Resumo:
Este artigo tem por objetivo discutir a violência simbólica presente no processo de execução do programa habitacional Minha Casa, Meu Maranhão, analisando o desenvolvimento do programa, verificando as diretrizes e sua aplicação, além das atitudes dos beneficiários após a materialização da referida violência encontrada na casa do programa. Considerando o modo de morar rural como intrínseco às suas condições gerais de vida, o texto analisa a concepção do programa habitacional criado a partir do Programa Nacional de Habitação Rural (PNHR), comprovadamente pouco eficaz na região Nordeste do país e distante da realidade social dos beneficiários. Com base em pesquisa de campo realizada entre 2015 e 2019 em Pequizeiro, povoado do município de Belágua, Maranhão, discute o processo de apropriação da nova moradia pelas famílias contempladas, analisando reformas identificadas na nova casa, assim como os diferentes usos dos ambientes, que se alteram de acordo com a necessidade de cada núcleo familiar. Com base no estudo das intervenções físicas pós-ocupação, conclui que o programa é incompatível com a realidade local, e a desconsideração e violência praticadas sobre o modo de vida camponês têm suas respostas nas intervenções na casa e em seu entorno que buscam restituir as condições necessárias à sua reprodução social.
Palavras-chave:
política habitacional; moradia camponesa; violência simbólicaz