Acompanhamento |
Aspectos funcionais |
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Realizar espirometria com broncodilatador a cada 6 meses, determinação de volumes pulmonares (se disponível) anual, e teste de caminhada de seis minutos (a critério médico). |
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Aspectos microbiológicos |
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Coletar amostras do trato respiratório inferior (escarro, por exemplo) em intervalos regulares de 3-4 meses e nas exacerbações pulmonares para a realização de cultura aeróbia; coleta anual para fungos e micobactérias; caso o paciente esteja em uso crônico de macrolídeos, deve-se realizar cultura para micobactérias a cada 6 meses. |
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Marcadores sistêmicos |
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Embora a PCR pareça ser um marcador relacionado à inflamação e disponível para uso na prática clínica, não há evidências suficientes para recomendar seu uso de rotina para avaliar a gravidade da doença. |
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Escores de gravidade e prognóstico |
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Deve-se calcular um escore de gravidade e estimativa de prognóstico ao diagnóstico do paciente com bronquiectasias. A obtenção periódica do escore (anualmente, por exemplo) auxilia no manejo terapêutico. Até o momento atual, os escores FACED e E-FACED estão validados para uso no Brasil. |
Tratamento do paciente estável |
Infecção crônica das vias aéreas |
Primoinfecção |
Na primeira identificação de Pseudomonas aeruginosa no escarro de um paciente, ele deve ser tratado com um antibiótico sistêmico com ação antipseudomonas associado a um antibiótico inalatório. Recomenda-se a realização de cultura de escarro de controle no período de 2-4 semanas após o término do tratamento. |
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Infecção brônquica crônica |
Pacientes com bronquiectasias com infecção brônquica crônica por Pseudomonas aeruginosa e exacerbadores podem se beneficiar e devem ser tratados com o uso prolongado de antibióticos por via inalatória; a escolha dependerá da disponibilidade da medicação e do acesso à mesma. |
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Inflamação crônica |
Macrolídeos |
Usar macrolídeos como terapia continuada pelo prazo mínimo de 6-12 meses para pacientes com bronquiectasias com pelo menos duas exacerbações por ano; preferência pelo uso da azitromicina; pode-se considerar o uso, embora sem evidências, para pacientes com menos de duas exacerbações ao ano, mas com histórico de exacerbação grave, imunodeficiência primária ou secundária, pacientes nos quais as exacerbações têm impacto significativo na qualidade de vida ou naqueles com bronquiectasias mais graves. Deve-se excluir a infecção ativa por micobactérias não tuberculosas |
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Corticoide inalatório |
Não há evidências suficientes para o uso rotineiro de corticoide inalatório em adultos com bronquiectasias. A terapêutica pode se justificar em alguns subgrupos de adultos quando houver asma ou DPOC associadas. |
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Broncodilatadores |
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Não há evidências suficientes para se recomendar o uso rotineiro de BDs em pacientes com bronquiectasias sem dispneia; BDs de longa duração podem ser recomendados quando ocorrer a associação de bronquiectasias com asma ou DPOC. Devido ao potencial risco de broncoespasmo com o uso inalatório de drogas mucoativas e antibióticos, sugere-se o uso de BDs antes da utilização dessas drogas. |
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Clearance das vias aéreas |
Fisioterapia respiratória |
Técnicas fisioterapêuticas para melhorar o clearance mucociliar devem ser realizadas e ensinadas para todos os pacientes com bronquiectasias com produção crônica de secreção e/ou sinais (tomográficos) de tampões mucosos. |
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Exercício físico e reabilitação pulmonar |
Encaminhar pacientes com bronquiectasias com limitação aos esforços para a prática de exercício regular e programas de reabilitação pulmonar, se disponíveis. |
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Agentes osmóticos |
Solução salina hipertônica (6-7%) deve ser considerada em pacientes com bronquiectasias que persistam com secreções apesar de outras medidas. A primeira administração deve ser supervisionada para avaliar efeitos adversos (broncoespasmo), que podem ser evitados (minimizados) com administração prévia de BD de curta duração. |
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Mucolíticos |
Não há evidências suficientes para recomendar o uso rotineiro de mucolíticos em pacientes com bronquiectasias. O uso de dornase alfa está contraindicado para pacientes adultos com bronquiectasias não fibrocísticas. |
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Vacinas |
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Pacientes com bronquiectasias devem receber vacina anti-influenza anual e vacinas antipneumocócica VPC13 e VPPS23 conforme o esquema sequencial recomendado pela SBIm e SBPT. |
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Insuficiência respiratória crônica |
Oxigenoterapia domiciliar e ventilação não invasiva |
Em pacientes com hipoxemia crônica apesar da otimização do tratamento clínico, está indicada a oxigenoterapia domiciliar prolongada. Em pacientes clinicamente estáveis com insuficiência respiratória crônica hipercápnica, deve ser utilizada ventilação não invasiva na modalidade BiPAP como adjuvante à reabilitação e fisioterapia. |
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Transplante pulmonar |
Deve-se considerar a indicação de transplante pulmonar para pacientes com VEF1 < 30% do previsto ou naqueles com valores maiores que esse mas com declínio acelerado da função pulmonar. Alguns fatores, quando presentes, devem alertar para a possibilidade de encaminhamento precoce do paciente para a avaliação de transplante pulmonar: exacerbações graves e frequentes, internações em UTI; presença de pneumotórax ou hemoptise recorrentes ou refratários ao tratamento; e insuficiência respiratória crônica, hipercapnia ou hipertensão pulmonar. |
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Tratamento cirúrgico |
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O tratamento cirúrgico deve ser reservado para indivíduos com doença bronquiectásica localizada e refratária ao tratamento clínico, e o procedimento preferencial é a videotoracoscopia. |
Tratamento das exacerbações |
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Após o diagnóstico de uma exacerbação, deve-se definir a gravidade da mesma a fim de se decidir se o tratamento será domiciliar ou com internação hospitalar. Antes de iniciar antibioticoterapia (baseada em culturas prévias), deve-se coletar nova amostra de escarro para análise microbiológica, que será usada no caso de falta de resposta ao tratamento. Medidas adjuvantes devem ser instituídas conforme julgamento clínico (corticosteroides, BDs, fisioterapia respiratória e/ou agentes hipertônicos). |