Resumo:
O romance Stone, de autoria de Adam Roberts, é a narrativa em primeira pessoa de Ae, o único criminoso em uma utopia pós-humana na qual o uso da nanotecnologia levou a humanidade à plenitude. Nessa sociedade, Ae é um excluído. Um dia, porém, ele recebe uma proposta de liberdade e riqueza em troca de matar toda a população de um planeta. Ao aceitá-la, Ae deve tentar cumprir sua missão ao mesmo tempo em que se questiona e investiga quem o teria contratado. No conflito entre esse indivíduo desviante e a utopia, Stone examina os próprios limites dessa utopia, apoiada na ideia de fluxo e indefinição, e dos modelos de subjetividade que ela cria. A noção de utopia como um projeto social bem definido é trocada pela imagem de corpos utópicos, influenciados por tecnologias que põem em questão as definições de humano e pós-humano. Nessa rede de tensões e indefinições, levanta-se a possibilidade de que o indivíduo marginalizado e sociopata seria o único capaz de examinar de forma profunda a realidade num mundo anestesiado pelo conforto.
Palavras-chave:
Adam Roberts; utopia; identidade; fluidez; pós-humano; detetive metafísico