Nesta pesquisa de cunho qualitativo buscou-se compreender as concepções e os sentidos atribuídos às práticas alimentares por mulheres de camadas populares com excesso de peso. Questões associadas às condições sociais e culturais da vida urbana configuram um processo de transformações marcado pela escassez de tempo e de busca de praticidade. Produtos ultraprocessados, antes vistos como supérfluos, são agora considerados básicos na alimentação desse grupo de mulheres no Rio de Janeiro. Esta realidade se confronta com o discurso contemporâneo da alimentação saudável que, ao fomentar uma demanda de consumo de produtos considerados benéficos à saúde, exige das informantes constantes ressignificações em relação ao “comer” que oscilam entre o prazer e a culpa. Discute-se a necessidade de compreender tais expressões dentro de um quadro de possibilidades restrito e determinado por aspectos micro e macrossociais que conformam os modos contemporâneos de produção e distribuição de alimentos em nossa sociedade.
Práticas alimentares; Cultura; Excesso de peso