INTRODUÇÃO E OBJETIVOS: A Encefalite de Rasmussen (ER) é caracterizada por epilepsia intratável, hemiparesia progressiva e atrofia hemisférica unilateral. A progressão dos sintomas geralmente ocorre em meses ou poucos anos. As drogas antiepilépticas são usualmente ineficazes no controle da progressão da doença e o tratamento cirúrgico, com desconexão hemisférica tem sido considerado o tratamento de escolha. Neste trabalho descreveremos os achados clínicos e eletrográficos, assim como a evolução pós-operatória de pacientes com ER. PACIENTES E MÉTODOS: foram incluídos todos os pacientes com ER avaliados no período de janeiro de 1995 a janeiro de 2008, no Centro de Cirurgia de Epilepsia de Ribeirão Preto (CIREP), sendo considerados os dados demográficos, os achados do eletrencefalograma (EEG) interictal e ictal, resultado anatomo-patológico e o seguimento clínico. RESULTADOS: Vinte e cinco pacientes foram avaliados, 13 eram do sexo feminino. A idade média de início da epilepsia foi de 4.4±2.0 anos. Não houve diferenças significativas entre os pacientes com evolução lenta ou rápida considerando-se a idade de início da epilepsia (p=0,79), idade da cirurgia (p=0,24), duração da epilepsia (p=0,06) e tempo de seguimento (p=0,40). Não houve correlação entre a presença de alterações bilaterais ou ausência de descargas ao EEG e o seguimento pós-operatório (p=0,06). Vinte e três pacientes foram submetidos à cirurgia. O tempo médio de seguimento foi de 75,3 meses. Onze pacientes evoluíram com controle total das crises. Doze pacientes permaneceram com crises que consistiram de clonias faciais sutis (6 pacientes), crises tônico-clônicas hemigeneralizadas ocasionais (3 pacientes) ou crises tônico-clônicas frequentes (3 pacientes). Alterações cognitivas e de linguagem foram observadas em 15 e 12 pacientes após a cirurgia, respectivamente. CONCLUSÕES: este estudo retrospectivo relatou os achados clínicos, eletrográficos e a evolução de 23 pacientes. Controle satisfatório das crises foi obtido em 14 pacientes. Três pacientes tiveram resposta parcial com a cirurgia e cinco pacientes mantiveram o quadro pré-operatório. Todos os pacientes com envolvimento do hemisfério cerebral esquerdo evoluíram com distúrbio de linguagem e cognitivo.
Encefalite de Rasmussen; epilepsia intratável; população pediátrica e cirurgia de epilepsia