RESUMO
Objetivo:
Testar a eficácia clínica e a segurança de equipamento de estimulação elétrica transcraniana por corrente contínua (ETCC) de baixo custo em ensaio clínico para transtorno depressivo maior (TDM).
Métodos:
Foram recrutadas 168 pessoas e incluídos e randomizados 32 indivíduos com depressão moderada ou grave (escores na HDRS17 >18; 16 indivíduos em cada grupo). A intervenção consistiu de 10 sessões de ETCC ativa a 2 mA no córtex pré-frontal dorsolateral esquerdo por 30 minutos, ou sham. O desfecho principal foi HDRS17; os desfechos secundários foram satisfação (TSQM II) e qualidade de vida (WHOQOL-BREF). Avaliações no início, no final do tratamento e após 30 dias de seguimento.
Resultados:
A amostra foi composta de 11 homens e 21 mulheres, com idade média de 42,75 anos (IC 95%: 38,10 a 47,40). O tratamento ativo foi superior ao sham: houve interação significativa entre grupo e tempo em relação aos escores de HDRS17 na ANOVA (F = 4,089, df = 2, p = 0,029; partial Eta squared = 0,239). A análise post hoc mostrou diferença significativa na HDRS17 no follow-up após 30 dias (diferença = -7,75, p= 0,008, Cohen’s d = 1,069). Houve 3 dropouts, todos no grupo ativo, devido a problemas de agenda. Não houve registro de efeitos adversos graves.
Conclusão:
O tratamento ativo teve relação com melhora clínica de sintomas depressivos. A intervenção foi bem tolerada. Técnicas de estimulação cerebral não invasivas ainda não são rotina na prática clínica, apesar de estratégias viáveis para pacientes resistentes a tratamento, respondedores parciais e pessoas com intolerância a medicamentos. Esperamos ampliar o conhecimento e o uso de protocolos de ETCC na população brasileira.
PALAVRAS-CHAVE
Neuromodulação; estimulação elétrica transcraniana por corrente contínua; transtorno depressivo maior