Resumo
Objetivo:
Avaliar as manifestações clínicas da hiperexpressão de hormônios do córtex da adrenal e câncer familiar como marcadores para a detecção precoce de tumores adrenocorticais em crianças do Sul e Sudeste do Brasil.
Pacientes e métodos:
Foram analisadas as manifestações clínicas e antropométricas de 103 crianças diagnosticadas com tumores adrenocorticais.
Resultados:
Entre 1982 e 2011, 69 meninas e 34 meninos diagnosticados com tumores adrenocorticais foram acompanhados por um tempo mediano de nove anos (0-34). Ao diagnóstico, sinais de virilização isolada (n = 75) ou associada ao cortisol (n = 18) estavam presentes em 90,3% dos pacientes; a mutação do gene TP53 p.R337H foi identificada em 90,5% dos pacientes. Os pacientes foram classificados em estádio I (45,6%), II (27,2%), III (19,4%) e IV (7,8%). Ao diagnóstico, não houve diferença significativa para as medidas de altura (p = 0,92) e de peso (p = 0,22) entre as crianças com tumores adrenocorticais, mas crianças com virilização tiveram escore-Z mais elevado para a idade (0,92 ± 1,4) do que aquelas com hipercortisolismo isolado ou combinado (−0,32 ± 1,8; p = 0,03). A sobrevida global de cinco anos foi de 76,7% (DP ± 4,2). Pacientes com estádios avançados tiveram pior prognóstico (p < 0,001). Durante o seguimento, 10 dos 55 genitores portadores da p.R337H desenvolveram câncer, enquanto que nenhum caso ocorreu entre os 55 não portadores.
Conclusões:
Os sinais de hiperprodução de hormônios adrenocorticais aparecem precocemente no desenvolvimento do tumor e podem ser identificados pelo exame físico e pelas medidas antropométricas na consulta pediátrica de rotina. O tumor adrenocortical pediátrico é sentinela para a detecção de câncer em famílias que segregam a mutação germinativa p.R337H do gene TP53.
PALAVRAS-CHAVE
Tumor adrenocortical; TP53 p.R337H; Mutação germinativa; Diagnóstico precoce; Corticosteroide; Crescimento