos os devidos cuidados pelo menos no âmbito individual, já que o coletivo está um caos, o que já é de se esperar como uma reflexão da atual liderança política no Brasil. (R. 98) |
Profissionais sem cuidado ou sem seguir normativas (2) |
Alguns profissionais cometendo graves erros em relação aos protocolos, alguns profissionais da equipe que não se cuidam ou acham que é brincadeira essa pandemia. (R. 47) |
Riscos aumentados (2) |
Seguir atendendo pacientes do grupo de risco para Covid-19 (idosos com mais de 60 anos). (R. 396) |
Condutas heterogêneas (2) |
Meu principal dilema é que tenho cuidado de todas as maneiras da biossegurança e escuto que isso não se faz necessário, pois outros dentistas não o estão fazendo. Tenho conhecimento de vários colegas que sequer usam N95, nem distanciam horários. Estão atendendo normalmente sem qualquer preocupação. A vontade é de denunciar [...] (R. 383) |
Exaustão com o trabalho (3) |
[...] o trabalho exaustivo de troca de barreiras de proteção, higienização e desinfecção do consultório entre consultas; o desconforto no uso dos novos EPI (já ulcerou meu nariz a máscara N95) [...] (R. 80) |
Contaminação
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Atendimentos de contaminados (1) |
Atendimentos a pacientes com sintomas respiratórios, eles não ficam em casa, vem pro atendimento e as clínicas obrigam o CD a atender. (R. 96) |
Tempo entre atendimentos (1) |
O tempo de espera para o atendimento de cada paciente. Para evitar possível contaminação. (R. 7) |
Pacientes que mentem (2) |
Pacientes que omitem terem sintomas ou contato com pessoas positivadas, os assintomáticos e o desconhecimento sobre o vírus, onde tudo ainda é inconclusivo. (R. 701) |
Pacientes descuidados (2) |
A falta de respeito que a população tem com nós, profissionais de saúde, muitas das vezes sabendo que está testando positivo vem no posto, consulta por todos os setores, depois fala que é positivo a gente fica insegura. (R. 333) |
Disseminação e contaminação cruzada (2) |
Insegurança de ser contaminado e passar adiante. (R. 524) |
Medo da contaminação (3) |
Me sinto com medo de contaminação e já me afastei por 10 dias do trabalho devido sintomas de ansiedade. (R. 753) |
Comportamento pós-atendimento (3) |
Medo de passar doença para meus familiares, principalmente os que fazem parte de grupo de risco. (R. 698) |
Apreensão com a própria saúde (3) |
Devido minha condição de risco, fico mais ansiosa e preocupada, pensando em minha família e minha própria saúde, e a preocupação de tornar o ambiente de trabalho o melhor possível, para que também os pacientes e os colegas tenham confiança em mim, e que também o município conte com meu trabalho na saúde. (R. 250) |
Gestão do trabalho
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Recursos humanos (1) |
A adaptação com as novas rotinas: o fato de não estar podendo fazer os procedimentos que geram aerossol, fazer manualmente gera muito mais tempo, desgaste físico e não fica tão bom quanto; estar trabalhando sem ASB em decorrência desta estar afastada das suas atividades desde o início da pandemia por pertencer ao grupo de risco [gestor não repôs outro profissional para substituí-la]; [...] não ter nenhum tipo de orientação da gestão municipal de como devemos proceder [há apenas um colega dentista repassando as orientações vindas da área técnica de saúde bucal]. (R. 80) |
Manutenção da qualidade no atendimento (1) |
Conseguir realizar um bom atendimento, sem que ambas as partes fiquem insatisfeitas. (R. 15) |
Estrutura física (1) |
Falta de estrutura física do consultório odontológico (muito apertado e mal ventilado, móveis improvisados, compressor que não funciona direito e ausência de bomba a vácuo), limpeza e coleta de lixo inadequadas no consultório (tem dias que a moça da limpeza não limpa o chão e não coleta o lixo), dificuldade em conseguir mais canetas de alta rotação e baixa rotação em quantidades adequadas para poder atender todos os pacientes com as canetas esterilizadas, dificuldade em conseguir materiais de isolamento em quantidade suficiente para todos os atendimentos, dificuldade técnica por parte da auxiliar em como atender de modo seguro sem contaminar tudo ao redor durante o atendimento e na paramentação/desparamentação. (R. 75) |
Colaboração e trabalho em equipe (1) |
Lidar com a multiprofissionalidade. (R. 27) |
Disponibilidade de material e estrutura para a biossegurança (1) |
Ausência de material de isolamento absoluto, ter que reaproveitar EPI (jaleco), fazer atendimento eletivo e de urgência, a falta de EPIs é uma das principais dificuldades que tenho encontrado, além de uma sala de atendimento pouco arejada e pequena, tornando difícil o processo de desinfecção, além da falta de capacitação dos profissionais dos serviços gerais quanto à limpeza da sala entre os atendimentos de urgência e emergência. Falta de EPI para atendimentos de urgência e emergência. (R. 61) |
Custo, falta e uso inadequado do EPI (2) |
Ter que realizar atendimentos com o mesmo EPI por falta de fornecimento dos mesmos por não ter produção ou entrega por parte dos fornecedores, com isso, ter que ficar reutilizando alguns EPIs por um tempo mais prolongado, o que gera uma sensação de insegurança. (R. 415) |
Descaso ou ação inadequada da gestão com trabalhadores (2) |
O descaso com o profissional de saúde bucal, que muitas vezes é ignorado como profissional de saúde. (R. 139) |
Conduta do governo nacional (2) |
Discordância das orientações fornecidas pelos governos, principalmente o federal, muitas vezes dissonante das evidências científicas. (R. 724) |
Descaso de colegas com pacientes (2) |
Preguiça de alguns profissionais tratando com descaso pacientes. (R. 345) |
Trabalhadores que não informam sobre contaminados (2) |
A equipe de enfermagem não informa o nome dos usuários infectados pela Covid-19, então, muitas vezes, acabamos atendendo ou tendo contato com pessoas que deviam estar isoladas e não estão. (R. 407) |
Incompreensões ou discordâncias na equipe (2) |
Pressão de outros funcionários, de outras categorias, não compreendendo o serviço odontológico e comparando com consultas médicas. (R. 237) |
Sofrimentos associados à organização do trabalho e ao contexto da pandemia (3) |
Ansiedade, insônia, ataques de pânico frequentes, crises de choro, sem vontade de levantar da cama para trabalhar. (R. 178) É mais correto dizer que o meu trabalho afeta minha condição emocional, pois não poder seguir com os atendimentos me deixou fragilizada. Quando consigo atender um paciente de forma resolutiva, estou bem. O fato de não haver vacina ou remédio para a Covid-19 nos deixou com muito medo de receber os pacientes na unidade. O profissional usa EPIs e, em tese, sabe como se proteger, mas os pacientes que chegam até nós podem não ter a informação necessária ou não a compreender. (R. 300) |