RESUMO
Objetivo:
Como a infecção por SARS-CoV-2 pode afetar gravemente os pulmões e podem ocorrer alterações funcionais persistentes após doença grave, nosso objetivo foi determinar os parâmetros de função pulmonar de pacientes com COVID-19, 45 dias após a alta hospitalar e comparar as alterações de acordo com a gravidade da doença.
Métodos:
Estudo multicêntrico, prospectivo, descritivo e analítico. Os participantes foram alocados em três grupos: grupo internação em enfermaria (IE); grupo internação em UTI sem ventilação mecânica (UTI/VM−); e grupo internação em UTI com VM (UTI/VM+). Volumes pulmonares, DLCO, PImáx, PEmáx e distância percorrida no teste de caminhada de seis minutos (DTC6) foram medidos 45 dias após a alta.
Resultados:
A amostra foi composta por 242 pacientes (média de idade = 59,4 ± 14,8 anos; 52,1% do sexo masculino), e 232 (96%) apresentavam alteração da função pulmonar. Na coorte total, observou-se distúrbio restritivo em 96%, assim como redução da DLco (em 21,2% dos pacientes), VEF1/CVF (em 39,7%) e PEmáx (em 95,8%), sem diferença entre os grupos para todos. Na comparação entre os grupos, o grupo UTI/VM+ apresentou DLCO reduzida em 50% dos pacientes (p < 0,001) e teve menor média da DTC6 do valor previsto (p = 0,013). Dessaturação de oxigênio no teste de caminhada de seis minutos foi observada em 32,3% da coorte e foi menos frequente no grupo IE.
Conclusões:
Este é o primeiro estudo sul-americano envolvendo sobreviventes de COVID-19 grave cuja função pulmonar foi avaliada 45 dias após a alta hospitalar. Alterações foram frequentes, principalmente naqueles em VM, o que destaca a importância da avaliação da função pulmonar após COVID-19 grave.
Descritores:
COVID-19; Testes de função respiratória; Capacidade de difusão pulmonar; Viroses; SARS-CoV-2