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Desfechos de longo prazo do tampão de fístula (Gore) versus ligadura do trato da fístula interesfincteriana (LIFT) para fístula anal

RESUMO

Introdução:

O tratamento cirúrgico da fístula anal é complexo devido à possibilidade de incontinência fecal. A fistulotomia e o seton de corte têm a mesma incidência da incontinência fecal, dependendo da complexidade da fístula. Procedimentos de preservação do esfíncter, como o tampão da fístula anal e o procedimento LIFT (ligadura do trato da fístula interesfincteriana), podem resultar em mais recorrência, exigindo cirurgias repetidas. O objetivo deste estudo foi avaliar e comparar os desfechos do tratamento da fístula anal utilizando dois métodos: Tampão de fístula (Gore Bio-A) e Ligadura do Trato Interesfincteriano (LIFT).

Métodos:

Cinquenta e quatro pacientes (33 homens; 21 mulheres, com mediana de idade de 42 [variação 32-47] anos) foram tratados com LIFT e procedimentos com tampão de fístula de setembro de 2011 até agosto de 2016 por um único cirurgião e foram avaliados retrospectivamente. Todos foram acompanhados por uma mediana de 23,9 (variação de 4 a 54) meses com exame clínico. Vinte e um pacientes foram submetidos a tampão de fístula e 33 pacientes foram submetidos ao procedimento LIFT (4 pacientes do grupo LIFT foram submetidos a LIFT e retalho de avanço da mucosa retal). A taxa de cicatrização e as complicações foram avaliadas clinicamente e por meio de ligações telefônicas.

Resultados:

O tempo cirúrgico médio para o Tampão foi de 25 ± 17 minutos e para o LIFT foi de 40 ± 20 minutos (p = 0,017) e o tempo médio de internação foi de 2,4 ± 1,1 e 1,9 ± 0,3 (p = 0,01), respectivamente. As primeiras complicações dos procedimentos de tampão e LIFT incluíram: dor anal (33,3%, 66,6%, p = 0,13), secreção perianal (77,8%, 91%, p = 0,62), prurido anal (38,9%, 50,0%, p = 0,71) e sangramento pelo reto (16,7%, 33,3 %, p = 0,39) respectivamente. A média geral de acompanhamento foi de 20,9 ± 16,8 meses, p = 0,68. Não houve diferença estatisticamente significativa entre os dois grupos (21,9 ± 7,5 meses, 19,9 ± 16,1 meses, p = 0,682). A taxa de cicatrização foi de 76,2% (16/21 pacientes) no grupo com tampão de fístula e 81,1% (27/33 pacientes) no grupo LIFT (p = 0,73). Pacientes submetidos ao procedimento LIFT e um retalho de avanço da mucosa tiveram 100% de taxa de cura (4 de 4 pacientes). Nenhuma incontinência fecal e nenhuma expulsão do tampão da fístula foram observadas em nossos pacientes. O tempo de cicatrização variou de 1 a 6 meses após a cirurgia. Não houve abscesso perianal, celulite ou dor no pós-operatório.

Conclusões:

LIFT e tampão anal são procedimentos seguros para pacientes com fístula anal primária e recorrente. Ambas as técnicas apresentaram excelentes resultados em termos de cicatrização e taxa de complicações. Nenhum de nossos pacientes teve incontinência após 5 anos de acompanhamento. A melhor taxa de sucesso em nossos pacientes foi observada após o procedimento LIFT com retalho de avanço da mucosa. Ensaios clínicos randomizados de maior porte e controlados são necessários para melhor avaliação das opções de tratamento.

Palavras-chave:
Fístula anal; Ligadura do trato de fístula interesfincteriana; Tampão de fístula

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