RESUMO
Objetivo
A endarterectomia pulmonar (EAP) é o tratamento padrão ouro para hipertensão pulmonar tromboembólica crônica (HPTEC). O objetivo deste estudo foi relatar a evolução de pacientes com HPTEC submetidos a EAP em 10 anos, com foco nos avanços nas técnicas anestésicas e cirúrgicas.
Métodos
Foram avaliados 102 pacientes submetidos à EAP entre janeiro de 2007 e maio de 2016 no Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo. Mudanças nas técnicas incluíram circulação extracorpórea, tempos de aquecimento e resfriamento mais longos e tempo médio de hipotermia profunda com parada circulatória e tempo de reperfusão reduzido. Os pacientes foram estratificados de acordo com as mudanças temporais nas técnicas anestésicas e cirúrgicas: grupo 1 (janeiro de 2007 a dezembro de 2012), grupo 2 (janeiro de 2013 a março de 2015) e grupo 3 (abril de 2015 a maio de 2016). Os desfechos clínicos foram qualquer ocorrência de complicações durante a hospitalização.
Resultados
Os grupos 1, 2 e 3 incluíram 38, 35 e 29 pacientes, respectivamente. No geral, 62,8% eram mulheres (idade média, 49,1 anos) e 65,7% estavam em classe funcional III-IV da New York Heart Association. As complicações pós-operatórias foram menos frequentes no grupo 3 do que nos grupos 1 e 2: complicações cirúrgicas (10,3% vs. 34,2% vs. 31,4%, p=0,035), sangramento (10,3% vs. 31,5% vs. 25,7%, p=0,047) e acidente vascular cerebral (0 vs. 13,2% vs. 0, p=0,01). Entre 3 e 6 meses após a alta, 85% estavam na classe I-II da NYHA.
Conclusão
Melhorias nos procedimentos anestésicos e cirúrgicos foram associadas a melhores resultados em pacientes com HPTEC submetidos a EAP durante o período de 10 anos.
Descritores:
Embolia pulmonar; Hipertensão pulmonar; Endarterectomia; Mortalidade hospitalar; Análise de sobrevivência; Complicações pós-operatórias