Resumo
Este estudo teve como objetivo descrever os métodos de pesquisa e instrumentos utilizados na avaliação de estratégias de educação interprofissional para a tomada de decisão compartilhada em farmacoterapia. Os tipos de avaliação empregados foram categorizados segundo o modelo adaptado de Kirkpatrick. Foi conduzida uma revisão de escopo, seguindo as recomendações do Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses Extension for Scoping Reviews (Prisma-ScR). Entre os 21 estudos selecionados, houve predomínio dos métodos quantitativos na avaliação das experiências educacionais (n=18). Destes, o aspecto mais comum avaliado foi “atitudes e percepções dos estudantes em relação à educação e à prática interprofissional”, por meio de instrumentos validados (n=13). Foram identificados dez diferentes instrumentos, que se mostraram em conformidade com as competências colaborativas do Interprofessional Education Collaborative. A variedade de instrumentos sinaliza a crescente produção de conhecimento acerca do assunto, mas aponta o desafio de realizar análises comparativas entre experiências educacionais ao redor do mundo.
Educação interprofissional; Tomada de decisão compartilhada; Avaliação de programas e instrumentos de pesquisa; Revisão
Resumen
El objetivo de este estudio es describir los métodos de investigación e instrumentos utilizados en la evaluación de estrategias de educación interprofesional para la toma de decisiones compartida en farmacoterapia. Los tipos de evaluación empleados se caracterizaron según el modelo adaptado de Kirkpatrick. Se realizó una revisión de alcance, siguiendo las recomendaciones del PRISMA-ScR. Entre los 21 estudios seleccionados, predominaron los métodos cuantitativos en la evaluación de las experiencias educativas (n=18). De ellos, el aspecto más común evaluado fue el de “actitudes y percepciones de los alumnos con relación a la educación y a la práctica interprofesional", por medio de instrumentos validados (n=13). Se identificaron diez diferentes instrumentos, que se mostraron en conformidad con las competencias colaborativas del Interprofessional Education Collaborative . La variedad de instrumentos señala la creciente producción de conocimiento sobre el asunto, pero muestra el desafío de realizar análisis comparativos entre experiencias educativas alrededor del mundo.
Educación interprofesional; Toma de decisiones compartida; Evaluación de programas e instrumentos de investigación; Revisión
Abstract
This study aimed to describe the research methods and instruments used in the evaluation of interprofessional education strategies for shared decision making in drug therapy. The types of evaluation employed were categorized according to Kirkpatrick’s adapted model. A scoping review was conducted, following the PRISMA-ScR recommendations. Among the 21 selected studies, there was a predominance of quantitative methods in the evaluation of educational experiences (n=18). Of these, the most common aspect evaluated was “students’ attitudes and perceptions towards interprofessional education and practice” by means of validated instruments (n=13). Ten different instruments were identified and found to be in line with the Interprofessional Education Collaborative competencies. The variety of instruments signals the growing production of knowledge about this topic, but points to the challenge of conducting comparative analyses between educational experiences around the world.
Interprofessional education; Decision making, shared; Evaluation of research programs and tools; Review
Introdução
A farmacoterapia é um dos recursos mais utilizados nos sistemas de saúde atuais para prevenção, manutenção e recuperação da saúde. No entanto, a prescrição e a utilização inapropriada de medicamentos vêm causando grandes danos à saúde das pessoas, havendo necessidade de intervenções para minimizar a morbimortalidade decorrente11. Instituto para Práticas Seguras no Uso de Medicamentos. Polifarmácia: quando muito é demais? ISMP Brasil [Internet]. 2018 [citado 20 Ago 2022]; 7(3):1-8. Disponível em: https://www.ismp-brasil.org/site/wp-content/uploads/2018/12/BOLETIM-ISMP-NOVEMBRO.pdf
https://www.ismp-brasil.org/site/wp-cont...
. A interação de dois ou mais profissionais da Saúde para a tomada de decisão em farmacoterapia é necessária para a melhora de resultados na saúde dos pacientes22. Institute of Medicine. Measuring the impact of interprofessional education on collaborative practice and patient outcomes. Washington: National Academies Press; 2015. , 33. Reeves S, Perrier L, Goldman J, Freeth D, Zwarenstein M. Interprofessional education: effects on professional practice and health-care outcomes (update). Cochrane Database Syst Rev. 2013; (3):CD002213. .
O compartilhamento da tomada de decisão acontece quando profissionais de Saúde e pacientes colaboram entre si, a melhor evidência é compartilhada e as preferências dos pacientes são respeitadas, sendo estes considerados como membros efetivos da equipe de saúde44. McCormack J, Elwyn G. Shared decision is the only outcome that matters when it comes to evaluating evidence-based practice. BMJ Evid Based Med. 2018; 23(4):137-9. . Nesse contexto, torna-se importante a abordagem da tomada de decisão compartilhada em farmacoterapia na formação de futuros profissionais para o trabalho interprofissional em saúde.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a educação interprofissional (EIP) “ocorre quando estudantes de duas ou mais profissões aprendem sobre os outros, com os outros e entre si para possibilitar a colaboração eficaz e melhorar os resultados na saúde”55. Organização Mundial de Saúde. Marco para ação em educação interprofissional e prática colaborativa. Genebra: OMS; 2010. (p. 7). Portanto, a EIP tem como objetivo final garantir uma atenção à saúde segura e eficaz66. Reeves S. Why we need interprofessional education to improve the delivery of safe and effective care. Interface (Botucatu). 2016; 20(56):185-96. , 77. Gontijo ED, Freire Filho JR, Foster AC. Educação interprofissional em saúde: abordagem na perspectiva de recomendações internacionais. Cad Cuidado. 2019; 3(2):20-38. .
Iniciativas de EIP têm sido desenvolvidas nas graduações em Saúde em diferentes países, apresentando resultados positivos88. Guraya SY, Barr H. The effectiveness of interprofessional education in healthcare: a systematic review and meta-analysis. Kaohsiung J Med Sci. 2018; 34(3):160-5.
9. Reeves S, Fletcher S, Barr H, Birch I, Boet S, Davies N, et al. A BEME systematic review of the effects of interprofessional education: BEME Guide No. 39. Med Teach. 2016; 38(7):656-68.
10. Muller JL, Brustulin N, Paz PO, Kaiser DE, Duarte ERM. A prática interprofissional e a formação dos profissionais de saúde: uma revisão integrativa. Saude Redes. 2022; 8 Supl 1:15-35. - 1111. Spaulding EM, Marvel FA, Jacob E, Rahman A, Hansen BR, Hanyok LA, et al. Interprofessional education and collaboration among healthcare students and professionals: a systematic review and call for action. J Interprof Care. 2021; 35(4):612-21. . Para auxiliar no desenvolvimento dessas atividades educacionais, 38 competências-chave para a prática colaborativa interprofissional foram definidas e organizadas pelo Interprofessional Education Collaborative (IPEC); e subdivididas em quatro domínios: valores e ética; papéis e responsabilidades; comunicação interprofissional; e trabalho em equipe1212. Interprofessional Education Collaborative. Core competencies for interprofessional collaborative practice: report of an expert panel. Washington: IPEC; 2011. , 1313. Interprofessional Education Collaborative. Core competencies for interprofessional collaborative practice: 2016 update. Washington: IPEC; 2016. .
Tendo em vista a importância de se fomentar e conhecer a forma como as experiências educacionais interprofissionais têm sido implementadas, é necessário também conhecer como a avaliação dessas atividades tem sido conduzida nas pesquisas. Neste artigo, entende-se o termo “avaliação” como o processo de coleta de evidências que permitem o julgamento da efetividade e do valor de uma atividade educacional1414. Reeves S, Boet S, Zierler B, Kitto S. Interprofessional education and practice Guide No. 3: evaluating interprofessional education. J Interprof Care. 2015; 29(4):305-12. .
Peltonen et al .1515. Peltonen J, Leino-Kilpi H, Heikkilä H, Rautava P, Tuomela K, Siekkinen M, et al. Instruments measuring interprofessional collaboration in healthcare - a scoping review. J Interprof Care. 2019; 34(2):147-61. realizaram uma revisão de escopo sobre os instrumentos existentes para mensuração da colaboração interprofissional em saúde, com foco nos profissionais em serviço, sem o olhar específico para a avaliação dos estudantes em formação que participam das atividades de EIP.
Com base no exposto, uma revisão de escopo foi conduzida por nossa equipe de pesquisa para identificar estudos que descrevem e avaliam experiências de EIP envolvendo aspectos sobre a tomada de decisão em farmacoterapia1616. Detoni KB, André AL, Rezende CP, Furtado BT, Mendonça SAM, Ramalho-de-Oliveira D. Interprofessional education for shared decision making in drug therapy: a scoping review. J Interprof Care. 2022; 1-13. . O presente estudo é um desdobramento dessa revisão e tem como objetivos específicos descrever os métodos de pesquisa e os instrumentos empregados na avaliação de tais experiências educacionais na perspectiva do estudante, assim como analisar os instrumentos quantitativos que avaliam “atitudes e percepções dos estudantes em relação à educação e à prática interprofissional” referente às competências-chave colaborativas1313. Interprofessional Education Collaborative. Core competencies for interprofessional collaborative practice: 2016 update. Washington: IPEC; 2016. .
Metodologia
Foi conduzida uma revisão de escopo, que compreende um tipo de estudo adequado para mapear a literatura disponível em determinada área de pesquisa, sendo incluída toda a literatura relevante, independentemente da qualidade metodológica, uma vez que o objetivo é justamente apresentar um panorama sobre um determinado tema1717. Cordeiro L, Soares CB. Revisão de escopo: potencialidades para a síntese de metodologias utilizadas em pesquisa primária qualitativa. BIS Bol Inst Saude. 2019; 20(2):37-43. , 1818. Peters MDJ, Godfrey C, McInerney P, Munn Z, Tricco AC, Khalil H. Scoping reviews. In: Aromataris E, Munn Z, editors. JBI manual for evidence synthesis. Adelaide: JBI; 2020. Chap. 11, p. 406-51. .
O protocolo da revisão foi desenvolvido usando a estrutura metodológica proposta pelo Joanna Briggs Institute1818. Peters MDJ, Godfrey C, McInerney P, Munn Z, Tricco AC, Khalil H. Scoping reviews. In: Aromataris E, Munn Z, editors. JBI manual for evidence synthesis. Adelaide: JBI; 2020. Chap. 11, p. 406-51. e foi registrado no Open Science Framework (osf.io/kfy27). Esta revisão segue o Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses Extension for Scoping Reviews (Prisma-ScR)1919. Tricco AC, Lillie E, Zarin W, O’Brien KK, Colquhoun H, Levac D, et al. PRISMA extension for scoping reviews (PRISMAScR): checklist and explanation. Ann Intern Med. 2018; 169(7):467-73. .
Busca sistemática e elaboração da pergunta de pesquisa
Foi preparada uma estratégia de busca utilizando o acrônimo PCC – sendo que “P” refere-se à população; “C”, ao conceito; e o segundo “C”, ao contexto1818. Peters MDJ, Godfrey C, McInerney P, Munn Z, Tricco AC, Khalil H. Scoping reviews. In: Aromataris E, Munn Z, editors. JBI manual for evidence synthesis. Adelaide: JBI; 2020. Chap. 11, p. 406-51. – com o objetivo de identificar estudos primários que descrevem e avaliam experiências de EIP envolvendo a tomada de decisão em farmacoterapia. Os resultados obtidos nesta revisão originaram dois estudos: o primeiro, já publicado, tem como foco as abordagens de ensino e aprendizagem utilizadas nesse contexto1616. Detoni KB, André AL, Rezende CP, Furtado BT, Mendonça SAM, Ramalho-de-Oliveira D. Interprofessional education for shared decision making in drug therapy: a scoping review. J Interprof Care. 2022; 1-13. . Já no presente estudo, os artigos foram analisados para responder à seguinte pergunta: quais os métodos de pesquisa e instrumentos empregados na avaliação dessas experiências em EIP para tomada de decisão em farmacoterapia, na perspectiva do estudante?
As buscas foram realizadas em sete bases de dados: Medline (PubMed), Excerpta Medica Database (Embase), Cochrane Library, PsycInfo, Education Resources Information Center (Eric), Cumulative Index to Nursing and Allied Health Literature (CINAHL) e Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (Lilacs). Para cada base de dados, uma estratégia específica foi construída com os descritores MeSH ou seus descritores DeCs correspondentes em inglês e português, e a combinação deles com seus sinônimos (estratégias de busca disponíveis na plataforma Open Science Framework: osf.io/kfy27).
A busca manual foi conduzida por meio da verificação das referências de todos os estudos incluídos e da pesquisa referente aos últimos dez anos nos três periódicos que obtiveram o maior número de artigos recuperados na busca: Journal of Interprofessional Care, Currents in Pharmacy Teaching and Learning e American Journal of Pharmaceutical Education.
Critérios de elegibilidade
Foram empregados os seguintes critérios de inclusão: estudos primários com todos os desenhos metodológicos que respondessem à pergunta de pesquisa; e artigos escritos em inglês, português ou espanhol, sem restrição de data de publicação. Foram excluídos: artigos de revisão; artigos cuja população não era composta por pelo menos dois ou mais alunos de graduação em Saúde e Assistência Social; e artigos que não abordaram a experiência de EIP a respeito da tomada de decisão sobre farmacoterapia.
Seleção de estudos; e extração e análise de dados
Os artigos identificados na busca, após a retirada de duplicatas, foram reunidos no software Rayyan®2020. Ouzzani M, Hammady H, Fedorowicz Z, Elmagarmid A. Rayyan—a web and mobile app for systematic reviews. Syst Rev. 2016; 5(210):1-10. . O processo de seleção dos artigos foi conduzido por quatro pesquisadoras independentes trabalhando em duplas (Kirla Barbosa Detoni e Ariane Lopes André; Cristiane de Paula Rezende e Bárbara Taciana Furtado), em duas etapas: (1) triagem de título e resumo; e (2) leitura de texto completo. As discrepâncias foram resolvidas por consenso e discussão com uma quinta revisora (Simone de Araújo Medina Mendonça).
Os dados extraídos dos artigos selecionados foram organizados em uma planilha de Excel®, desenvolvida pela equipe de pesquisadoras. As duplas de pesquisadoras extraíram os dados de maneira independente. Posteriormente, em conjunto, a equipe realizou a discussão das informações coletadas e a atualização da planilha. Foram coletados dados relacionados aos seguintes aspectos: a) características do estudo (país de origem e ano de publicação); b) objetivos da pesquisa; c) métodos de pesquisa e instrumentos utilizados para avaliação das experiências educacionais; e d) validação dos instrumentos quantitativos na língua original e no Brasil.
Os resultados foram sintetizados de forma narrativa e foi conduzida uma análise descritiva, sendo determinadas medidas de frequência absoluta e relativa. Os tipos de avaliação empregados nos estudos foram categorizados segundo o modelo adaptado de Kirkpatrick2121. Barr H, Koppel I, Reeves S, Hammick M, Freeth D. Effective interprofessional education: argument, assumption and evidence. London: Blackwell; 2005. , que é uma versão ligeiramente modificada do modelo original2222. Kirkpatrick D. Great ideas revisited: revisiting Kirkpatrick’s four-level model. Train Dev. 1996; 50(1):54-9. , ampliada com a adição de dois itens de avaliação nos níveis 2 e 4, e que tem sido sugerida por estudiosos na área de EIP1414. Reeves S, Boet S, Zierler B, Kitto S. Interprofessional education and practice Guide No. 3: evaluating interprofessional education. J Interprof Care. 2015; 29(4):305-12. . Esse modelo adaptado apresenta os seguintes níveis de avaliação: reação, contemplando a perspectiva dos participantes sobre a experiência educacional (nível 1); modificação de atitudes e percepções dos estudantes (nível 2a); aquisição de conhecimentos e habilidades (nível 2b); mudança de comportamento, contemplando a aplicação do aprendizado na prática (nível 3); mudanças organizacionais (nível 4a); e benefício para pacientes/usuários (nível 4b).
O conteúdo dos instrumentos quantitativos validados utilizados para a avaliação da modificação de atitudes e percepções dos estudantes em relação à educação e à prática interprofissional foi analisado conforme as competências colaborativas propostas pelo IPEC1313. Interprofessional Education Collaborative. Core competencies for interprofessional collaborative practice: 2016 update. Washington: IPEC; 2016. . Para isso, foi realizada a busca da versão completa desses instrumentos. Os itens de cada instrumento foram analisados pela autora principal e categorizados em um dos quatro domínios das competências-chave do IPEC: valores e ética; papéis e responsabilidades; comunicação interprofissional; e trabalho em equipe. A categorização foi feita comparando-se o conteúdo dos itens dos instrumentos com a descrição das competências e subcompetências do documento oficial do IPEC (versão 2016)1313. Interprofessional Education Collaborative. Core competencies for interprofessional collaborative practice: 2016 update. Washington: IPEC; 2016. . Em seguida, foram realizadas reuniões com Kirla Barbosa Detoni e Simone de Araújo Medina Mendonça para análise colaborativa da categorização desses itens.
Resultados e discussão
Foram identificadas cinco mil publicações nas bases de dados e 1.261 foram excluídas devido à duplicidade. Foram selecionados para leitura completa 103 artigos, sendo 42 oriundos das buscas nas bases de dados e 61, da busca manual. Ao final, foram incluídos 21 estudos nesta revisão de escopo ( figura 1 ). As características gerais dos estudos estão descritas no quadro 1 .
Características gerais dos estudos incluídos na presente revisão de escopo sobre métodos e instrumentos utilizados na avaliação da educação interprofissional para a tomada de decisão compartilhada em farmacoterapia
O ano de publicação dos estudos variou de 1995 a 2020, sendo 90% (n=19) destes publicados após 2010, o que mostra que o interesse pela temática aumentou nos últimos anos. Nessa revisão, também ficou evidente a carência de estudos em EIP publicados no Hemisfério Sul. Quase a totalidade das pesquisas foi conduzida na América do Norte (n=10; 47%) e na Europa (n=9; 43%); além da Ásia (n=2; 9%) e Oceania (n=1; 4%).
Avaliando os artigos segundo o modelo adaptado de Kirkpatrick2121. Barr H, Koppel I, Reeves S, Hammick M, Freeth D. Effective interprofessional education: argument, assumption and evidence. London: Blackwell; 2005. , seis estudos2323. Robertson KE, Mcdaniel AM. Interdisiplinary professional education: a collaborative clinical teaching project. Am J Pharm Educ. 1995; 59(1):131-6. , 2424. Greene RJ, Cavell GF, Jackson SH. Interprofessional clinical education of medical and pharmacy students. Med Educ. 1996; 30(2):129-33. , 2828. Saunders C, Smith A, Watson H, Nimmo A, Morrison M, Fawcett T, et al. The experience of interdisciplinary peer-assisted learning (PAL). Clin Teach. 2012; 9(6):398-402. , 3434. Monteiro K, Dumenco L, Collins S, Bratberg J, MacDonnell C, Jacobson A, et al. An interprofessional education workshop to develop health professional student opioid misuse knowledge, attitudes, and skills. J Am Pharm Assoc (2003). 2017; 57(2S):S113-7. , 4141. Sehgal M, Nassetta KR, Bamdas JAM, Sourial M. First do no ‘pharm’: educating medical and pharmacy students on the essentials of medication management. Curr Pharm Teach Learn. 2019; 11(9):920-7. , 4242. Pisano M, Mazzola N, Block L, Ezzo D, Lu C, Coletti DJ. An interprofessional experience in diabetes management for pharmacy and medical students. Curr Pharm Teach Learn. 2020; 12(4):459-64. apresentaram a perspectiva dos estudantes sobre a experiência educacional (nível 1), e 15 estudos2525. Stewart M, Purdy J, Kennedy N, Burns A. An interprofessional approach to improving paediatric medication safety. BMC Med Educ. 2010; 10(1):1-7.
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27. Taylor D, Yuen S, Hunt L, Emond A. An interprofessional pediatric prescribing workshop. Am J Pharm Educ. 2012; 76(6):111. - 2828. Saunders C, Smith A, Watson H, Nimmo A, Morrison M, Fawcett T, et al. The experience of interdisciplinary peer-assisted learning (PAL). Clin Teach. 2012; 9(6):398-402. , 3131. Anderson E, Lakhani N. Interprofessional learning on polypharmacy. Clin Teach. 2016; 13(4):291-7. , 3434. Monteiro K, Dumenco L, Collins S, Bratberg J, MacDonnell C, Jacobson A, et al. An interprofessional education workshop to develop health professional student opioid misuse knowledge, attitudes, and skills. J Am Pharm Assoc (2003). 2017; 57(2S):S113-7. , 3838. Kostas T, Thomas J, Thompson K, Poston J, Levine S. Improving medical and pharmacy student confidence in medication management and attitudes about interprofessional collaboration by utilizing an interprofessional module. J Interprof Care. 2018; 32(6):790-3. , 4343. Pittenger AL, Goodroad B, Nicol M, Durgin EN, Eveland L, Kaiser R, et al. Interprofessional education within a pilot HIV-care elective course. Am J Pharm Educ. 2019; 83(10):7402. . Os estudos não contemplaram os níveis de avaliação educacional nos seguintes quesitos: mudança de comportamento (nível 3) e mudanças organizacionais (nível 4a). O benefício para pacientes/usuários (nível 4b) foi contemplado por Branch-Mays et al .3333. Branch-Mays GL, Pittenger AL, Williamson K, Milone A, Hein E, Thierer T. An interprofessional education and collaborative practice model for Dentistry and Pharmacy. J Dent Educ. 2017; 81(12):1413-20. . É importante destacar que alguns estudos incluíram a avaliação educacional em mais de um nível.
Similar aos resultados encontrados neste estudo, outras revisões da literatura apontam que a maioria das pesquisas em EIP apresentam avaliações referentes aos níveis 1-2b, que têm foco nos resultados relacionados à aprendizagem dos estudantes a curto prazo99. Reeves S, Fletcher S, Barr H, Birch I, Boet S, Davies N, et al. A BEME systematic review of the effects of interprofessional education: BEME Guide No. 39. Med Teach. 2016; 38(7):656-68. . Em geral, esses resultados são apropriados para educadores e organizações educacionais e profissionais. Contudo, os autores dessas revisões destacam que é necessário que mais pesquisas avaliem as mudanças que a EIP pode provocar no contexto real da prática clínica (nível 4), incluindo as mudanças organizacionais e benefícios para pacientes e usuários, uma vez que esses resultados podem ser mais apropriados para stakeholders nacionais, como gestores, formuladores de políticas. O instituto de Medicina dos Estados Unidos também reforça a necessidade de as pesquisas avaliarem a conexão entre a EIP e seu impacto na prática, incluindo o impacto na saúde do paciente e da população e nos resultados para o sistema de Saúde como um todo22. Institute of Medicine. Measuring the impact of interprofessional education on collaborative practice and patient outcomes. Washington: National Academies Press; 2015. .
Dois estudos utilizaram exclusivamente instrumentos de avaliação qualitativos2626. Haddad AR, Coover KL, Faulkner M. Development and incorporation of an interprofessional experience into a geriatric pharmacy elective: the first-year experience. Curr Pharm Teach Learn. 2011; 3(2):116-22. , 4141. Sehgal M, Nassetta KR, Bamdas JAM, Sourial M. First do no ‘pharm’: educating medical and pharmacy students on the essentials of medication management. Curr Pharm Teach Learn. 2019; 11(9):920-7. e sete empregaram métodos de avaliação tanto qualitativos quanto quantitativos2525. Stewart M, Purdy J, Kennedy N, Burns A. An interprofessional approach to improving paediatric medication safety. BMC Med Educ. 2010; 10(1):1-7. , 2828. Saunders C, Smith A, Watson H, Nimmo A, Morrison M, Fawcett T, et al. The experience of interdisciplinary peer-assisted learning (PAL). Clin Teach. 2012; 9(6):398-402. , 3030. Hardisty J, Scott L, Chandler S, Pearson P, Powell S. Interprofessional learning for medication safety. Clin Teach. 2014; 11(4):290-6. , 3131. Anderson E, Lakhani N. Interprofessional learning on polypharmacy. Clin Teach. 2016; 13(4):291-7. , 3636. Giuliante MM, Greenberg SA, McDonald MV, Squires A, Moore R, Cortes TA. Geriatric interdisciplinary team training 2.0: a collaborative team-based approach to delivering care. J Interprof Care. 2018; 32(5):629-33. , 3939. Chua SS, Lai PSM, Sim SM, Tan CH, Foong CC. Acceptance of interprofessional learning between medical and pharmacy students in a prescribing skills training workshop: pre-post intervention study. BMC Med Educ. 2019; 19(1):101. , 4343. Pittenger AL, Goodroad B, Nicol M, Durgin EN, Eveland L, Kaiser R, et al. Interprofessional education within a pilot HIV-care elective course. Am J Pharm Educ. 2019; 83(10):7402. . Os métodos de coleta de dados qualitativos empregados nesses estudos incluíram: questões abertas incluídas ao final de instrumentos quantitativos (n=5)2525. Stewart M, Purdy J, Kennedy N, Burns A. An interprofessional approach to improving paediatric medication safety. BMC Med Educ. 2010; 10(1):1-7. , 2828. Saunders C, Smith A, Watson H, Nimmo A, Morrison M, Fawcett T, et al. The experience of interdisciplinary peer-assisted learning (PAL). Clin Teach. 2012; 9(6):398-402. , 3131. Anderson E, Lakhani N. Interprofessional learning on polypharmacy. Clin Teach. 2016; 13(4):291-7. , 4141. Sehgal M, Nassetta KR, Bamdas JAM, Sourial M. First do no ‘pharm’: educating medical and pharmacy students on the essentials of medication management. Curr Pharm Teach Learn. 2019; 11(9):920-7. , 4343. Pittenger AL, Goodroad B, Nicol M, Durgin EN, Eveland L, Kaiser R, et al. Interprofessional education within a pilot HIV-care elective course. Am J Pharm Educ. 2019; 83(10):7402. ; feedback reflexivo em grupo (n=2)2626. Haddad AR, Coover KL, Faulkner M. Development and incorporation of an interprofessional experience into a geriatric pharmacy elective: the first-year experience. Curr Pharm Teach Learn. 2011; 3(2):116-22. , 3737. Motycka C, Egelund EF, Gannon J, Genuardi F, Gautam S, Stittsworth S, et al. Using interprofessional medication management simulations to impact student attitudes toward teamwork to prevent medication errors. Curr Pharm Teach Learn. 2018; 10(7):982-9. e grupo focal (n=1)3636. Giuliante MM, Greenberg SA, McDonald MV, Squires A, Moore R, Cortes TA. Geriatric interdisciplinary team training 2.0: a collaborative team-based approach to delivering care. J Interprof Care. 2018; 32(5):629-33. . Hardisty et al .3030. Hardisty J, Scott L, Chandler S, Pearson P, Powell S. Interprofessional learning for medication safety. Clin Teach. 2014; 11(4):290-6. utilizaram múltiplos métodos de coleta de dados, incluindo observação, entrevistas e grupos focais. Os métodos de avaliação qualitativos empregados, de forma geral, foram pontuais e não incluíram a complexidade e a profundidade demandadas nas pesquisas qualitativas. Esses resultados, portanto, destacam a necessidade de aprofundar e conduzir pesquisas qualitativas mais robustas para compreender melhor os processos e as relações envolvidas na oferta de atividades educacionais interprofissionais.
Todos os estudos que conduziram pesquisa quantitativa para avaliação da atividade educacional empregaram desenho de estudo transversal com a aplicação de questionário estruturado (n=18). Desses, 16 estudos realizaram avaliação pré e pós-intervenção educacional, e dois realizaram aplicação de questionário somente após a intervenção2323. Robertson KE, Mcdaniel AM. Interdisiplinary professional education: a collaborative clinical teaching project. Am J Pharm Educ. 1995; 59(1):131-6. , 2424. Greene RJ, Cavell GF, Jackson SH. Interprofessional clinical education of medical and pharmacy students. Med Educ. 1996; 30(2):129-33. . De fato, entre as ferramentas de avaliação de atividades de EIP, os questionários estruturados têm sido os mais utilizados4444. Abu-Rish E, Kim S, Choe L, Varpio L, Malik E, White AA, et al. Current trends in interprofessional education of health sciences students: a literature review. J Interprof Care. 2012; 26(6):444-51. , possivelmente por sua facilidade de aplicação e análise dos dados.
Reeves et al .1414. Reeves S, Boet S, Zierler B, Kitto S. Interprofessional education and practice Guide No. 3: evaluating interprofessional education. J Interprof Care. 2015; 29(4):305-12. publicaram, em 2015, um guia para melhorar a qualidade das avaliações das iniciativas de EIP, com o intuito de gerar evidências mais robustas. Os autores destacam que, independentemente do tipo de pesquisa (quantitativa ou qualitativa), quesitos essenciais devem ser levados em consideração durante o planejamento da avaliação, como a definição do objetivo com base no contexto de aprendizagem, estrutura conceitual do projeto, nível acadêmico dos alunos e formulação da pergunta que se pretende responder com essa avaliação específica. Os autores também destacam a importância de identificar e engajar diferentes partes interessadas no processo avaliativo.
Essa revisão mostrou que instrumentos quantitativos validados são amplamente usados para avaliar as experiências educacionais. No total, foram identificados 12 instrumentos apresentados como validados nesses estudos. Dois deles têm como objetivo a avaliação dos estudantes em relação à “aquisição de conhecimentos e habilidades clínicas específicas”, no que tange à overdose de opioides3434. Monteiro K, Dumenco L, Collins S, Bratberg J, MacDonnell C, Jacobson A, et al. An interprofessional education workshop to develop health professional student opioid misuse knowledge, attitudes, and skills. J Am Pharm Assoc (2003). 2017; 57(2S):S113-7. e à síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS)4343. Pittenger AL, Goodroad B, Nicol M, Durgin EN, Eveland L, Kaiser R, et al. Interprofessional education within a pilot HIV-care elective course. Am J Pharm Educ. 2019; 83(10):7402. . Dez instrumentos têm como objetivo avaliar a modificação de atitudes e percepções dos estudantes em relação à educação e à prática interprofissional, a saber:
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AITCS II3636. Giuliante MM, Greenberg SA, McDonald MV, Squires A, Moore R, Cortes TA. Geriatric interdisciplinary team training 2.0: a collaborative team-based approach to delivering care. J Interprof Care. 2018; 32(5):629-33.
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IEPS3535. Patel K, Desai U, Paladine H. Development and implementation of an interprofessional pharmacotherapy learning experience during an advanced pharmacy practice rotation in primary care. Curr Pharm Teach Learn. 2018; 10(7):990-5.
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ISVS2929. Hoti K, Forman D, Hughes J. Evaluating an interprofessional disease state and medication management review model. J Interprof Care. 2014; 28(2):168-70.
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RIPLS2525. Stewart M, Purdy J, Kennedy N, Burns A. An interprofessional approach to improving paediatric medication safety. BMC Med Educ. 2010; 10(1):1-7. , 3030. Hardisty J, Scott L, Chandler S, Pearson P, Powell S. Interprofessional learning for medication safety. Clin Teach. 2014; 11(4):290-6. , 4242. Pisano M, Mazzola N, Block L, Ezzo D, Lu C, Coletti DJ. An interprofessional experience in diabetes management for pharmacy and medical students. Curr Pharm Teach Learn. 2020; 12(4):459-64.
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SATP2C3232. Wang J, Hu X, Liu J, Li L. Pharmacy students’ attitudes towards physician pharmacist collaboration: Intervention effect of integrating cooperative learning into an interprofessional team-based community service. J Interprof Care. 2016; 30(5):591-8. , 4040. Perisin AS, Mestrovica A, Bozicb J, Kacica J, Bukica J, Leskur D, et al. Interprofessional pharmacotherapy workshop: Intervention to improve health professionals’ and students’ attitudes towards collaboration between physicians and pharmacists. J Interprof Care. 2019; 33(5):456-63.
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T-TAQ3737. Motycka C, Egelund EF, Gannon J, Genuardi F, Gautam S, Stittsworth S, et al. Using interprofessional medication management simulations to impact student attitudes toward teamwork to prevent medication errors. Curr Pharm Teach Learn. 2018; 10(7):982-9.
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SPICE3838. Kostas T, Thomas J, Thompson K, Poston J, Levine S. Improving medical and pharmacy student confidence in medication management and attitudes about interprofessional collaboration by utilizing an interprofessional module. J Interprof Care. 2018; 32(6):790-3.
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ICCAS4343. Pittenger AL, Goodroad B, Nicol M, Durgin EN, Eveland L, Kaiser R, et al. Interprofessional education within a pilot HIV-care elective course. Am J Pharm Educ. 2019; 83(10):7402.
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SAIL-103939. Chua SS, Lai PSM, Sim SM, Tan CH, Foong CC. Acceptance of interprofessional learning between medical and pharmacy students in a prescribing skills training workshop: pre-post intervention study. BMC Med Educ. 2019; 19(1):101.
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UWE2727. Taylor D, Yuen S, Hunt L, Emond A. An interprofessional pediatric prescribing workshop. Am J Pharm Educ. 2012; 76(6):111.
Esses dez instrumentos destacados eram previamente validados na literatura na língua inglesa, com exceção daquele utilizado por Chua et al .3939. Chua SS, Lai PSM, Sim SM, Tan CH, Foong CC. Acceptance of interprofessional learning between medical and pharmacy students in a prescribing skills training workshop: pre-post intervention study. BMC Med Educ. 2019; 19(1):101. , que foi desenvolvido e validado pelos próprios autores. Os instrumentos AITCS II, IEPS, ISVS, RIPLS e SATP2C foram validados para o português brasileiro. A variedade de instrumentos validados identificados sinaliza a crescente produção de conhecimento acerca do assunto, mas, por outro lado, também aponta o desafio de realizar análises comparativas entre experiências educacionais interprofissionais ao redor do mundo. Não foi objetivo do presente estudo realizar a análise da qualidade dos processos de validação dos instrumentos.
Os itens presentes nos instrumentos validados que avaliaram a modificação de atitudes e percepções dos estudantes em relação à educação e à prática interprofissional foram avaliados pelas autoras de acordo com os quatro domínios das competências-chave colaborativas propostas pelo IPEC ( quadro 2 ).
O domínio “trabalho em equipe” foi contemplado em todos os instrumentos avaliados, correspondendo a aproximadamente metade dos itens das escalas AITCS II (46%), T-TAQ (50%) e RIPLS (53%); e representando 60% dos itens na escala SPICE. O domínio “Papéis e responsabilidades” também foi contemplado em todos os instrumentos e predominou no SATP2C (67%), tendo menor importância no T-TAQ (10%) e SAIL-10 (10%).
O domínio “comunicação interprofissional” correspondeu à metade dos itens abordados no instrumento ICCAS e a aproximadamente 30% no ISVS e T-TAQ. Itens relacionados a esse domínio não foram identificados nos instrumentos SPICE e SATP2C. O domínio “Valores e ética” não foi identificado em três instrumentos (SPICE, ISVS e ICCAS), sendo a escala IEPS a que apresentou a maior proporção de itens relacionados a esse domínio entre os instrumentos avaliados (28%).
Os itens presentes nos instrumentos que não foram identificados pelas autoras como pertencentes a um dos quatro domínios das competências colaborativas do IPEC foram agrupados em “outros”. Os aspectos avaliados por esses itens referem-se a questões gerais, como satisfação em relação à experiência educacional, recomendação da atividade para outros alunos e preferência entre diferentes metodologias de ensino.
A análise realizada sobre os instrumentos mostrou que seus itens se encaixavam nas competências descritas pelo IPEC, sendo que a maioria dos itens avaliados se concentrou nos domínios “trabalho em equipe” e “papéis e responsabilidades”. O domínio “valores e ética”, de forma geral, foi o menos avaliado nos instrumentos. Os itens de menor destaque – em relação ao número de elementos a serem avaliados – refletem uma lógica de cuidado que privilegia principalmente, ainda, as questões técnicas, que é uma forte característica da formação de profissionais da área da Saúde. É importante pensar no trabalho interprofissional a partir de uma ótica que possa ser usada para equalizar as relações de poder entre paciente e profissional e entre os profissionais de Saúde. A interprofissionalidade deve buscar horizontalizar as relações, promover melhor e maior comunicação com ética e valores como o respeito e a dialogicidade.
As ferramentas apresentaram grande variabilidade no que diz respeito ao domínio da competência-chave avaliado. Entre os instrumentos analisados, RIPLS é o que possui mais itens relacionados ao domínio “trabalho em equipe” (53%) e STAP2C é o que mais apresenta itens envolvendo o domínio “papéis e responsabilidades” (69%). ICCAS é o instrumento que mais contemplou o domínio “comunicação interprofissional” e o IEPS, o que mais contemplou o domínio “valores e ética”. Nesse sentido, esperamos que esta análise auxilie os pesquisadores e os docentes na seleção de instrumentos que sejam mais assertivos, conforme a competência-foco daquela experiência educacional.
Esta revisão de escopo apresentou algumas limitações. Alguns dos estudos incluídos forneceram informações escassas, o que dificultou a extração de dados. Essa questão destaca a necessidade de melhorar a qualidade das descrições de artigos futuros, mas, ao mesmo tempo, reflete a realidade das publicações. Apesar de não ter sido realizada a busca na literatura cinzenta, esta revisão contou com uma extensa pesquisa bibliográfica em sete bases de dados eletrônicas, além da busca manual. Como limitação da própria metodologia da revisão de escopo, não foi realizada a análise da qualidade dos estudos incluídos, uma vez que o objetivo é apresentar um mapa da literatura sobre o assunto. Dessa forma, não foi possível estabelecer se os métodos e os instrumentos de avaliação empregados pelos estudos eram adequados aos processos de ensino e aprendizagem interprofissionais descritos.
Conclusão
Este estudo permitiu identificar os métodos e instrumentos utilizados na avaliação de experiências em EIP para tomada de decisão em farmacoterapia, revelando o predomínio do uso de métodos quantitativos. Foi identificado um grande número de instrumentos quantitativos validados com foco em avaliar a modificação das atitudes e percepções dos estudantes em relação à educação e à prática interprofissional. A análise desses instrumentos, conforme os domínios das competências-chaves descritas pelo IPEC, evidenciou que os domínios trabalho em equipe; e papéis e responsabilidades foram predominantes. A variedade de instrumentos sinaliza a crescente produção de conhecimento acerca do assunto, contudo, aponta o desafio de realizar análises comparativas entre experiências educacionais ao redor do mundo.
Agradecimentos
Agradecemos à Universidade Federal de Minas Gerais.
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Financiamento: Agradecemos às agências brasileiras de financiamento: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG).
Editado por
Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
29 Maio 2023 -
Data do Fascículo
2023
Histórico
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Recebido
05 Out 2022 -
Aceito
26 Jan 2023