RESUMO
Objetivo:
Analisar relatos espontâneos de suspeitas de Reação Adversa a Medicamento (RAM) em crianças de 0 a 12 anos notificadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária entre 2008 e 2013.
Métodos:
Um estudo transversal a partir de notificações de suspeitas de RAM relacionadas a medicamentos e produtos para a saúde em crianças foi realizado por um período de seis anos (2008-2013). O ano da notificação, a origem do relato por estado brasileiro, sexo, idade, o medicamento suspeito, a descrição da reação adversa e a gravidade foram incluídos na análise, bem como o número de leitos nos serviços de saúde e dados global da VigiBase.
Resultados:
Um total de 3330 reações adversas foram relatadas em crianças no Brasil no período investigado (54% em meninos). Cerca de 28% dos relatos de suspeitas de RAM envolveram crianças de 0 a 1 ano de idade. Quase 40% dos relatos vieram da região Sudeste. Aproximadamente 60% foram classificados como eventos graves. Houve ocorrência de morte em 75 casos. Quase 30% das mortes envolveram o uso off-label dos medicamentos. Um total de 3875 medicamentos (465 substâncias ativas) foram considerados fármacos suspeitos. Medicamentos anti-infecciosos (vancomicina, ceftriaxona, oxacilina e anfotericina), com ação no sistema nervoso (dipirona) e no trato digestivo foram os mais frequentemente notificados.
Conclusões:
As notificações de suspeitas de RAM por sexo e faixa etária corresponderam ao perfil de crianças hospitalizadas no Brasil. Os dados sobre gravidade e medicamentos relatados podem ser úteis para encorajar ações reguladoras e melhorar o uso seguro de medicamentos em crianças.
Palavras-chave
Reações adversas; Crianças; Pediatria; Relato de estudo de banco de dados; Monitoramento de medicamentos; Farmacoepidemiologia