RESUMO
Objetivo:
Traçar o perfil clínico de pacientes internados com COVID-19 que haviam sido vacinados antes da hospitalização e comparar os fatores de risco para óbito e a taxa de sobrevida em 28 dias entre esses internados vacinados com uma, duas ou três doses e pacientes internados com COVID-19 não vacinados.
Métodos:
Estudo de coorte observacional retrospectivo envolvendo pacientes com COVID-19 internados em um hospital de referência na cidade do Recife (PE) entre julho de 2020 e junho de 2022.
Resultados:
A amostra foi composta por 1.921 pacientes internados, dos quais 996 (50,8%) haviam sido vacinados antes da hospitalização. Após ajuste do risco de mortalidade para os pacientes vacinados, aqueles submetidos à ventilação mecânica invasiva (VMI) apresentaram o maior risco de mortalidade (OR ajustada [ORa] = 7,4; IC95%: 3,8-14,1; p < 0,001), seguidos pelos pacientes > 80 anos (ORa = 7,3; IC95%: 3,4-15,4; p < 0,001) e aqueles que necessitam de vasopressores (ORa = 5,6; IC95%: 2,9-10,9; p < 0,001). Após ajuste do risco de mortalidade para todos os pacientes, o recebimento de três doses de vacina (ORa = 0,06; IC95%: 0,03-0,11; p < 0,001) foi o fator de proteção mais importante contra o óbito. Houve benefícios progressivos da vacinação, com redução da frequência de internações em UTI, de uso de VMI e de óbitos (de 44,9%, 39,0% e 39,9% após a primeira dose para 16,7%, 6,2% e 4,4% após a terceira dose, respectivamente), bem como melhora significativa na sobrevida após cada dose subsequente (p < 0,001).
Conclusões:
As vacinas foram efetivas na redução da gravidade da doença e dos óbitos nesta coorte de pacientes internados com COVID-19, e a aplicação de doses adicionais conferiu-lhes proteção vacinal cumulativa.
Descritores:
COVID-19; Fatores de risco; Mortalidade hospitalar; Vacinação