Resumo
Os Estudos sobre Colonialismo de Povoamento propõem uma diferenciação entre o colonialismo tradicional e o colonialismo de povoamento, baseada nas teorias precursoras de Patrick Wolfe, segundo as quais enquanto no colonialismo o colonizador explora o trabalho do colonizado para eventualmente retornar à metrópole do Império, no colonialismo de povoamento o settler (colonizador-povoador), objetivando apropriar-se da terra dos povos indígenas, “vem para ficar”. Assim, o colonialismo de povoamento seria uma estrutura, e não um evento, na vida do colonizado. A lógica dominante no colonialismo de povoamento, segundo Wolfe, é a da eliminação (literal e/ou metafórica) do indígena. Partindo das ideias de Wolfe, Lorenzo Veracini, aprimora e desenvolve conceitos, temáticas e instrumentos teóricos visando à organização dos Estudos sobre Colonialismo de Povoamento como disciplina. Desenvolvidas para um contexto anglófono, as teorias sobre colonialismo de povoamento se voltam especialmente à elucidação do modus operandi desse tipo de dominação nos EUA, Canadá, Austrália e Nova Zelândia, e, até o momento, têm sido pouco divulgadas no Brasil. Propondo um movimento dialógico, após apresentar algumas de suas premissas básicas, este artigo considera a possível aplicabilidade dos Estudos sobre Colonialismo de Povoamento ao contexto brasileiro, encorajando reflexões sobre a ampliação e adaptação desse campo de pesquisa majoritariamente anglófono a novas ambiências histórico-culturais.
Palavras-chave Colonialismo de povoamento; Patrick Wolfe; Lorenzo Veracini; Lógica da eliminação; Povos indígenas; Brasil