RESUMO
Objetivo:
Investigar a acurácia da ausculta torácica na detecção de mecânica respiratória anormal.
Métodos:
Foram avaliados 200 pacientes sob ventilação mecânica no pós-operatório imediato de cirurgia cardíaca. Foi avaliada a mecânica do sistema respiratório - complacência estática do sistema respiratório (Cest,sr) e resistência do sistema respiratório (R,sr) - e, em seguida, dois examinadores independentes, que desconheciam os dados referentes à mecânica do sistema respiratório, realizaram a ausculta torácica.
Resultados:
Nem murmúrio vesicular diminuído/abolido nem crepitações foram associados à Cest,sr reduzida (≤ 60 ml/cmH2O), independentemente do examinador. A acurácia global da ausculta torácica foi de 34,0% e 42,0% para os examinadores A e B, respectivamente. A sensibilidade e a especificidade da ausculta torácica para a detecção de murmúrio vesicular diminuído/abolido e/ou crepitações foi de 25,1% e 68,3%, respectivamente, para o examinador A, versus 36,4% e 63,4%, respectivamente, para o examinador B. Com base nos julgamentos feitos pelo examinador A, houve uma fraca associação entre R,sr aumentada (≥ 15 cmH2O/l/s) e roncos e/ou sibilos (ϕ = 0,31, p < 0,01). A acurácia global para a detecção de roncos e/ou sibilos foi de 89,5% e 85,0% para os examinadores A e B, respectivamente. A sensibilidade e a especificidade para a detecção de roncos e/ou sibilos foi de 30,0% e 96,1%, respectivamente, para o examinador A, versus 10,0% e 93,3%, respectivamente, para o examinador B.
Conclusões:
A ausculta torácica não parece ser um método diagnóstico acurado para a detecção de mecânica respiratória anormal em pacientes sob ventilação mecânica no pós-operatório imediato de cirurgia cardíaca.
Descritores:
Testes diagnósticos de rotina; Exame físico; Sons respiratórios; Mecânica respiratória; Acurácia dos dados; Respiração artificial