RESUMO
Introdução: O conhecimento das causas primárias, validadas, de doença renal crônica terminal (DRCT) é primordial no contexto epidemiológico da doença. Existe uma lacuna na literatura em termos de estudos validados sobre tais causas.
Objetivo: Estimar a prevalência das causas de DRCT em uma capital do Nordeste brasileiro.
Métodos: Estudo transversal baseado na análise dos prontuários de pacientes em hemodiálise de cinco centros especializados em Fortaleza, CE. Foram excluídos casos de óbito no período da coleta e de transferências para outras unidades fora do município em questão. Coletou-se dados de 830 pacientes, restando 818 após aplicação dos critérios de exclusão, o correspondente a 48% dos pacientes que dialisam na cidade.
Resultados: Observou-se que 61,1% dos pacientes eram do sexo masculino. A faixa etária mais prevalente foi 60 a 69 anos, 22%. A idade média foi 55,7 ± 16 anos. A causa mais comum de DRCT pós-validação foi indeterminada, 35,3%; seguida por diabetes mellitus, 26,4%; doença renal policística do adulto, 6,2%; falência do enxerto, 6,2%; uropatia obstrutiva, 5,7%; e glomerulonefrite primária, 5,3%. Antes da validação, a hipertensão primária foi a causa mais frequente de DRCT, com 22,9%, e, após validação, caiu para 3,8%.
Conclusão: Os dados contrariam estudos nacionais que afirmam que a primeira causa de DRCT seria hipertensão primária. Evidenciou-se alta taxa de causas desconhecidas e viés de classificação, principalmente com relação à HAS primária como causa de DRCT, o que afeta a prevalência geral das causas de DRCT dos pacientes em diálise.
Palavras-chave: insuficiência renal crônica; falência renal crônica; epidemiologia; estudos de validação