RESUMO
Objetivo:
Investigar até que ponto o exercício está associado a sintomas em pacientes com apneia obstrutiva do sono (AOS) grave.
Métodos:
Foram incluídos indivíduos com um índice de apneia-hipopneia (IAH) > 30 eventos/h que completaram questionários de sono e exercício validados. Comparamos a frequência/pontuação de sintomas entre praticantes e não praticantes de exercícios, ajustados para os fatores de confusão habituais.
Resultados:
A amostra incluiu 907 não praticantes e 488 praticantes (idade média de 49 ± 14 anos; IAH médio, 53±20 eventos/h; 81% homens). Não praticantes e praticantes diferiram significativamente em termos de obesidade (72% vs. 54%), proporção média de sono em estágio de sono 3 com non-rapid eye movement (9 ± 8% vs. 11 ± 6%) e cansaço (78% vs. 68%). Os não praticantes tiveram uma maior frequência/pontuação de sintomas e uma pior qualidade do sono. O ajuste para exercício enfraqueceu as associações entre sintomas individuais e o IAH, indicando que o exercício tem um efeito atenuante. Nos modelos logísticos binários, o exercício foi associado a uma redução de aproximadamente 30% no escore > 2 no questionário ajustado1 para cansaço; sono de má qualidade, sono não reparador e humor negativo ao despertar. Embora as chances de um escore >10 na Escala de Sonolência de Epworth ter sido menor nos praticantes, essa associação não resistiu ao ajuste para fatores de confusão.
Conclusões:
O exercício está associado a uma menor frequência/intensidade de sintomas em pacientes com AOS grave. Como até um terço dos pacientes com AOS grave pode se exercitar regularmente e, portanto, ser levemente sintomático, é importante não descartar um diagnóstico de AOS nesses pacientes.
Descritores:
Síndromes da apneia do sono; Exercício, Sonolência; Polissonografia