RESUMO
Objetivo: Analisar o craving em fumantes com comorbidades cardiovasculares submetidos a uma abordagem nutricional.
Métodos: Intervenção clínica (n = 32) com dois grupos randomizados: Grupo 1 (G1, n = 15): recebendo 40 g de chocolate contendo 70% de cacau/dia e intervenção comportamental para cessação do tabagismo por um mês; Grupo 2 (G2, n = 17): grupo controle, recebendo apenas intervenção comportamental pelo mesmo período. O Questionnaire of Smoking Urges-Brief (QSU-Brief) – versão Brasil foi utilizado para avaliar o craving. As medidas antropométricas verificaram a interferência nutricional do procedimento e a avaliação sérica, a interferência de processos inflamatórios relacionados ao tabagismo. O estudo foi registrado no Registro Brasileiro de Ensaios Clínicos (ReBEC), RBR-83jr3.
Resultados: Um mês depois, comparado à avaliação inicial, o G1 reduziu o craving total e seus fatores (1 e 2). QSU-Brief total: 44,27 ± 15,82 x 27,00 ± 18,03 (p = 0,008); Fator 1: 21,90 ± 7,70 x 12,90 ± 8,87 (p = 0,006); Fator 2: 11,90 ± 6,30 x 7,00 ± 6,63 (0,007). G2: redução no QSU-Brief total e Fator 1, mas não no Fator 2. QSU-Brief total 28,17 ± 17,24 x 19,52 ± 9,50 (p = 0,049); Fator 1: 14,47 ± 8,74 x 9,23 ± 6,11 (p = 0,046). Níveis séricos de cortisol, leptina, serotonina, proteína C-reativa (PCR) e insulina não apresentaram diferenças (p > 0,05). Não foram encontradas diferenças antropométricas significativas.
Conclusão: Os resultados demonstram que o consumo diário de chocolate por um mês (70%) reduziu o craving em fumantes no início do tratamento. O chocolate potencializou o conhecido efeito do aconselhamento comportamental sobre o Fator 1 (efeitos prazerosos da droga) e também interferiu no fator 2 (efeitos desagradáveis da abstinência).
PALAVRAS-CHAVE Fumante; alimento; chocolate; fissura; comorbidade