Num momento em que o mundo passa por tantas transformações – políticas, econômicas, sociais e culturais – a área da Comunicação parece se posicionar cada vez mais não só no sentido de acompanhar e atuar nos fenômenos contemporâneos, mas contribuindo para estudá-los teórica, empírica e metodologicamente, numa tentativa constante de entendimento da realidade. Assim, vemos a atual edição da INTERCOM – Revista Brasileira de Ciências da Comunicação (RBCC) como um recorte dessa realidade, na qual as mudanças, apesar de constantes e, às vezes, contraditórias, questionáveis ou necessárias, são observadas por pesquisadores de várias partes do Brasil e do mundo e de diferentes gerações, numa ampla troca de experiências e conhecimentos.
A atual edição contém 14 artigos, divididos em três eixos temáticos. O primeiro reúne trabalhos de pesquisadores dispostos a pensar o valor da marca da mídia – como é o caso do artigo La credibilidad de los medios de Comunicación de masas: una aproximación desde el Modelo de Marca Creíble, assinado pelos professores Cristina Calvo-Porral, Valentín-Alejandro Martínez-Fernández e Oscar Juanatey-Boga, da Galícia – e a discutir ações sociais comunicativas, bem como tecnologias e Jornalismo, como nos artigos Intelectuais em defesa da radiocultura (1920-1930), de Patrícia Coelho; A vida em 20 Linhas: a representação da morte nas páginas da Folha de S.Paulo, escrito por Monica Martinez; Os gêneros jornalísticos do tablet e a força do costume cultural do dispositivo, assinado por Lia Seixas, Mariana Guedes e Ieda Tourinho; e Comunicação e mobilização: o movimento 'Não Foi Acidente' e a campanha em torno de um problema público no Brasil, de Terezinha Silva.
O segundo eixo tem como meta abordar as novas linguagens e culturas midiáticas. Nele, foram contemplados os seguintes estudos: Processos de consumo cultural e midiático: imagem dos 'Otakus', do Japão ao mundo, de Yuji Gushiken e Tatiane Hirata; O som do ódio: explorando o uso das letras da música hatecore como estratégia de recrutamento pelo Movimento da Força Branca, dos professores Belio Antonio Martinez Jr e Andy Selepak, da Universidade de Gainesville, na Flórida (EUA); A invenção dos tweens: juventude, cultura e mídia, de Renata Tomaz; e Dos generaciones de nativos digitales, elaborado por Joaquín Linne, da Universidade de Buenos Aires (Argentina).
No terceiro e último eixo, procuramos reunir artigos que dialogam com outras áreas do conhecimento, numa riqueza interdisciplinar e diversa tão característica e fundamental para a Comunicação. São eles: O estilo como elemento ligamentar entre stand-up comedy e Literatura, de Luis Henrique Boaventura e Ernani Cesar de Freitas; A transposição de mitos na intertextualidade entre Cinema e Publicidade: uma análise semiológica de Pornochanchada, campanha da marca Chilli Beans, assinado por Ildembergue Leite de Souza e André Luiz Maranhão de Souza Leão; A personagem adolescente como protagonista em quatro filmes brasileiros contemporâneos, de João Batista Freitas Cardos, Roberto Elísio dos Santos e Herom Vargas; e La dimensión pueblerina de la industria cultural de la música – una mirada 'antroponómica', do pesquisador mexicano Jorge A. González.
A seção Arena, conta com o artigo Biopolítica, ordem discursiva e Comunicação, de Marcio Acselrad. Utilizando pesquisa bibliográfica e a premissa foucaultiana de que a ordem do discurso é essencialmente uma ferramenta de poder, antes de uma aproximação com a verdade, o autor propõe uma interessante discussão para mapear o tema da ordem discursiva em sua relação biopolítica com o campo da Comunicação.
A entrevista com o professor Marc Lits – diretor da Faculdade de Ciências Econômicas, Sociais, Políticas e de Comunicação (ESPO, da sigla em francês) e presidente do polo de pesquisa em Comunicação do Instituto de Linguagem e Comunicação (ILC) da Universidade Católica de Lovaina, na Bélgica – tem um gostinho especial. Por ser a número 30 da série "Diálogos Midiológicos" da revista, marca mais de uma década de conversa com pesquisadores de diversas universidades do planeta que, acreditamos, contribuem muito para o desenvolvimento do nosso campo.
As tradicionais resenhas com alguns dos recentes lançamentos de livros encerram a edição.
Aproveitamos para lembrá-los que, desde o número 1/2014 da RBCC, todos os artigos estão disponíveis também no idioma Inglês, em sua versão eletrônica, no site da Intercom (http://www.portcom.intercom.org.br) e em suas páginas nas bases indexadoras como Scielo e Redalyc, em mais uma iniciativa de internacionalização, democratização e divulgação do conhecimento. Outras novidades é que a revista passa a adotar o DOI (Digital Object Identifier) e a utilizar a linguagem XML em sua versão eletrônica disponível para acesso gratuito e universal na Scielo, Redalyc e em outras plataformas digitais.
Encerramos, desejando boa leitura e, mais uma vez, agradecemos a preciosa participação dos autores, dos membros do Conselho Editorial Científico e de todos os colaboradores da edição.
Equipe editorial
Datas de Publicação
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Publicação nesta coleção
Jul-Dec 2014
