INTRODUÇÃO: A tuberculose tem trazido importantes desafios ao setor de saúde. O Brasil tem alta prevalência da doença e o Estado do Rio de Janeiro possui as maiores taxas de incidência do país. O município do Rio de Janeiro é responsável pela maior notificação do estado e cerca de 30% dos casos diagnosticados têm origem em hospitais. OBJETIVO: Estimar a prevalência de resistência inicial e adquirida e identificar fatores associados à ocorrência de resistência em hospital geral referência para tratamento de AIDS no Rio de Janeiro. MÉTODO: Foram analisadas cepas de Mycobacterium tuberculosis de 165 pacientes, entre agosto de 1.996 e fevereiro de 1.998. RESULTADOS: Vinte por cento (33/165) apresentaram resistência a pelo menos um medicamento: 13% (22/165) à isoniazida, 1,8% (3/165) à rifampicina e 3,6% (6/165) a ambas. Entre pacientes infectados pelo HIV (52/165), 28,85% (15/52) apresentaram resistência a pelo menos um fármaco. Resistência adquirida ocorreu em 12,5% dos pacientes que referiram tratamento anterior (3/24), com associação significativa com imagem radiológica não cavitária (p = 0,05). Resistência inicial ocorreu em 18,4% dos pacientes virgens de tratamento (26/141), com associação significativa com ser profissional de saúde (p = 0,004), desemprego (p = 0,03) e diarréia (p = 0,01) na análise bivariada. Na análise multivariada, ser profissional de saúde manteve-se fortemente associado com a ocorrência de resistência inicial (p = 0,002). CONCLUSÃO: Taxas de resistência elevadas foram encontradas nesta série. Estes achados corroboram a necessidade de que atenção maior seja dada à tuberculose em ambiente hospitalar, em especial no que diz respeito à preocupante associação entre resistência nas cepas isoladas e profissionais de saúde.
Mycobacterium tuberculosis; Resistência a drogas; Transmissão de doença do paciente para o profissional; Hospitais