DIAGNÓSTICO RADIOLÓGICO
Perguntamos: qual o diagnóstico?
Jorge KavakamaI; Jaime Ribeiro BarbosaII; Nestor MüllerIII
IRadiologista de Diagnósticos por Imagem do Instituto do Coração-InCor do HCFMUSP, São Paulo, SP
IIInstituto de Radiologia de Presidente Prudente
IIIVancouver General Hospital, Vancouver, BC, Canadá
45 anos, masculino, assintomático.
Fumante 28 anos-maço.
Trabalhou durante sete anos na mineração do asbesto.
Fez radiografia a pedido da empresa.
O objetivo desta seção é estimular uma abordagem para o diagnóstico baseado em informações clínicas e radiológicas. Nós convidamos todos os leitores a participar.
Você pode mandar a sua opinião preenchendo um formulário no site www.jornaldepneumologia.com.br ou através do e-mail jpneumo@terra.com.br. Não esqueça de identificar-se com o nome completo e a instituição a que está vinculado. Publicamos os nomes de quem acertar o diagnóstico. As imagens mostradas são as mais importantes para o diagnóstico. O diagnóstico deste caso será publicado no próximo número do Jornal.
Diagnóstico do caso da edição anterior
J Pneumol 2003;29(5):332
Pneumonia de hipersensibilidade (alveolite alérgica extrínseca)
Tomografia computadorizada de alta resolução (TCAR)
Opacidade em vidro fosco difusamente distribuída.
Pequenos nódulos centrolobulares em vidro fosco esparsos.
Pequenos nódulos centrolobulares difusamente distribuídos.
Pequenos nódulos peribronquiolares, alguns com aspecto de "árvore em brotamento".
Comentários
A pneumonia de hipersensibilidade (PH), também denominada alveolite alérgica extrínseca, é uma enfermidade pulmonar, imunologicamente mediada, causada pela inalação de antígenos. Esses antígenos estão presentes em poeiras orgânicas, tanto de origem vegetal quanto animal, mas, têm sido descritos casos de PH pela inalação de algumas substâncias químicas.
Embora, na maioria das vezes, seja causada pela inalação de actinomicetos termofílicos (inicialmente descrito como "pulmão do fazendeiro") e de proteínas oriundas das secreções de pássaros ("pulmão dos criadores de pássaros"), há, atualmente, grande quantidade de antígenos orgânicos que podem causar PH.
Fase aguda: A fase aguda é caracterizada pelo desenvolvimento de sintomas respiratórios poucas horas após intensa exposição ao antígeno. A radiografia de tórax pode ser normal ou apresentar consolidações bilaterais.
Fase subaguda: Em muitos pacientes, o curso é mais lento (semanas ou meses), geralmente com dispnéia progressiva.
A TCAR tem-se revelado muito útil na avaliação de pacientes nesta fase. O aspecto mais característico consiste na presença de pequenos nódulos (menores que 5mm) centrolobulares, maldefinidos, em vidro fosco.
Outros aspectos que podem estar presentes na TCAR: 1) áreas difusas de opacidade em vidro fosco, 2) perfusão em mosaico, 3) aprisionamento aéreo na expiração e 4) opacidade difusa em vidro fosco associada a nódulos centrolobulares.
É importante lembrar que uma TCAR normal não exclui a possibilidade de PH.
Fase crônica: Esta fase caracteriza-se pela presença de sinais de fibrose, em geral, reticulado, distorção arquitetural e, ocasionalmente, faveolamento.
No presente caso, como o aspecto na TCAR não foi considerado suficientemente diagnóstico, foi realizada biópsia a céu aberto, sendo o diagnóstico compatível com PH na fase subaguda.
Nota da redação: Este caso, além dos Drs. Jaime Barbosa, Jorge Kavakama e Nestor Müller, teve a colaboração do Dr. Rogério de Souza, assistente da Disciplina de Pneumologia do HCFMUSP.
Bibliografia
Acertadores do caso de setembro/outubro de 2003: 27
1. Adriano Rieger Hospital Santa Terezinha, Joaçaba, SC
2. Ana Alice Londero dos Santos Pneumocenter, Uberlândia, MG
3. Andrea Almeida de Souza Teófilo Secretaria Municipal de Saúde, Arapiraca, AL
4. Benedito Francisco Cabral Junior Universidade de Brasília, Brasília, DF
5. Celio de Deus Simões Policlínica Mara, Patos de Minas, MG
6. Claudius Figueiredo Hospital Universitário, Santa Maria, RS
7. Daniela G.N. Miranda Universidade Federal do Estado de São Paulo, São Paulo, SP
8. Débora Osório Balaguez Escola Paulista de Medicina, São Paulo, SP
9. Fabricio Piccoli Fortuna Universidade de Caxias do Sul, Caxias do Sul, RS
10. Francisco Antonio Dias Lopes Hospital Paraná, Maringá, PR
11. Gislleny N.C. Rocha Santa Casa, São José dos Campos, SP
12. Haroldo Rodrigues Universidade Estadual Paulista, Botucatu, SP
13. Hugo Hyung Bok Yoo Universidade Estadual Paulista, Botucatu, SP
14. Jean Carlo Stumpf Zanette Santa Casa de Porto Alegre, Porto Alegre, RS
15. Jorge Luiz Pereira E. Silva Universidade Federal da Bahia, Salvador, BA
16. Lúcia Helena Messias Sales Universidade Federal do Pará, Belém, PA
17. Lúcia Maria Macedo Ramos Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, MG
18. Marcelo Coelho Machado Centro Médico Itamaraty, Vitória da Conquista, BA
19. Nasser Magalhães Jorge Consultório particular, Pelotas, RS
20. Rodrigo Tamer Sertorio Hospital Regina, Novo Hamburgo, RS
21. Rubens Altair Amaral de Pádua Hospital Vaz Monteiro, Lavras, MG
22. Rubens Andrade Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, RS
23. Sérgio Saldanha Menna Barreto Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Porto Alegre, RS
24. Shirley Coletty dos Santos Departamento Médico da Câmara dos Deputados, Brasília, DF
25. Simone Castelo Branco Fortaleza Hospital de Messejana, Fortaleza, CE
26. Virgilio Alexandre Nunes de Aguiar Hospital Guilherme Álvaro, Santos, SP
27. Wellington Soares de Oliveira Hospital Regional Vitória da Conquista, Vitória da Conquista, BA
- Fraser RS, Müller NL, Colman N, Paré PD. Diagnosis of Diseases of the Chest. Fourth Edition. WB Saunders Company. Philadelphia, 1999.
- Naidich DP, Muller NL, Zerhouni EA, Webb WR, Krinsky GA, Siegelman SS. Compute Tomography and Magnetic Resonance of the Thorax. Third Edition. Lippincott-Raven. Philadelphia, 1999.
- Webb WR, Muller NL, Naidich DP.High-Resolution CT of the Lung. 3rd edition. Lippincott-Raven. Philadelphia.
Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
17 Jun 2004 -
Data do Fascículo
Dez 2003