Acessibilidade / Reportar erro

Contribuições do empreendedorismo cultural para o desenvolvimento regional

Contributions of cultural entrepreneurship to regional development

Aportes del emprendimiento cultural al desarrollo regional

Resumo

O talento e as características artísticas destes empreendedores podem criar ecossistemas de inovação cultural, pois existe uma efervescente criatividade que pode e deve ser usada em prol do território. Essa conexão pode mitigar problemas econômicos e sociais, ativando o pertencimento da comunidade e ofertando visibilidade aos fazedores de cultura. O presente estudo visa investigar as contribuições de microempreendimentos do ramo da cultura para o desenvolvimento regional na região metropolitana do Rio de janeiro. Esses empreendimentos corroboram para o equilíbrio econômico e social do território; potencializando recursos culturais existentes, ofertando pertencimento e renda para a comunidade local. Foi realizada a revisão sistemática dividida em duas etapas, primeiro na formação do portfólio bibliográfico e nos resultados extraídos do procedimento; depois, procurou-se analisar a conexão entre desenvolvimento regional com a cultura. Foram utilizadas três bases indexadas, a Web of Science, SciELO e Scopus, com o período de buscas entre 2001 até 2021, que retornou, depois do processo de elegibilidade, 102 artigos. Percebeu-se que a ligação das palavras-chave “empreendedorismo cultural” e “desenvolvimento regional” era pouco discutida em revistas de maior relevância para o debate no mundo; no entanto, existia uma lacuna cientifica importante para o debate acadêmico, como a transversalidade que a cultura é capaz de gerar a partir de seus produtos e serviços.

Palavras-chave
empreendedorismo cultural; desenvolvimento regional; educação empreendedora; revisão sistemática de literatura; agenda de pesquisa

Abstract

The talent and artistic characteristics of these entrepreneurs can create ecosystems of cultural innovation, as there is an effervescent creativity that can and should be used in favor of the territory. This connection can mitigate psychological and social problems, activating community belonging and offering visibility to culture makers. This study aims to investigate the contributions of microenterprises in the field of culture to regional development in the metropolitan region of Rio de Janeiro. These developments contribute to the economic and social balance of the territory; leveraging existing cultural resources, offering belonging and income to the local community. A systematic review was carried out divided into two stages, first in the formation of the bibliographic portfolio and in the results extracted from the procedure, then the connection between regional development and culture was analyzed. Three indexed databases were used, the Web of Science, SciELO and Scopus, with the search period between 2001 and 2021, which underwent 102 articles after the eligibility process. It was noticed that the link between the keywords “cultural entrepreneurship” and “regional development” was little interned in magazines that were more protective of the debate in the world; however, there was an important scientific gap for the academic debate, such as the transversality that culture is capable of generate from your products and services.

Keywords
cultural entrepreneurship; regional development; entrepreneurial education; systematic literature review; research schedule

Resumen

El talento y las características artísticas de estos emprendedores pueden generar ecosistemas de innovación cultural, ya que existe una creatividad efervescente que puede y debe ser utilizada a favor del territorio. Esta conexión puede mitigar problemas psicológicos y sociales, activando la pertenencia comunitaria y brindando visibilidad a los hacedores de cultura. Este estudio tiene como objetivo investigar las contribuciones de las microempresas en el campo de la cultura para el desarrollo regional en la región metropolitana de Río de Janeiro. Estos desarrollos contribuyen al equilíbrio económico y social del territorio; aprovechando los recursos culturales existentes, ofreciendo pertenencia e ingresos a la comunidad local. Se realizó una revisión sistemática dividida en dos etapas, primera en la conformación del portafolio bibliográfico y en los resultados extraídos del procedimiento, luego se analizó la conexión entre desarrollo regional y cultura. Se utilizaron tres bases de datos indexadas, la Web of Science, SciELO y Scopus, con el período de búsqueda entre 2001 y 2021, lo que resultó en 102 artículos después del proceso de elegibilidad. Se percibió que el vínculo entre las palabras clave “emprendimiento cultural” y “desarrollo regional” fue poco internado en las revistas más protectoras del debate en el mundo; sin embargo, hubo un vacío científico importante para el debate académico, como la transversalidad que la cultura es capaz de generar a partir de sus productos y servicios.

Palabras clave
emprendimiento cultural; desarrollo regional; educación empresarial; revisión sistemática de la literatura; calendario de investigación

1 INTRODUÇÃO

Na área cultural, o empreendedorismo pode contribuir à promoção do desenvolvimento periférico de regiões e de seus atores sociais (Ratten; Ferreira, 2017RATTEN, Vanessa; FERREIRA, João J. Future research directions for cultural entrepreneurship and regional development. International journal of Entrepreneurship and Innovation Management, Melbourne, v, 21, n. 3, p. 163-69, 2017.), sendo necessária a elaboração de políticas públicas que ofertem bases estruturadas e de planejamento para aproveitamento dos potenciais culturais (Qian; Liu, 2018QIAN, Haifeng; LIU, Shiqin. Cultural entrepreneurship in US cities. Journal of Urban Affairs, Iowa, v. 40, n. 8, p. 1043-65, 2018.). Prover a capacidade de um local e aumentar a qualidade e viabilidade dos serviços e bens culturais contribui na atratividade de uma área. trazendo visibilidade e pertencimento para o território, atraindo visitantes e investimentos (Lounsbury et al., 2019LOUNSBURY, Michael; CORNELISSEN, Joep; GRANQVIST, Nina; GRODAL, Stine. Culture, innovation and entrepreneurship. Innovation, Londres, v, 21, n. 1, p. 1-12, 2019.).

No atual contexto social e econômico, o empreendedorismo é compreendido como um instrumento dinâmico e social (Parthymos; Daskalopoulou, 2020PARTHYMOS, Alexandras; DASKALOPOULOU, Irene. Entrepreneurship and social capital: some evidence on micro-spatial interactions. Journal of Small Business & Entrepreneurship, Tripoli, v. 36, n. 1, p. 108-29, 2020.). a ser desenvolvido para identificação de oportunidades de inovação e geração de renda (Pagano; Petrucci; Bocconcelli, 2018PAGANO, Alessandra; PETRUCCI, Francesco; BOCCONCELLI, Roberta. A business network perspective on unconventional entrepreneurship: A case from the cultural sector. Journal of Business Research, Urbino, v. 92, p. 455-64, 2018.; Fritsch; Wyrwich, 2018FRITSCH, Michael; WYRWICH, Michael. Regional knowledge, entrepreneurial culture, and innovative start-ups over time and space - an empirical investigation. Small Business Economics, Jena, v. 51, n, 2, p. 337-53, 2018.).

A inovação no setor cultural consiste principalmente na transversalidade, pois estimula e elabora estratégias que. alicerçadas em objetivos da Agenda 2030 da ONU. podem ofertar negócios que promovam o debate na sociedade, como peças, contações de histórias, apresentações que debatam o preconceito, o assédio e a violência contra a mulher, homofobia etc. (Pagano; Petrucci; Bocconcelli, 2018PAGANO, Alessandra; PETRUCCI, Francesco; BOCCONCELLI, Roberta. A business network perspective on unconventional entrepreneurship: A case from the cultural sector. Journal of Business Research, Urbino, v. 92, p. 455-64, 2018.; Fritsch; Wyrwich, 2018FRITSCH, Michael; WYRWICH, Michael. Regional knowledge, entrepreneurial culture, and innovative start-ups over time and space - an empirical investigation. Small Business Economics, Jena, v. 51, n, 2, p. 337-53, 2018.).

Os microempreendedores culturais podem contribuir para o desenvolvimento territorial de diversas maneiras, a partir da geração de novas ideias, rotinas, produtos e serviços (Carvalho; Cutrim; Costa, 2017CARVALHO, Conceição de Maria Beifort de; CUTRIM, Kláutenys Dellene Guedes; COSTA, Sarany Rodrigues da. Empreendedorismo cultural e turismo: perspectivas para desenvolvimento das indústrias criativas no bairro da Madre Deus, São Luís (Maranhão, Brasil). Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Humanas, São Luís, v. 12, p. 629-46, 2017.). tendo como características naturais a pluralidade e diversidade que promovam principalmente o lado artístico e criativo dos talentos periféricos (Canestrino et al., 2020CANESTRINO, Rossella; CWIKLICKI, Marek; MAGLIOCCA, Pierpaolo; PAWELEK, Barbara. Understanding social entrepreneurship: a cultural perspective in business research. Journal of Business Research, Napoles, v. 110, p. 132-43, 2020.).

A agenda 2030 da ONU detém 17 objetivos e 169 metas, foi criada com o intuito de mitigar problemas e criar metas de sustentabilidade ambiental, econômica, social e política, entre quase todos os países-membros da organização, até o ano de 2030. Na área cultural, notou-se a importância desta transversalidade da cultura para promover renda e contribuir à promoção do desenvolvimento periférico de regiões e de seus atores sociais (Ratten; Ferreira, 2017RATTEN, Vanessa; FERREIRA, João J. Future research directions for cultural entrepreneurship and regional development. International journal of Entrepreneurship and Innovation Management, Melbourne, v, 21, n. 3, p. 163-69, 2017.). Contudo, faz-se necessária a elaboração de políticas públicas que ofertem bases estruturadas e de planejamento para aproveitamento dos potenciais culturais e da extração de ideias que possam traduzir em negócios sustentáveis (Qian; Liu, 2018QIAN, Haifeng; LIU, Shiqin. Cultural entrepreneurship in US cities. Journal of Urban Affairs, Iowa, v. 40, n. 8, p. 1043-65, 2018.). Prover a capacidade de um local e aumentar a qualidade e viabilidade dos serviços e bens culturais contribui na atratividade de uma área. trazendo visibilidade e pertencimento para o território, atraindo visitantes e investimentos (Lounsbury et al., 2019LOUNSBURY, Michael; CORNELISSEN, Joep; GRANQVIST, Nina; GRODAL, Stine. Culture, innovation and entrepreneurship. Innovation, Londres, v, 21, n. 1, p. 1-12, 2019.).

O presente estudo investiga as contribuições de microempreendimentos do setor cultural para o desenvolvimento regional, o que esses empreendimentos podem possibilitar de alternativas para o crescimento social e econômico das regiões, a partir de estratégias de desenvolvimento local que unam o desenvolvimento regional, a cultura e a educação empreendedora. A cultura pode e deve ser usada como um motor auxiliar para o desenvolvimento regional e sustentável de uma localidade, principalmente pela forte conexão com os valores, crenças e sua capacidade de gerar renda e evitar problemas econômicos externos, visto que governos locais que investem em uma educação empreendedora para seus atores sociais ajudam a desenvolver os talentos que surgem em efervescência nas comunidades. Para fundamentar estes argumentos, recorreu-se a uma revisão sistemática de literatura, tendo sido pesquisados artigos publicados entre 2001 até 2021. nas três principais bases de dados: WoS, Scopus e SciELO.

Além desta introdução, o capítulo 2 apresenta o referencial teórico; o capítulo 3. a metodologia da pesquisa; o capítulo 4. os resultados da revisão sistemática de literatura realizada; o capítulo 5. a análise; e. por fim. o capítulo 6 traz as considerações finais.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Empreendedorismo cultural

O empreendedorismo cultural é entendido como um motor auxiliar para o desenvolvimento sustentável da agenda 2030 da ONU. sendo os principais motores o econômico, social e o sustentável (Sarkar, 2020SARKAR, Soumodip. Grassroots entrepreneurs and social change at the bottom of the pyramid: the role of bricolage. Social Entrepreneurship and Bricolage, Routledge, Londres, 2020. p. 160-88.). podendo ser alimentado e transformado em produtos ou serviços, a partir de valores pessoais e culturais do empreendedor, como suas tradições, localização, crenças. sotaque, línguas; e tem ajudado microempreendimentos locais na elaboração de produtos e projetos (Canestrino et al., 2020CANESTRINO, Rossella; CWIKLICKI, Marek; MAGLIOCCA, Pierpaolo; PAWELEK, Barbara. Understanding social entrepreneurship: a cultural perspective in business research. Journal of Business Research, Napoles, v. 110, p. 132-43, 2020.). O setor cultural fornece ideias importantes sobre o papel e as particularidades das comunidades que compartilham suas histórias, paixões e interesses em comum para inovar em processos empresariais (Canestrino et al., 2020CANESTRINO, Rossella; CWIKLICKI, Marek; MAGLIOCCA, Pierpaolo; PAWELEK, Barbara. Understanding social entrepreneurship: a cultural perspective in business research. Journal of Business Research, Napoles, v. 110, p. 132-43, 2020.). A sua manifestação e potencialização pode impactar no dinamismo do nível regional e periférico, em especial, afetando a organização, o comportamento e o desempenho das atividades locais e seus respectivos potenciais culturais e históricos (Stuetzer et al., 2018STUETZER, Michael; AUDRETSCH, David; OBSCHONKA, Martin; GOSLING, Samuel; RENTFROW, Peter; POTTER, Jeff. Entrepreneurship culture, knowledge spillovers and the growth of regions. Regional Studies, v. 52, n.5, p. 608-18, 2018.). bem como no âmbito nacional (Ratten; Ferreira, 2017RATTEN, Vanessa; FERREIRA, João J. Future research directions for cultural entrepreneurship and regional development. International journal of Entrepreneurship and Innovation Management, Melbourne, v, 21, n. 3, p. 163-69, 2017.). Este dinamismo, muitas vezes, está condicionando aos mecanismos diversos de fomentos a empreendimentos culturais. Não obstante, apesar de o microempreendedorismo cultural ser caracterizado pela escassez de recursos financeiros e organizacionais (Ratten, 2021RATTEN, Vanessa. Coronavirus (Covid-19) and entrepreneurship: cultural, lifestyle and societal changes. Journal of Entrepreneurship in Emerging Economies, Melbourne, v. 13, n. 4, p. 747-61, 2021.). a forte atitude dos empreendedores contribui para a manutenção desses empreendimentos (Pagano; Petrucci; Bocconcelli, 2018PAGANO, Alessandra; PETRUCCI, Francesco; BOCCONCELLI, Roberta. A business network perspective on unconventional entrepreneurship: A case from the cultural sector. Journal of Business Research, Urbino, v. 92, p. 455-64, 2018.). por meio de acordo com as intenções locais, oriundos de planejamento governamental, principalmente realizado por estados e municípios (Fritsch; Wyrwich, 2018FRITSCH, Michael; WYRWICH, Michael. Regional knowledge, entrepreneurial culture, and innovative start-ups over time and space - an empirical investigation. Small Business Economics, Jena, v. 51, n, 2, p. 337-53, 2018.).

A parceria Estado-Universidade-Empresa. a tripla hélice do desenvolvimento regional, é um modelo no qual o governo tem a responsabilidade de desenvolver políticas públicas para fomentar e financiar projetos em prol da promoção dos atores sociais (Da Costa Mineiro; De Castro, 2020DA COSTA MINEIRO, Andréa Aparecida; DE CASTRO, Cleber Carvalho. A Hélice Quádrupla e sua relação com a visão de futuro dos Parques Científicos e Tecnológicos consolidados no Brasil. Revista de Administração, Sociedade e Inovação, Itajubá, v. 6, n, 2, p. 71-89, 2020.). A universidade atua na evolução e no desdobramento do conhecimento, a empresa detém a aplicação prática desta tripartite e no aproveitamento desses recursos ofertados pelos outros dois entes envolvidos (lerapetritis, 2018).

A cultura está inserida na quádrupla hélice do desenvolvimento regional, a partir de formas de educação empreendedora que promovam o desenvolvimento das empresas e dos atores sociais envolvidos. Sistemas alicerçados na quarta hélice podem ser facilitadores na mitigação de problemas e ajudam no alcance de finalidades estratégicas de um território (Lounsbury et al., 2019LOUNSBURY, Michael; CORNELISSEN, Joep; GRANQVIST, Nina; GRODAL, Stine. Culture, innovation and entrepreneurship. Innovation, Londres, v, 21, n. 1, p. 1-12, 2019.).

As atuais abordagens sobre a cultura, no desenvolvimento local, evidenciam o seu papel na promoção do significado do pertencimento e do comportamento dos atores sociais, pois, quanto mais pessoas da comunidade estão envolvidas nesses processos, mais oportunidades são geradas no território (Capelleras et al., 2019CAPELLERAS, Joan-Lluís; CONTIN-PILART, Ignacio; LARRAZA-KINTANA, Martin; MARTIN-SANCHEZ, Victor. Entrepreneurs’ human capital and growth aspirations: the moderating role of regional entrepreneurial culture. Small Business Economics, Barcelona, v. 52, n. 1, p. 3-25, 2019.).

Os governos locais começaram a entender a importância em incorporar as artes, a criatividade e os patrimônios culturais em seus sistemas de educação empreendedora, por conta do alto índice de inovação do setor cultural e seu custo baixo para implementação (Organização Para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico [OECD]; International Concil of Museums [ICOM], 2018ORGANIZAÇÃO PARA A COOPERAÇÃO E O DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO [OECD]; INTERNATIONAL CONCIL OF MUSEUMS [ICOM]. Culture and Local Development: maximising the impact: a guide for local governments, communities and museums. Veneza: OECD/ICOM, 2018.). Os microempreendedores sabem criar alternativas criativas por meio dos recursos culturais existentes e talentos artísticos e criativos que podem fornecer um sistema de inovação local (Teixeira; Ferreira, 2018TEIXEIRA, Sérgio J.; FERREIRA, João J. M. Entrepreneurial artisan products as regional tourism competitiveness. International Journal of Entrepreneurial Behavior & Research, Madeira, v, 25, n. 4, p. 652-73, 2018.). Destaca-se a importância desses empreendimentos e como podem ser catalizadores de investimento e bem-estar social para o território, pois tem conexão direta com o local, captando novos arranjos e oportunidades (Capelleras et al. 2019CAPELLERAS, Joan-Lluís; CONTIN-PILART, Ignacio; LARRAZA-KINTANA, Martin; MARTIN-SANCHEZ, Victor. Entrepreneurs’ human capital and growth aspirations: the moderating role of regional entrepreneurial culture. Small Business Economics, Barcelona, v. 52, n. 1, p. 3-25, 2019.).

A força de trabalho e as condições locais para o empreendedorismo são fatores cruciais para o surgimento de negócios inovadores no setor e no consequente desenvolvimento regional e humano (Fritsch; Wyrwich, 2018FRITSCH, Michael; WYRWICH, Michael. Regional knowledge, entrepreneurial culture, and innovative start-ups over time and space - an empirical investigation. Small Business Economics, Jena, v. 51, n, 2, p. 337-53, 2018.). Comunidades que entendem a importância de aglutinar questões culturais únicas em conjunto com valores empresariais, como a motivação, independência e autonomia, têm mais chances de sobreviver a intempéries externas e obter lucro com seu trabalho (Stuetzer et al., 2018STUETZER, Michael; AUDRETSCH, David; OBSCHONKA, Martin; GOSLING, Samuel; RENTFROW, Peter; POTTER, Jeff. Entrepreneurship culture, knowledge spillovers and the growth of regions. Regional Studies, v. 52, n.5, p. 608-18, 2018.).

A capacidade local de geração de ativos culturais é dificilmente copiada (Stuetzer et al., 2018STUETZER, Michael; AUDRETSCH, David; OBSCHONKA, Martin; GOSLING, Samuel; RENTFROW, Peter; POTTER, Jeff. Entrepreneurship culture, knowledge spillovers and the growth of regions. Regional Studies, v. 52, n.5, p. 608-18, 2018.). Tradições e costumes são geralmente específicos e bem trabalhados, podem aumentar a qualidade dos serviços e a geração de pertencimento por parte dos microempreendimentos e na composição que estes atores podem agregar de valor, utilizando a herança cultural (lerapetritis, 2018).

O empreendedorismo cultural tem grande influência na geração de renda em nível regional e periférico, afetando a organização, o comportamento e o desempenho das atividades locais e seus respectivos potenciais culturais e históricos. Por exemplo, profissionais de contação de histórias podem aglutinar crenças e valores locais para criar narrativas inovadoras e únicas, a partir da história do lugar, da paisagem, da luta política (Stuetzer et al., 2018STUETZER, Michael; AUDRETSCH, David; OBSCHONKA, Martin; GOSLING, Samuel; RENTFROW, Peter; POTTER, Jeff. Entrepreneurship culture, knowledge spillovers and the growth of regions. Regional Studies, v. 52, n.5, p. 608-18, 2018.). Exposições artísticas culturais podem representar a cultura da região, a partir de relatos fotográficos, quadros, pinturas.

Pela perspectiva social, esses microempreendimentos ajudam na criação do pertencimento que os moradores têm de sua localidade, gerando envolvimento da comunidade e a manutenção da sua história, a partir dos produtos e serviços criados (Papazoglou, 2019PAPAZOGLOU, Grammatiki. Society and culture: cultural policies driven by local authorities as A factor in local development - the example of the municipality of Xanthi-Greece. Heritage, Atenas, v, 2, n. 3, p. 161, 2019.). Os trabalhadores da cultura com o desenvolvimento endógeno começam a ter melhores alternativas para permanecer em suas regiões (Lounsbury et al., 2019LOUNSBURY, Michael; CORNELISSEN, Joep; GRANQVIST, Nina; GRODAL, Stine. Culture, innovation and entrepreneurship. Innovation, Londres, v, 21, n. 1, p. 1-12, 2019.), vivendo e ativando a economia e a criação de negócios locais, que resistam mais fortemente às intempéries externas e à parte negativa da globalização (Baculáková; Grešš, 2021BACULÁKOVÁ. Kristína; GREŠŠ. Martin. Spatial distribution model for targeting the support for cultural institutions’ development: a case study of Slovakia. Museology& Cultural Heritage/Muzeologia a Kulturne Dedicstvo, Nitra, v. 9. n. 3, 2021.)

2.2 Cultura e desenvolvimento regional

O desenvolvimento regional é um movimento que aglutina diversos conhecimentos em prol do crescimento de um determinado local (Santos et al., 2012SANTOS, Elinaldo Leal; BRAGA, Vitor; Santos, Reginaldo; Braga, Alexandra. Desenvolvimento: um conceito em construção. DRd-Desenvolvimento Regional em debate, Vila Real, v, 2, n. 1, p. 44-61, 2012.; Corrêa, Silveira, Kist, 2019CORRÊA, José Carlos Severo; SILVEIRA, Rogério Leandro Lima; KIST, Rosane Bernardete Brochier. Sobre o conceito de desenvolvimento regional: notas para debate. Revista Brasileira de Gestão e Desenvolvimento Regional, Itaqui, v. 15, n. 7, 2019.). Ele traça as estratégias descentralizadas que desenvolvam e aperfeiçoem práticas locais, potencializando ativos e recursos da região, por intermédio da elaboração de políticas públicas que capacitem os atores sociais locais (Corrêa; Silveira; Kist, 2019CORRÊA, José Carlos Severo; SILVEIRA, Rogério Leandro Lima; KIST, Rosane Bernardete Brochier. Sobre o conceito de desenvolvimento regional: notas para debate. Revista Brasileira de Gestão e Desenvolvimento Regional, Itaqui, v. 15, n. 7, 2019.).

A temática tem gerado interesse crescente acadêmico e político, influenciado pelas mudanças globais da economia, sustentabilidade e questões sociais (Jancovich. Hansen, 2018JANCOVICH, Leila; HANSEN, Louise Ejgod. Rethinking participation in the Aarhus as European Capital of Culture 2017 project. Cultural Trends, Aarhus, v, 27, n. 3, p. 173-86, 2018.). Um dos maiores desafios do desenvolvimento regional é a elaboração de políticas que sejam pertinentes culturalmente àquele território (Trindade, 2022TRINDADE, Teresa Noll. A construção de políticas públicas para a cultura no Brasil. Estudos Ibero-Americanos, Campinas, v. 48, n. 1, e41540, 2022.). Não se pode falar em inovação cultural de forma simplista e nacional, cada localidade detém tradições únicas (Švarc; Lažnjak; Dabić, 2019ŠVARC, Jadranka; LAŽNJAK, Jasminka; DABIĆ, Marina. Regional innovation culture in innovation laggard: A case of Croatia. Technology in Society, Zagreb, v. 58, p. 101123, 2019.). A política cultural está em um momento de transição, com a descentralização de investimento, de locais urbanos para comunidades periféricas ou regionais. Estas áreas são importantes, pois são fonte de criatividade, cada território tem uma história para contar e. a partir de financiamento e um planejamento público, ofertados por estados e municípios. podem gerar oportunidades de trabalho e bem-estar social para a localidade (Cunningham et al., 2021CUNNINGHAM, Stuart; MCCUTCHEON, Marlon; HEARN, Greg; DAVID RYAN, Mark. ‘Demand’ for culture and ‘allied’ industries: policy insights from multi-site creative economy research. Internationaljournal of Cultural Policy, Brisbane, v, 27, n. 6, p. 768-81, 2021.).

A potencialização de ativos e recursos culturais que contem a história, os feitos, a crença e os valores dessas regiões, por meio de empreendimentos do setor criativo, é uma ferramenta que rompe barreiras sociais e econômicas, ajudando a desenvolver o território (Tubadji; Nijkamp, 2018TUBADJI, Annie; NIJKAMP, Peter. Cultural corridors: An analysis of persistence in impacts on local development - a neo-Weberian perspective on South-East Europe. Journal of Economic Issues, Bristol, v. 52, n. 1, p. 173-204, 2018.). Contribui também em ofertar momentos de descontração, conhecimento e pertencimento da comunidade envolvida (OECD; ICOM, 2018). pois. com poucos recursos, consegue atrair e ensinar uma quantidade significativa de pessoas (Qian; Liu, 2018QIAN, Haifeng; LIU, Shiqin. Cultural entrepreneurship in US cities. Journal of Urban Affairs, Iowa, v. 40, n. 8, p. 1043-65, 2018.).

Cabe realçar que a cultura é um ramo com baixo custo de implementação, comparado a qualquer outro setor, sendo o que mais cresce no mundo (OECD; ICOM, 2018). Assim. comunidades que entendem a importância de aglutinar questões culturais únicas em conjunto com valores empresariais, como a motivação, independência e autonomia, têm mais chances de sobreviver a intempéries externas e obter lucro com seu trabalho (Stuetzer et al., 2018STUETZER, Michael; AUDRETSCH, David; OBSCHONKA, Martin; GOSLING, Samuel; RENTFROW, Peter; POTTER, Jeff. Entrepreneurship culture, knowledge spillovers and the growth of regions. Regional Studies, v. 52, n.5, p. 608-18, 2018.).

Transformar esses potenciais culturais em ativos para a promoção da estabilidade econômica do território é o grande desafio, pois. além da gestão, é preciso proporcionar oportunidades e visibilidade para este ator social cultural (Gama, 2020GAMA, Manuel. Cultura e Desenvolvimento: Projetos culturais e a Agenda 2030. Braga, Working report, 2020.). competindo aos agentes públicos e da sociedade civil arquitetar movimentos de fortalecimento da localidade, políticas públicas que transformem esse profissional da cultura em protagonista não apenas da sua história, mas da história da região (Bujdosó; Benkő; Patkós, 2021BUJDOSÓ, Zoltán; BENKŐ, Béla; PATKÓS, Csaba. The role of art colonies in local development through the example of Cered Art Colony. Ecocycles, Budapeste, v. 7, n. 1, p. 14-8, 2021.). É necessário que os potenciais culturais locais sejam pensados para suprir carências do mercado, interligando a arte aos possíveis consumidores do produto, trazendo uma carga histórica regional que ajudará os microempreendimentos a sobreviver e trazer prosperidade para o território (Borseková et al., 2021BORSEKOVÁ. Kamila; VANOVA. Anna; SÚROVÁ. Janka; KRÁF. Pavol; TURECKOVÁ. Kamila; NEVIMA. Jan; MARTINÁT. Stanislav. The nexus between creative actors and regional development. Land, Banská Bystrica. v. 10. n. 3. p, 276, 2021.).

O setor fornece ideias importantes sobre o papel e as particularidades das comunidades que compartilham suas histórias, paixões e interesses em comum para inovar em processos empresariais (Canestrino et al., 2020CANESTRINO, Rossella; CWIKLICKI, Marek; MAGLIOCCA, Pierpaolo; PAWELEK, Barbara. Understanding social entrepreneurship: a cultural perspective in business research. Journal of Business Research, Napoles, v. 110, p. 132-43, 2020.). Profissionais de contação de histórias podem aglutinar crenças e valores locais para criar narrativas inovadores e únicas, a partir da história do lugar, da paisagem, da luta política (Stuetzer et al., 2018STUETZER, Michael; AUDRETSCH, David; OBSCHONKA, Martin; GOSLING, Samuel; RENTFROW, Peter; POTTER, Jeff. Entrepreneurship culture, knowledge spillovers and the growth of regions. Regional Studies, v. 52, n.5, p. 608-18, 2018.). Exposições artísticas culturais podem representar a cultura da região, a partir de relatos fotográficos, quadros, pinturas.

No entanto, para potencializar a inovação e a sustentabilidade do empreendedorismo cultural em um território, são cruciais estratégias de desenvolvimento, como as hélices tríplice e quádrupla. A primeira é um modelo no qual o governo tem a responsabilidade de desenvolver políticas públicas para fomentar e financiar projetos em prol da promoção dos atores sociais (Da Costa Mineiro; De Castro, 2020DA COSTA MINEIRO, Andréa Aparecida; DE CASTRO, Cleber Carvalho. A Hélice Quádrupla e sua relação com a visão de futuro dos Parques Científicos e Tecnológicos consolidados no Brasil. Revista de Administração, Sociedade e Inovação, Itajubá, v. 6, n, 2, p. 71-89, 2020.). A universidade visa gerar e transmitir conhecimento, e a empresa detém a aplicação prática desta tripartite e no aproveitamento destes recursos ofertados pelos outros dois entes envolvidos (lerapetritis, 2018).

O cenário pós-pandêmico evidencia uma realidade que estrangulou os empreendimentos da cultura, visto que os trabalhadores retiram seus lucros dos serviços e produtos ofertados de forma direta com o público. Essa retomada dos expectadores em conjunto com a obtenção de lucro não retorna de forma equivalente. No entanto, os empreendedores culturais têm a expertise de adaptar-se às circunstâncias de forma rápida, seja pela falta de incentivo de entes públicos, seja pela mudança do clima que poderia levar à não apresentação do produto, seja pelos percalços que a covid-19 trouxe para esta população (Ratten, 2021RATTEN, Vanessa. Coronavirus (Covid-19) and entrepreneurship: cultural, lifestyle and societal changes. Journal of Entrepreneurship in Emerging Economies, Melbourne, v. 13, n. 4, p. 747-61, 2021.).

Por conta destes fatores, a quadrupla hélice é primordial para o setor cultural, pois incorpora a cultura, representada pelo eixo da sociedade civil na hélice no debate. Assim, esta última mencionada é aglutinada pelo tríplice hélice. Este modelo prioriza sistemas que possam agregar. a partir das interações e contribuições entre empresas, entes públicos, universidades e os atores sociais locais que o território possui, para proporcionar novas formas de gestão e capacitação para os microempreendimentos (Becerra; Bravo, 2009BECERRA.AIfredoTolón;BRAVO, Xavier Lastra. Planificación en los espacios rurales espanoles: aplicación del modelo neo-endógeno para un desarrollo sostenible en las comarcas de metodologia LEADER. Observatorio Medioambiental, Almeria. Espanha, v. 12. p. 49, 2009.). Esta troca de experiências permite a geração e difusão das inovações, favorecendo a especialização destes empreendimentos, principalmente na gestão dos negócios. O fazedor de cultura, na grande maioria dos casos, está preocupado em subir no palco e trazer divertimento para uma plateia, mas às vezes não tem a compreensão de que seu produto pode ser aprimorado com parcerias com universidades e empresas que trabalham no desenvolvimento desses empreendimentos (Lounsbury et al., 2019LOUNSBURY, Michael; CORNELISSEN, Joep; GRANQVIST, Nina; GRODAL, Stine. Culture, innovation and entrepreneurship. Innovation, Londres, v, 21, n. 1, p. 1-12, 2019.).

O desenvolvimento regional, a cultura e a educação empreendedora têm o potencial de transformar trajetórias e trazer equilíbrio para o território ou lugares periféricos (Campos; Davel, 2018CAMPOS, Israel Marques; DAVEL, Eduardo. Empreendedorismo cultural, aprendizagem e identidade territorial: o desbravamento de jovens músicos do nordeste de Amaralina. Administração Pública e Gestão Social, Salvador, v. 10, n. 1, p. 66-73, 2018.).

2.2 Cultura e desenvolvimento regional

O desenvolvimento regional é um movimento que aglutina diversos conhecimentos em prol do crescimento de um determinado local (Santos et al., 2012SANTOS, Elinaldo Leal; BRAGA, Vitor; Santos, Reginaldo; Braga, Alexandra. Desenvolvimento: um conceito em construção. DRd-Desenvolvimento Regional em debate, Vila Real, v, 2, n. 1, p. 44-61, 2012.; Corrêa; Silveira; Kist, 2019CORRÊA, José Carlos Severo; SILVEIRA, Rogério Leandro Lima; KIST, Rosane Bernardete Brochier. Sobre o conceito de desenvolvimento regional: notas para debate. Revista Brasileira de Gestão e Desenvolvimento Regional, Itaqui, v. 15, n. 7, 2019.). Ele traça as estratégias descentralizadas que desenvolvam e aperfeiçoem práticas locais, potencializando ativos e recursos da região, por intermédio da elaboração de políticas públicas que capacitem os atores sociais locais (Corrêa; Silveira; Kist, 2019CORRÊA, José Carlos Severo; SILVEIRA, Rogério Leandro Lima; KIST, Rosane Bernardete Brochier. Sobre o conceito de desenvolvimento regional: notas para debate. Revista Brasileira de Gestão e Desenvolvimento Regional, Itaqui, v. 15, n. 7, 2019.).

A temática tem gerado interesse crescente acadêmico e político, influenciados pelas mudanças globais da economia, sustentabilidade, e questões sociais (Jokola, 2018; Jancovich. Hansen, 2018JANCOVICH, Leila; HANSEN, Louise Ejgod. Rethinking participation in the Aarhus as European Capital of Culture 2017 project. Cultural Trends, Aarhus, v, 27, n. 3, p. 173-86, 2018.). Um dos maiores desafios do desenvolvimento regional é a elaboração de políticas que sejam pertinentes culturalmente àquele território (Trindade, 2022TRINDADE, Teresa Noll. A construção de políticas públicas para a cultura no Brasil. Estudos Ibero-Americanos, Campinas, v. 48, n. 1, e41540, 2022.). Não se pode falar em inovação cultural de forma simplista e nacional, cada localidade detém tradições únicas (Švarc; Lažnjak; Dabić, 2019ŠVARC, Jadranka; LAŽNJAK, Jasminka; DABIĆ, Marina. Regional innovation culture in innovation laggard: A case of Croatia. Technology in Society, Zagreb, v. 58, p. 101123, 2019.). A política cultural está em um momento de transição, com a descentralização de investimento, de locais urbanos para comunidades periféricas ou regionais. a partir de financiamentos, majoritariamente públicos, ofertados por estados e municípios (Cunningham et al., 2021CUNNINGHAM, Stuart; MCCUTCHEON, Marlon; HEARN, Greg; DAVID RYAN, Mark. ‘Demand’ for culture and ‘allied’ industries: policy insights from multi-site creative economy research. Internationaljournal of Cultural Policy, Brisbane, v, 27, n. 6, p. 768-81, 2021.).

Cabe realçar que a cultura é um ramo com baixo custo de implementação, comparado a qualquer outro setor, sendo o que mais cresce no mundo (UNCTAD, 2018UNITED NATIONS CONFERENCE ON TRADE AND DEVELOPMENT [UNCTAD]. Creative economy outlook, contry profiles. Trends in international trade in creative industries. Genebra: United Nations Publication, 2018.). Transformar esse ativo em formas rentáveis é o grande desafio (Gama, 2020GAMA, Manuel. Cultura e Desenvolvimento: Projetos culturais e a Agenda 2030. Braga, Working report, 2020.). Compete aos agentes públicos e da sociedade civil arquitetar movimentos de fortalecimento da localidade, fomentando o empreendedorismo e o comércio local (Bujdosó; Benkő; Patkós, 2021BUJDOSÓ, Zoltán; BENKŐ, Béla; PATKÓS, Csaba. The role of art colonies in local development through the example of Cered Art Colony. Ecocycles, Budapeste, v. 7, n. 1, p. 14-8, 2021.). É necessário que os potenciais culturais da região sejam pensados para suprir carências do mercado, interligando a arte aos possíveis consumidores do produto, trazendo uma carga histórica regional que ajudará os microempreendimentos a sobreviver e trazer prosperidade para o território (Borseková et al., 2021BORSEKOVÁ. Kamila; VANOVA. Anna; SÚROVÁ. Janka; KRÁF. Pavol; TURECKOVÁ. Kamila; NEVIMA. Jan; MARTINÁT. Stanislav. The nexus between creative actors and regional development. Land, Banská Bystrica. v. 10. n. 3. p, 276, 2021.).

O setor cultural está concentrado, em sua grande parte, em áreas metropolitanas, e seus recursos são centralizados nestas mesmas áreas (Almeida; Lima; Gatto, 2020ALMEIDA. Carla Cristina Rosa de; LIMA. João Policarpo Rodrigues; GATTO, Maria Fernanda Freire. Expenditure on cultural events: preferences or opportunities? An analysis of Brazilian consumer data. Journal of Cultural Economics, Barcelona, v. 44. n. 3. p. 451-80, 2020.). Uma das bases para o crescimento de um território é a elaboração de políticas públicas de desenvolvimento regional, como o fomento público, sendo este incentivado de forma direta ou indireta. Entre algumas dessas ações, destacam-se editais e leis de incentivo à cultura (Jelinčić, 2021JELINČIĆ, Daniela Angelina. Indicators for cultural and creative industries’ impact assessment on cultural heritage and tourism. Sustainability, Zagreb, v. 13, n. 14, p. 7732, 2021.). O desafio de essas ideias serem colocadas em prática é a promoção da oferta e a demanda na economia local, entendendo quem produz e quem consome o serviço, porém, provendo alternativas que abarquem os desiguais e os atores sociais periféricos (Evans, 2016).

Existem evidências de que o empreendedorismo cultural afeta indicadores relacionados ao crescimento econômico, principalmente pelo seu relevante nível criativo (Rohl, 2020). No Brasil, a Firjan e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a partir do Sistema de Informações e Indicadores Culturais (SIIC). medem o potencial da economia criativa no país. Dados de 2020. que ainda são os mais atuais deste setor, mostram que o ramo da cultura responde por 58% do total de pessoal ocupadas (diga-se. força de trabalho) e 2.67% do PIB brasileiro (Góes et al., 2020GÓES, Geraldo Sandoval; ATHIAS, Leonardo Queiroz; MARTINS, Felipe dos Santos; SILVA, Barbosa Da. O setor cultural na pandemia: o teletrabalho e a Lei Aldir Blanc. Carta Conjunt. (Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada). Brasília-DF: IPEA, 2020. p. 1-7.).

Estes dados revelam que o setor cultural detém uma importância no contexto brasileiro. pois esta pesquisa não consegue mensurar os profissionais culturais que atuam de forma auxiliar aos grandes eventos, então a participação da cultura na empregabilidade e no PIB pode ser ainda mais significativa. Assim, percebe-se a relevância de debater a conexão entre desenvolvimento regional, cultura e educação empreendedora no cenário pós-pandêmico brasileiro. A cultura tem o potencial de transformar trajetórias e trazer bem-estar social para o território ou lugares periféricos (Campos; Davel, 2018CAMPOS, Israel Marques; DAVEL, Eduardo. Empreendedorismo cultural, aprendizagem e identidade territorial: o desbravamento de jovens músicos do nordeste de Amaralina. Administração Pública e Gestão Social, Salvador, v. 10, n. 1, p. 66-73, 2018.).

3 METODOLOGIA

No cômputo da formação do portfólio bibliográfico, busca-se identificar os fatores de vantagens e as contribuições destas práticas culturais. Para tanto, o procedimento metodológico foi uma revisão de literatura nas bases SciELO, Scopus e Web of Science. O Quadro 1 ilustra o protocolo metodológico que foi realizado para a obtenção dos resultados, com as etapas para a execução e formação do portfólio bibliográfico para a análise. Os termos e as consultas usadas para a extração dos artigos são apresentados na tabela abaixo.

Quadro 1
Protocolo de Revisão Sistemática de Literatura

A extração final retornou 102 artigos, pois utilizou palavras-chaves de busca fechadas para o tema. Nas buscas iniciais, notou-se que as palavras-chave, principalmente compostas, retornavam artigos que eram utilizados para outras áreas de atuação e para outros objetivos. A partir deste entendimento, foram delimitadas e especificadas palavras-chave existentes nos artigos lidos nas primeiras buscas, incorporando as mesmas palavras-chave no idioma português.

Os critérios de inclusão foram dois: (i) artigos revisados por pares; (ii) artigos que descrevam uma ou mais contribuições dos microempreendimentos do ramo cultural no desenvolvimento periférico regional. Foram excluídos, no início, artigos em congressos, de livros e artigos que não tenham sido avaliados por pares.

Os filtros do procedimento foram realizados em três etapas. A primeira na leitura dos tópicos (título, resumo e das palavras-chave). Filtro dois: exclusão de artigos repetidos entre as três bases analisadas (SciELO, Scopus e Web of Science) e o filtro final de análise, a leitura do artigo.

A Tabela 1 mostra os resultados do procedimento de revisão sistemática de literatura.

Tabela 1
Resultados da Revisão Sistemática de Literatura

A Scopus e Web of Science tiveram 9 artigos repetidos, e a SciELO continha apenas um artigo repetido na pesquisa relacionada às duas bases anteriores. Por este motivo, a SciELO foi integrada na obtenção de resultados deste trabalho. O periódico SciELO é indexado à Web of Science. No entanto, é responsável por receber artigos e revistas de países do continente americano, como o Brasil.

Ao final das inclusões e filtros propostos neste trabalho, foram colocados, para a análise dos resultados, 26 artigos. A análise dos dados selecionados foi realizada por meio do software de gestão de referências RStudio, na plataforma Bibliometrix. As bases Scopus e Web of Science foram integralizadas, e a SciELO foi analisada de forma separada.

4 RESULTADOS

A pesquisa dividiu estes resultados em dois: no primeiro, foram analisados os achados das bases Web of Science e Scopus, de forma integralizada. Estas bases detinham inúmeros artigos repetidos e havia artigos espalhados de forma mais homogênea pelo mundo. A segunda análise foi feita apenas com a base SciELO. pois. nos artigos selecionados, havia apenas uma pesquisa repetida, e as publicações eram concentradas no continente americano.

A SciELO foi integrada nesta pesquisa, pois os autores precisavam de mais dados referentes ao país-sede do estudo. Colaborou para entender melhor as contribuições de microempreendimentos do ramo da cultura no desenvolvimento regional.

No Gráfico 1. é apresentada a quantidade de artigos publicados ao longo dos anos. Entre os anos de 2017 e 2019. houve um crescimento expressivo nos números, retomando este crescimento a partir de 2021 para 2022. No ano de 2020. ocorreu uma diminuição das publicações sobre o tema proposto, o que pode ter ocorrido pela pandemia da covid-19.

Gráfico 1
Crescimento de artigos (Web of Science e Scopus)

A Figura 1 evidencia que os artigos estão espalhados por quase todos os continentes. exceto pelo continente africano, bem como boa parte da Ásia. Oriente Médio e Oceania, que não detêm publicações com os protocolos, refinamento e exclusão efetivados nesta pesquisa.

Figura 1
Publicações pelo mundo (Web of Science e Scopus)

Na Figura 2. observa-se a nuvem de palavras, elaborada por meio dos resumos dos artigos analisados. As palavras mais mencionadas entre os autores são “regional”, com 46; “cultura”. com 40 menções; e “desenvolvimento”, com 38 referências.

Figura 2
Nuvem de palavras (Web of Science e Scopus)

A nuvem de palavras acima evidencia conexão entre cultura, região e desenvolvimento. Nos artigos. foi evidenciado que esta ligação tem efeitos sobre como os entes governamentais podem ofertar melhores condições de trabalho para os empreendimentos e. principalmente, a partir da herança cultural, traçar metas que mantenham a sobrevivência dos negócios.

A Figura 3 mostra três clusters principais: vermelho, azul e verde.

Figura 3
Mapa de Coocorrência (Web of Sicence e Scopus)

As conexões que estão no cluster vermelho estão ligadas à cultura empreendedora, utilização de ferramentas culturais, baseadas nos ativos do local e aperfeiçoamento dos atores sociais, como os microempreendimentos do ramo da cultura. Como debatido na revisão de literatura. é crucial conectar o potencial cultural local com a visão do empreendedorismo cultural, ofertar novas formas de gestão para os empreendedores da cultura. Stuetzer et al. (2018)STUETZER, Michael; AUDRETSCH, David; OBSCHONKA, Martin; GOSLING, Samuel; RENTFROW, Peter; POTTER, Jeff. Entrepreneurship culture, knowledge spillovers and the growth of regions. Regional Studies, v. 52, n.5, p. 608-18, 2018. defendem que regiões que proporcionam estas ferramentas de aperfeiçoamento exibem níveis mais elevados de competitividade econômica e promovem maior chance de crescimento de emprego, estes com maior robustez, pois são trabalhos criados pela própria comunidade.

As conexões do cluster azul estão relacionadas ao desenvolvimento regional, políticas de aprimoramento da localidade e suporte aos empreendedores, por intermédio de inovação e ecossistemas que auxiliem os microempreendedores a evoluir em seus negócios. Deste modo. e principalmente analisando pelo cenário pós-pandêmico. é de extrema importância ressaltar a resiliência dos trabalhadores da cultura, pois. depois de um cenário que asfixiou o setor cultural. estes profissionais conseguiram manter-se de pé. Ratten (2021)RATTEN, Vanessa. Coronavirus (Covid-19) and entrepreneurship: cultural, lifestyle and societal changes. Journal of Entrepreneurship in Emerging Economies, Melbourne, v. 13, n. 4, p. 747-61, 2021. elucidada que a adaptação é uma ferramenta destes empreendedores. No entanto, essa adaptação gera inovação com novos serviços e produtos, a partir das problemáticas causadas pela covid-19. Cunningham et al. (2021)CUNNINGHAM, Stuart; MCCUTCHEON, Marlon; HEARN, Greg; DAVID RYAN, Mark. ‘Demand’ for culture and ‘allied’ industries: policy insights from multi-site creative economy research. Internationaljournal of Cultural Policy, Brisbane, v, 27, n. 6, p. 768-81, 2021. reforçam os achados desta pesquisa, quando relacionam a cultura com o desenvolvimento regional e como esses fatores auxiliam na estabilização econômica do território.

As conexões em verde estão ligadas ao estudo dos empreendimentos por meio do desenvolvimento regional da localidade e uma educação empreendedora por meio do ensino que pode ser ofertado por universidades, pesquisadores e empresas, lerapetritis (2018) traz indícios da oportunidade de municípios ofertarem modelos de educação empreendedora, a qual traga conteúdos que possam ser absorvidos de forma rápida por parte deste trabalhador da cultura. para implementar e. principalmente, manter a sobrevivência do negócio.

O Gráfico 2 representa o portfólio bibliográfico da base SciELO. mostrando o declínio de publicações de 2016 até 2021. Os últimos anos podem ter sido afetados por conta das políticas públicas em cultura que foram ofertadas nesse período, principalmente no Brasil, pois o periódico detém inúmeras revistas brasileiras.

Gráfico 2
Crescimento de artigos (SciELO)

No Brasil, as políticas públicas de incentivo à cultura foram afetadas, por conta de decisões governamentais neste período. Pode-se analisar, empiricamente, que o baixo número de publicações nos últimos anos tem ligação direta com as ações tomadas pelo então governo brasileiro.

A Figura 4 apresenta os artigos publicados pelo mundo pela SciELO.

Figura 4
Publicações pelo mundo (SciELO)

A Figura 4 apresenta os locais onde a SciELO tem mais aderência neste tema proposto. Há algumas publicações na Europa, porém, com maior densidade de publicações no continente americano, principalmente no Brasil, com 7 artigos, seguido por África do Sul. Portugal e Colômbia. com uma pesquisa.

A Figura 5 apresenta uma nuvem de palavras, elaborada por meio dos resumos dos artigos analisados na SciELO. As palavras mais mencionadas entre os autores são “local”, com 34; “cultural”, com 20 menções; e “turismo”, com 20 referências.

Figura 5
Publicações pelo mundo (Web of Science e Scopus)

Nesta Figura 5. as conexões mais importantes entre os artigos mostram, além das três principais, o negócio social, a criatividade. Territórios que incentivam empreendimentos culturais têm mais chances de ofertar novas formas de estabilidade financeira para seus moradores e qualificam o capital social existente a partir de seus atores sociais locais.

Na Figura 6. encontram-se 3 clusters principais da SciELO: vermelho, verde e rosa.

Figura 6
Mapa de Coocorrência (SciELO)

As correlações em verde tratam do desenvolvimento regional por intermédio dos microempreendimentos. através de ativos como a cultura e o turismo na localidade. O cluster vermelho correlaciona o papel da educação empreendedora no aperfeiçoamento das empresas. trazendo variáveis e condições para o crescimento da localidade e da sua economia.

O cluster rosa discute sobre o treinamento dos empreendedores em uma ótica de cultura empreendedora, para promoção dos empreendimentos, com uma visão baseada na quádrupla hélice de desenvolvimento. Este cluster em especial evidencia a conexão do desenvolvimento regional, cultural e quádrupla hélice de desenvolvimento, ações que procuram, a partir da interação de Estado-Universidade-Empresas-Sociedade Civil, primeiramente dar sonoridade aos atores sociais locais, no nosso enfoque, empreendedores da cultura. Essa conexão é defendida por Carvalho. Cutrim e Costa (2017)CARVALHO, Conceição de Maria Beifort de; CUTRIM, Kláutenys Dellene Guedes; COSTA, Sarany Rodrigues da. Empreendedorismo cultural e turismo: perspectivas para desenvolvimento das indústrias criativas no bairro da Madre Deus, São Luís (Maranhão, Brasil). Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Humanas, São Luís, v. 12, p. 629-46, 2017.. pois aumenta a possibilidade de potencializar a competitividade em nível de mercado dos microempreendimentos do ramo da cultura e nos faz refletir sobre o real potencial que esses trabalhadores podem trazer com a união de expertises que a hélice aglutina de valor para a localidade, maximizando o engajamento de todos os entes da sociedade em prol de um desenvolvimento regional sustentável.

5 ANÁLISES

Nesta revisão sistemática, com a revisão de literatura e os resultados a partir dos gráficos. das figuras e da leitura dos artigos, indica-se que existem contribuições sobre o papel de empreendedorismo cultural em auxiliar no desenvolvimento regional de uma localidade. Essas são evidenciadas, principalmente, pelo cluster azul. originário das buscas feitas pela WoS e Scopus, e pelo cluster rosa, originado pela base SciELO, remetendo à possibilidade de atração de viabilidade econômica e empresarial, a partir de práticas de tríplice e quádrupla hélice de desenvolvimento. por meio da educação empreendedora, que aprimora potenciais culturais locais. Qian (2018)QIAN, Haifeng; LIU, Shiqin. Cultural entrepreneurship in US cities. Journal of Urban Affairs, Iowa, v. 40, n. 8, p. 1043-65, 2018.. lerapetritis (2018) e Da Costa Mineiro e De Castro (2020)DA COSTA MINEIRO, Andréa Aparecida; DE CASTRO, Cleber Carvalho. A Hélice Quádrupla e sua relação com a visão de futuro dos Parques Científicos e Tecnológicos consolidados no Brasil. Revista de Administração, Sociedade e Inovação, Itajubá, v. 6, n, 2, p. 71-89, 2020.. ratificam a importância do resgate de visibilidade e pertencimento dos fazedores de cultura e de toda a comunidade envolvida por parte dos gestores públicos. A realização de ações de apoio para estes profissionais culturais. aglutinam valor para seus projetos e consequentemente contribui para o bem-estar social e econômico. Ofertando viabilidade para a implementação do desenvolvimento local (Ratten, 2021RATTEN, Vanessa. Coronavirus (Covid-19) and entrepreneurship: cultural, lifestyle and societal changes. Journal of Entrepreneurship in Emerging Economies, Melbourne, v. 13, n. 4, p. 747-61, 2021.; Cummingham, 2021CUNNINGHAM, Stuart; MCCUTCHEON, Marlon; HEARN, Greg; DAVID RYAN, Mark. ‘Demand’ for culture and ‘allied’ industries: policy insights from multi-site creative economy research. Internationaljournal of Cultural Policy, Brisbane, v, 27, n. 6, p. 768-81, 2021. e Capelleras et al, 2019CAPELLERAS, Joan-Lluís; CONTIN-PILART, Ignacio; LARRAZA-KINTANA, Martin; MARTIN-SANCHEZ, Victor. Entrepreneurs’ human capital and growth aspirations: the moderating role of regional entrepreneurial culture. Small Business Economics, Barcelona, v. 52, n. 1, p. 3-25, 2019.).

O desenvolvimento regional tem como uma de suas premissas agrupar relações sociais. potencializar ativos, aumentar a viabilidade e a promoção local (lerapetritis, 2018). criando uma economia que sobreviva a fatores exógenos, como instabilidade política externa ou políticas fiscais internas, que atraem conglomerados de empresas e indústrias para o território, mas que podem sair a qualquer momento, por conta da continuação ou não desses benefícios econômicos (Eriksson; Rataj, 2019ERIKSSON, Rikard; RATAJ, Marcin. The geography of starts-ups in Sweden. The role of human capital, social capital and agglomeration. Entrepreneurship & Regional Development, Umea, v. 31, n. 9-10, p. 735-54, 2019.).

É por conta desta instabilidade que fatores exógenos ao território podem trazer a cultura. que contribui para a estabilização econômica, porque ativa potencialidades locais, a partir de características sociais e históricas do território, as quais, na maioria das vezes, são intransferíveis e podem gerar desenvolvimento e proteção das intempéries externas (Ramos; Pava, 2018RAMOS, Johnker Augusto Santamaria; PAVA, Milagro Elena Barraza. Craftsmanship and champeta: cultural industries and local development in the municipalities of Clemencia and María la Baja in the department of Bolívar. Cuadernos de Administración, Cali, v. 34, n. 60, p. 63-80, 2018.).

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a partir do seu Sistema de Informações e Indicadores Culturais (SIIC). traz indicadores sobre as várias formas que a cultura está inserida no desenvolvimento de uma região. Indicadores, estes, como as regiões com mais influência no setor, a ocupação destes fazedores de cultura e como são divididos os gastos das famílias no consumo de produtos e serviços e os gastos da administração pública. Estas informações são cruciais para traçar metas e desenvolver o território a partir de uma educação empreendedora que reforce o olhar para os microempreendimentos do ramo da cultura (IBGE, 2020INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA [IBGE]. Sistema de informações e Indicadores Culturais (SIIC-IBGE). Portal IBGE, Rio de Janeiro, 2020. Disponível em: https://www.ibge.gov.br/estatisticas/multidominio/cultura-recreacao-e-esporte/9388-indicadores-culturais.html?=&t=resuItados. Acesso em: 4 dez, 2022.
https://www.ibge.gov.br/estatisticas/mul...
).

Os estudos evidenciam que a cultura influencia no processo de empreendedorismo e da inovação de projetos e produtos (Spigel, 2013SPIGEL, Ben. Bourdieuian approaches to the geography of entrepreneurial cultures. Entrepreneurship & Regional Development, Scotland, v, 25, n. 9-10, p. 804-18, 2013.). A cultura está inserida na quádrupla hélice do desenvolvimento regional (lerapetritis, 2018). pois capacita e conecta cocriadores de inovação. neste caso. operadores da cultura (Trequattrini, 2018TREQUATTRINI, Raffaele; LOMBARDI, Rosa; LARDO, Alessandra; CUOZZO, Benedetta. The impact of entrepreneurial universities on regional growth: a local intellectual capital perspective. Journal of the Knowledge Economy, Cassino, v. 9, n. 1, p. 199-211, 2018.). Essa interação entre Estado-Universidade-Sociedade Civil fortalece o ecossistema regional e econômico de uma localidade, ajudando a mitigar problemas externos e melhorando o fluxo econômico e social (Carvalho; Cutrim; Costa, 2017CARVALHO, Conceição de Maria Beifort de; CUTRIM, Kláutenys Dellene Guedes; COSTA, Sarany Rodrigues da. Empreendedorismo cultural e turismo: perspectivas para desenvolvimento das indústrias criativas no bairro da Madre Deus, São Luís (Maranhão, Brasil). Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Humanas, São Luís, v. 12, p. 629-46, 2017.).

O microempreendedor sociocultural fortalece o desenvolvimento regional (Parthymos; Daskalopoulou, 2020PARTHYMOS, Alexandras; DASKALOPOULOU, Irene. Entrepreneurship and social capital: some evidence on micro-spatial interactions. Journal of Small Business & Entrepreneurship, Tripoli, v. 36, n. 1, p. 108-29, 2020.). já que tem a função de transformar recursos em produtos e serviços de valor agregado (Canever et al., 2010CANEVER, Mario Duarte; CARRARO, André; KOHLS, Voinei; TELES, Morgan. Entrepreneurship in the Rio Grande do Sul, Brazil: the determinants and consequences for the municipal development. Revista de Economia e Sociologia Rural, Pelotas, v. 48, p. 85-108, 2010.). Os microempreendimentos do ramo da cultura utilizam os potenciais culturais locais que se transformam em ativos valiosos na promoção de serviços ou produtos que tenham poder de oferta e demanda, como peças de teatro, expressões artísticas. curtas e longas-metragens. galeria de fotos etc. (Jucevicius, 2016JUCEVICIUS, Giedrius; JUCEVICIENE, Rita; GAIDELYS, Vaidas; KALMAN, Aniko. The emerging innovation ecosystems and” valley of death”: Towards the combination of entrepreneurial and institutional approaches. Engineering Economics, Kaunas, v, 27, n. 4, p. 430-38, 2016.). O objetivo é enfatizar o papel social dos microempreendimentos na promoção das atividades locais, inseridos no empreendedorismo regional para ativação dos potenciais culturais (Parthymos; Daskalopoulou, 2020PARTHYMOS, Alexandras; DASKALOPOULOU, Irene. Entrepreneurship and social capital: some evidence on micro-spatial interactions. Journal of Small Business & Entrepreneurship, Tripoli, v. 36, n. 1, p. 108-29, 2020.). O capital social fortalecido pela quádrupla hélice permite a confiança e cooperação entre os empreendedores, para o cumprimento de leis. regras sociais e engajamento em prol da comunidade (Eriksson; Rataj, 2019ERIKSSON, Rikard; RATAJ, Marcin. The geography of starts-ups in Sweden. The role of human capital, social capital and agglomeration. Entrepreneurship & Regional Development, Umea, v. 31, n. 9-10, p. 735-54, 2019.).

Ao longo dos levantamentos da literatura analisados, constatou-se que a educação empreendedora é a ferramenta mais importante para estratégias de rápida especialização, permitindo que empresas interajam e descubram seus reais potenciais de negócios, proporcionando autonomia ao fazedor de cultura (Spigel, 2013SPIGEL, Ben. Bourdieuian approaches to the geography of entrepreneurial cultures. Entrepreneurship & Regional Development, Scotland, v, 25, n. 9-10, p. 804-18, 2013.; lerapetritis, 2018). Esta estratégia de aprendizagem contribui para o desenvolvimento regional, produzindo e criando ativos culturais locais em acordo com o que a localidade precisa para desenvolver-se de forma sustentável. resguardando patrimônios históricos culturais e suas tradições (Rohl, 2020).

Por conta disso, especializar estes profissionais com treinamentos voltados para o desenvolvimento regional e local, mas concedendo autonomia criativa para seus projetos é peçachave para que suas ações sejam potencializadas e tenham mais chances de sobrevivência (Röhl, 2020RÖHL, Klaus-Heiner. Entrepreneurship: a comparative study of the interplay of culture and personality from a regional perspective. Journal of Small Business & Entrepreneurship, Berlin, v. 31, n, 2, p. 119-39, 2020.). Os fazedores de cultura precisam de liberdade para criar e desenvolver potencialidades culturais do território; assim, é crescente a ideia que questões artísticas e culturais promovem a viabilidade local e podem ser vitais para o crescimento de economias regionais ou periféricas (Gibson; Klocker, 2005GIBSON, Chris; KLOCKER, Natascha. The ‘cultural turn’ in Australian regional economic development discourse: neoliberalising creativity? Geographical Research, Sidney, v. 43, n. 1, p. 93-102, 2005.).

Os empreendimentos, por meio de uma educação empreendedora, agregam valor ao território, pois incorporam atividades gerenciais na promoção da cultural regional (Lindh. Thorgren, 2016LINDH, Ida; THORGREN, Sara. Entrepreneurship education: the role of local business. Entrepreneurship & Regional Development, Lulea, v, 28, n. 5-6, p. 313-36, 2016.). levando ao aumento e ao autorreconhecimento do fazedor de cultura em ser um empreendedor (Campos; Davel, 2018CAMPOS, Israel Marques; DAVEL, Eduardo. Empreendedorismo cultural, aprendizagem e identidade territorial: o desbravamento de jovens músicos do nordeste de Amaralina. Administração Pública e Gestão Social, Salvador, v. 10, n. 1, p. 66-73, 2018.). Muitos desses não se identificam como empresários. como provedores da economia local, como geradores de bem-estar social e criação e manutenção de empregos para a comunidade.

Um importante ponto a destacar para os microempreendimentos do ramo da cultura se faz no debate, em que esses não têm conhecimento das ferramentas disponíveis utilizadas para financiar seus projetos (Göleç; Maksudunov, 2019GÖLEÇ, Adem; MAKSUDUNOV, Azamat. A fuzzy methodology for local entrepreneurial culture evaluation: evidence from post-soviet Kyrgyzstan. South African Journal of Industrial Engineering, Bishkek, v. 30, n. 1, p. 110-23, 2019.). Por isso. formalizar e legalizar microempreendimentos do ramo da cultura é essencial, não apenas para a promoção desses atores sociais, mas para o desenvolvimento periférico local (Carvalho; Cutrim; Costa, 2017CARVALHO, Conceição de Maria Beifort de; CUTRIM, Kláutenys Dellene Guedes; COSTA, Sarany Rodrigues da. Empreendedorismo cultural e turismo: perspectivas para desenvolvimento das indústrias criativas no bairro da Madre Deus, São Luís (Maranhão, Brasil). Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Humanas, São Luís, v. 12, p. 629-46, 2017.).

Embora os fazedores de cultura sejam uma modalidade de negócio que vse à dentidade oca e ao conhecimento tradicional, é crucial, nos dias de hoje. acrescentar orientações empresariais para a manutenção de seus empreendimentos (Jesus, 2017JESUS, Diego Santos Vieira de. A arte do encontro: a paradiplomacia e a internacionalização das cidades criativas. Revista de Sociologia e Política, Rio de Janeiro, v, 25, p. 51-76, 2017.). Os microempreendimentos do ramo da cultura podem criar oportunidades que assegurem a dignidade e o respeito à cultura local, adaptando sua forma de negócio aos gostos do mercado (Schilling Marquesan; Dantas de Figueiredo, 2016SCHILLING MARQUESAN, Fabio Freitas; DANTAS DE FIGUEIREDO, Marina. The power of managerialism in the organization of the local craft. Investigación y Desarrollo, Porto alegre, v, 24, n, 2, p, 267-84, 2016.).

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A pesquisa teve como propósito evidenciar as contribuições do empreendedorismo do ramo da cultura para o desenvolvimento regional. Como os atores socioculturais podem transformar potenciais culturais em ativos valiosos para elaboração de produtos e serviços que ajudem na estabilização financeira e social do território. O talento e as características artísticas desses empreendedores podem criar ecossistemas de inovação cultural, pois existe uma efervescente criatividade que pode e deve ser usada em prol do território.

Como resultados, em relação às contribuições dos microempreendimentos do ramo da cultura no desenvolvimento regional, constatou-se a implementação de políticas de fomento à cultura, por meio das hélices de desenvolvimento regional, diga-se a quádrupla hélice, a mais relacionada com o objetivo de pesquisa proposto. A conexão entre planejamento governamental e ativação dos potenciais culturais, trabalhados pelos microempreendimentos do ramo da cultura, são fatores importantes para o desenvolvimento regional de uma localidade.

As possibilidades de expansão de negócios com a parceria Estado-Universidades- Sociedade Civil expõem que microempreendimentos que recebem treinamento a partir de educação empreendedora, e são ofertados com alguma forma de fomento (sendo ele direto ou indireto. via leis de incentivo), estão mais próximos de alcançar estabilidade e sobrevivência do negócio. Iniciativas desta natureza qualificam o capital social existente e protegem o mercado local de inconstâncias externas. Além disso, contribuem com a manutenção e proteção do patrimônio histórico, social e cultural.

Aliais, é importante ressaltar que os fazedores de cultura, na maioria das vezes, não se enxergam como empreendedores, como alguém que pode contribuir economicamente para a comunidade por meio de suas expressões artísticas e criativas. Existe um lado lúdico na oferta de produtos e serviços, em que. com razão, o trabalhador de cultura pensa em alternativas de contar a história e a cultura local para sobreviver. Porém é importante, atualmente, aliar os produtos e serviços culturais com um olhar empreendedor, a partir da economia criativa. gerando pertencimento aos atores sociais envolvidos e geração de estabilidade financeira aos microempreendimentos.

Percebeu-se que este tema é pouco discutido em revistas de maior relevância para o debate no mundo. A limitação do estudo consiste na falta de literaturas em periódicos de alta indexação que interligam o desenvolvimento regional com a cultura. Em pesquisas futuras, as ações propostas por este artigo são de aprofundar o debate sobre cultura e desenvolvimento regional, ofertando treinamento para esses microempreendimentos sobre perspectivas de negócio e obtenção de fomento a partir de leis de incentivo.

A cultura é fonte de renda, mas também de romper barreiras sociais, sem distinção de pessoas por cor da pele ou classe social. A cultura não coloca regras ou limites, mas oferta conhecimento e entretenimento para a população. Os microempreendedores da cultura têm a função de transformar recursos e ativos em produtos e serviços com vantagem e contribuições. que visem trazer pertencimento e visibilidade para o território.

REFERÊNCIAS

  • ALMEIDA. Carla Cristina Rosa de; LIMA. João Policarpo Rodrigues; GATTO, Maria Fernanda Freire. Expenditure on cultural events: preferences or opportunities? An analysis of Brazilian consumer data. Journal of Cultural Economics, Barcelona, v. 44. n. 3. p. 451-80, 2020.
  • BACULÁKOVÁ. Kristína; GREŠŠ. Martin. Spatial distribution model for targeting the support for cultural institutions’ development: a case study of Slovakia. Museology& Cultural Heritage/Muzeologia a Kulturne Dedicstvo, Nitra, v. 9. n. 3, 2021.
  • BECERRA.AIfredoTolón;BRAVO, Xavier Lastra. Planificación en los espacios rurales espanoles: aplicación del modelo neo-endógeno para un desarrollo sostenible en las comarcas de metodologia LEADER. Observatorio Medioambiental, Almeria. Espanha, v. 12. p. 49, 2009.
  • BIBLIOSHINY (2.0). [Software]. Bibliometrix. Microsoft, 2022.
  • BORSEKOVÁ. Kamila; VANOVA. Anna; SÚROVÁ. Janka; KRÁF. Pavol; TURECKOVÁ. Kamila; NEVIMA. Jan; MARTINÁT. Stanislav. The nexus between creative actors and regional development. Land, Banská Bystrica. v. 10. n. 3. p, 276, 2021.
  • BUJDOSÓ, Zoltán; BENKŐ, Béla; PATKÓS, Csaba. The role of art colonies in local development through the example of Cered Art Colony. Ecocycles, Budapeste, v. 7, n. 1, p. 14-8, 2021.
  • CAMPOS, Israel Marques; DAVEL, Eduardo. Empreendedorismo cultural, aprendizagem e identidade territorial: o desbravamento de jovens músicos do nordeste de Amaralina. Administração Pública e Gestão Social, Salvador, v. 10, n. 1, p. 66-73, 2018.
  • CANESTRINO, Rossella; CWIKLICKI, Marek; MAGLIOCCA, Pierpaolo; PAWELEK, Barbara. Understanding social entrepreneurship: a cultural perspective in business research. Journal of Business Research, Napoles, v. 110, p. 132-43, 2020.
  • CANEVER, Mario Duarte; CARRARO, André; KOHLS, Voinei; TELES, Morgan. Entrepreneurship in the Rio Grande do Sul, Brazil: the determinants and consequences for the municipal development. Revista de Economia e Sociologia Rural, Pelotas, v. 48, p. 85-108, 2010.
  • CAPELLERAS, Joan-Lluís; CONTIN-PILART, Ignacio; LARRAZA-KINTANA, Martin; MARTIN-SANCHEZ, Victor. Entrepreneurs’ human capital and growth aspirations: the moderating role of regional entrepreneurial culture. Small Business Economics, Barcelona, v. 52, n. 1, p. 3-25, 2019.
  • CARVALHO, Conceição de Maria Beifort de; CUTRIM, Kláutenys Dellene Guedes; COSTA, Sarany Rodrigues da. Empreendedorismo cultural e turismo: perspectivas para desenvolvimento das indústrias criativas no bairro da Madre Deus, São Luís (Maranhão, Brasil). Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Humanas, São Luís, v. 12, p. 629-46, 2017.
  • CORRÊA, José Carlos Severo; SILVEIRA, Rogério Leandro Lima; KIST, Rosane Bernardete Brochier. Sobre o conceito de desenvolvimento regional: notas para debate. Revista Brasileira de Gestão e Desenvolvimento Regional, Itaqui, v. 15, n. 7, 2019.
  • CUNNINGHAM, Stuart; MCCUTCHEON, Marlon; HEARN, Greg; DAVID RYAN, Mark. ‘Demand’ for culture and ‘allied’ industries: policy insights from multi-site creative economy research. Internationaljournal of Cultural Policy, Brisbane, v, 27, n. 6, p. 768-81, 2021.
  • DA COSTA MINEIRO, Andréa Aparecida; DE CASTRO, Cleber Carvalho. A Hélice Quádrupla e sua relação com a visão de futuro dos Parques Científicos e Tecnológicos consolidados no Brasil. Revista de Administração, Sociedade e Inovação, Itajubá, v. 6, n, 2, p. 71-89, 2020.
  • ERIKSSON, Rikard; RATAJ, Marcin. The geography of starts-ups in Sweden. The role of human capital, social capital and agglomeration. Entrepreneurship & Regional Development, Umea, v. 31, n. 9-10, p. 735-54, 2019.
  • FRITSCH, Michael; WYRWICH, Michael. Regional knowledge, entrepreneurial culture, and innovative start-ups over time and space - an empirical investigation. Small Business Economics, Jena, v. 51, n, 2, p. 337-53, 2018.
  • GAMA, Manuel. Cultura e Desenvolvimento: Projetos culturais e a Agenda 2030. Braga, Working report, 2020.
  • GIBSON, Chris; KLOCKER, Natascha. The ‘cultural turn’ in Australian regional economic development discourse: neoliberalising creativity? Geographical Research, Sidney, v. 43, n. 1, p. 93-102, 2005.
  • GÓES, Geraldo Sandoval; ATHIAS, Leonardo Queiroz; MARTINS, Felipe dos Santos; SILVA, Barbosa Da. O setor cultural na pandemia: o teletrabalho e a Lei Aldir Blanc. Carta Conjunt. (Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada). Brasília-DF: IPEA, 2020. p. 1-7.
  • GÖLEÇ, Adem; MAKSUDUNOV, Azamat. A fuzzy methodology for local entrepreneurial culture evaluation: evidence from post-soviet Kyrgyzstan. South African Journal of Industrial Engineering, Bishkek, v. 30, n. 1, p. 110-23, 2019.
  • IERAPETRITIS, Dimitrios G. Discussing the role of universities in fostering regional entrepreneurial ecosystems. Economies, Atenas, v. 7, n. 4, p. 119, 2019.
  • INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA [IBGE]. Sistema de informações e Indicadores Culturais (SIIC-IBGE). Portal IBGE, Rio de Janeiro, 2020. Disponível em: https://www.ibge.gov.br/estatisticas/multidominio/cultura-recreacao-e-esporte/9388-indicadores-culturais.html?=&t=resuItados. Acesso em: 4 dez, 2022.
    » https://www.ibge.gov.br/estatisticas/multidominio/cultura-recreacao-e-esporte/9388-indicadores-culturais.html?=&t=resuItados.
  • JANCOVICH, Leila; HANSEN, Louise Ejgod. Rethinking participation in the Aarhus as European Capital of Culture 2017 project. Cultural Trends, Aarhus, v, 27, n. 3, p. 173-86, 2018.
  • JELINČIĆ, Daniela Angelina. Indicators for cultural and creative industries’ impact assessment on cultural heritage and tourism. Sustainability, Zagreb, v. 13, n. 14, p. 7732, 2021.
  • JESUS, Diego Santos Vieira de. A arte do encontro: a paradiplomacia e a internacionalização das cidades criativas. Revista de Sociologia e Política, Rio de Janeiro, v, 25, p. 51-76, 2017.
  • JUCEVICIUS, Giedrius; JUCEVICIENE, Rita; GAIDELYS, Vaidas; KALMAN, Aniko. The emerging innovation ecosystems and” valley of death”: Towards the combination of entrepreneurial and institutional approaches. Engineering Economics, Kaunas, v, 27, n. 4, p. 430-38, 2016.
  • LINDH, Ida; THORGREN, Sara. Entrepreneurship education: the role of local business. Entrepreneurship & Regional Development, Lulea, v, 28, n. 5-6, p. 313-36, 2016.
  • LOUNSBURY, Michael; CORNELISSEN, Joep; GRANQVIST, Nina; GRODAL, Stine. Culture, innovation and entrepreneurship. Innovation, Londres, v, 21, n. 1, p. 1-12, 2019.
  • ORGANIZAÇÃO PARA A COOPERAÇÃO E O DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO [OECD]; INTERNATIONAL CONCIL OF MUSEUMS [ICOM]. Culture and Local Development: maximising the impact: a guide for local governments, communities and museums. Veneza: OECD/ICOM, 2018.
  • PAGANO, Alessandra; PETRUCCI, Francesco; BOCCONCELLI, Roberta. A business network perspective on unconventional entrepreneurship: A case from the cultural sector. Journal of Business Research, Urbino, v. 92, p. 455-64, 2018.
  • PAPAZOGLOU, Grammatiki. Society and culture: cultural policies driven by local authorities as A factor in local development - the example of the municipality of Xanthi-Greece. Heritage, Atenas, v, 2, n. 3, p. 161, 2019.
  • PARTHYMOS, Alexandras; DASKALOPOULOU, Irene. Entrepreneurship and social capital: some evidence on micro-spatial interactions. Journal of Small Business & Entrepreneurship, Tripoli, v. 36, n. 1, p. 108-29, 2020.
  • QIAN, Haifeng; LIU, Shiqin. Cultural entrepreneurship in US cities. Journal of Urban Affairs, Iowa, v. 40, n. 8, p. 1043-65, 2018.
  • RAMOS, Johnker Augusto Santamaria; PAVA, Milagro Elena Barraza. Craftsmanship and champeta: cultural industries and local development in the municipalities of Clemencia and María la Baja in the department of Bolívar. Cuadernos de Administración, Cali, v. 34, n. 60, p. 63-80, 2018.
  • RATTEN, Vanessa. Coronavirus (Covid-19) and entrepreneurship: cultural, lifestyle and societal changes. Journal of Entrepreneurship in Emerging Economies, Melbourne, v. 13, n. 4, p. 747-61, 2021.
  • RATTEN, Vanessa; FERREIRA, João J. Future research directions for cultural entrepreneurship and regional development. International journal of Entrepreneurship and Innovation Management, Melbourne, v, 21, n. 3, p. 163-69, 2017.
  • RÖHL, Klaus-Heiner. Entrepreneurship: a comparative study of the interplay of culture and personality from a regional perspective. Journal of Small Business & Entrepreneurship, Berlin, v. 31, n, 2, p. 119-39, 2020.
  • SANTOS, Elinaldo Leal; BRAGA, Vitor; Santos, Reginaldo; Braga, Alexandra. Desenvolvimento: um conceito em construção. DRd-Desenvolvimento Regional em debate, Vila Real, v, 2, n. 1, p. 44-61, 2012.
  • SARKAR, Soumodip. Grassroots entrepreneurs and social change at the bottom of the pyramid: the role of bricolage. Social Entrepreneurship and Bricolage, Routledge, Londres, 2020. p. 160-88.
  • SCHILLING MARQUESAN, Fabio Freitas; DANTAS DE FIGUEIREDO, Marina. The power of managerialism in the organization of the local craft. Investigación y Desarrollo, Porto alegre, v, 24, n, 2, p, 267-84, 2016.
  • SPIGEL, Ben. Bourdieuian approaches to the geography of entrepreneurial cultures. Entrepreneurship & Regional Development, Scotland, v, 25, n. 9-10, p. 804-18, 2013.
  • STUETZER, Michael; AUDRETSCH, David; OBSCHONKA, Martin; GOSLING, Samuel; RENTFROW, Peter; POTTER, Jeff. Entrepreneurship culture, knowledge spillovers and the growth of regions. Regional Studies, v. 52, n.5, p. 608-18, 2018.
  • ŠVARC, Jadranka; LAŽNJAK, Jasminka; DABIĆ, Marina. Regional innovation culture in innovation laggard: A case of Croatia. Technology in Society, Zagreb, v. 58, p. 101123, 2019.
  • TEIXEIRA, Sérgio J.; FERREIRA, João J. M. Entrepreneurial artisan products as regional tourism competitiveness. International Journal of Entrepreneurial Behavior & Research, Madeira, v, 25, n. 4, p. 652-73, 2018.
  • TREQUATTRINI, Raffaele; LOMBARDI, Rosa; LARDO, Alessandra; CUOZZO, Benedetta. The impact of entrepreneurial universities on regional growth: a local intellectual capital perspective. Journal of the Knowledge Economy, Cassino, v. 9, n. 1, p. 199-211, 2018.
  • TRINDADE, Teresa Noll. A construção de políticas públicas para a cultura no Brasil. Estudos Ibero-Americanos, Campinas, v. 48, n. 1, e41540, 2022.
  • TUBADJI, Annie; NIJKAMP, Peter. Cultural corridors: An analysis of persistence in impacts on local development - a neo-Weberian perspective on South-East Europe. Journal of Economic Issues, Bristol, v. 52, n. 1, p. 173-204, 2018.
  • UNITED NATIONS CONFERENCE ON TRADE AND DEVELOPMENT [UNCTAD]. Creative economy outlook, contry profiles. Trends in international trade in creative industries. Genebra: United Nations Publication, 2018.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    13 Set 2024
  • Data do Fascículo
    Apr-Jun 2024

Histórico

  • Recebido
    30 Dez 2022
  • Revisado
    26 Maio 2023
  • Aceito
    08 Jun 2023
Universidade Católica Dom Bosco Av. Tamandaré, 6000 - Jd. Seminário, 79117-900 Campo Grande- MS - Brasil, Tel./Fax: (55 67) 3312-3373/3377 - Campo Grande - MS - Brazil
E-mail: suzantoniazzo@ucdb.br