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Desafio terapêutico: convite para escrever

EDITORIAL

Desafio terapêutico: convite para escrever

Winston Bonetti Yoshida

Editor-chefe, J Vasc Bras

Em nossa prática médica, freqüentemente nos deparamos com situações de difícil resolução, com dilemas importantes quanto ao melhor procedimento ou conduta, que desafiam a experiência e o conhecimento adquiridos ao longo de muitos anos de exercício da medicina. Esses dilemas precisam e devem ser compartilhados pelos demais colegas da especialidade, visando uma melhor evolução de nossos pacientes.

Uma das formas bastante criativas de apresentar relatos de situações inusitadas é a tradicional seção Desafio Terapêutico (DT) ou Desafio Diagnóstico deste Jornal. A apresentação é muito similar ao relato de caso, mas com enfoque diferente. Enquanto que, no relato de caso, privilegiam-se casos raros, inovações terapêuticas, evoluções inesperadas1, no DT objetiva-se apresentar situações de conflito para diagnóstico e/ou decisão terapêutica em que ou não há muito consenso ou as opções são variadas, e que acabam colocando ao médico algum dilema quanto à decisão de conduta ou ao tipo de tratamento. Esse tipo de situação é mais freqüente e mais fácil de escrever, e por isso deveria estar mais presente neste Jornal, sendo que alguns exemplos ilustrativos podem ser encontrados em edições anteriores (ver www.jvascbr.com.br). O objetivo deste editorial é estimular os colegas a exercitarem este tipo de apresentação.

Assim, na primeira parte do DT (Parte I – Caso clínico), deve-se apresentar o caso de forma similar ao recomendado para o relato de caso deste Jornal1, com farta documentação de imagens e/ou dos exames efetuados, mas sem informações sobre a conduta ou tratamento empregado. Ao final da apresentação do caso, devem-se levantar questões pertinentes às opções de meios de diagnóstico adicionais e/ou de condutas terapêuticas, preferencialmente com embasamento em informações da literatura médica pertinentes para esta situação ou, se não houver, em experiência pessoal.

Na segunda parte (Parte II – O que foi feito?), os autores devem explicar a linha de raciocínio adotada para o esclarecimento do caso, com documentação dos exames adicionais, e a conduta empregada. Passo a passo, devem ser relatados os procedimentos executados (cirúrgicos ou clínicos) para a resolução do caso. Nas situações de tratamento cirúrgico, pormenores e imagens do ato cirúrgico devem ser incluídos, bem como da evolução pós-operatória hospitalar. No seguimento, recorrências ou intercorrências a longo prazo devem ser relatadas, e os exames para comprovar a eficiência e durabilidade dos procedimentos adotados devem constar do DT. Tabelas mostrando a evolução de exames seriados são bem-vindas.

Finalmente, deve-se finalizar o DT com as conclusões do caso. Neste capítulo, faz-se uma breve discussão sobre os dilemas apresentados, tanto para o diagnóstico como para o tratamento, e sobre as possibilidades levantadas pela literatura pertinente, avaliando-se criticamente, frente ao problema apresentado, as vantagens e limitações de cada uma delas. Aspectos peculiares do tratamento e dos achados cirúrgicos ou clínicos podem ser apresentados, no sentido de se alertar os leitores para as situações esperadas ou inesperadas importantes que ocorreram e para os meios de se evitar complicações ou insucessos. Encerra-se o DT com uma mensagem aos leitores sobre os objetivos da apresentação, a importância do caso, as lições aprendidas e o modo como esta apresentação pode ser ilustrativa no sentido de evitar problemas e obter sucesso em outras situações similares na prática da especialidade. A lista de referências consultadas deve figurar no final da apresentação, sempre procurando citar autores nacionais ou latino-americanos (procurar em www.bireme.br, nos indexadores SciELO ou LILACS). Vale a pena também inserir palavras-chave para facilitar a citação deste DT por outras publicações (ver www.decs.bvs.br).

Nos nossos congressos, temos observado inúmeros exemplos de DT apresentados na forma de painéis ou apresentações orais e que não são perpetuados na forma de artigos para o J Vasc Bras. Além desses casos, somos freqüentemente abordados por colegas para discutir condutas e tratamentos em situações bastante atípicas e interessantes e que poderiam perfeitamente figurar como DT. As informações importantes desses casos ficam perdidas e inacessíveis aos colegas da especialidade, quando poderiam ser divulgadas amplamente através de nossa revista. Por outro lado, a sobrevivência desta revista e sua razão de ser é exatamente apresentar para a comunidade as lições aprendidas na prática com os nossos dilemas (e, obviamente, com nossas pesquisas), através de artigos escritos.

O crescimento e a consolidação internacional do J Vasc Bras vai depender da indexação deste no MEDLINE. Somente com dedicação de algum tempo para escrever na forma de artigo o farto material disponível é que poderemos alcançar este objetivo. Conclamamos os colegas da SBACV a contribuir e participar desta evolução, escrevendo seus artigos, relatos e DT para nosso Jornal.

  • 1. Yoshida WB. Redação do relato de caso. J Vasc Bras. 2007;6:112-3.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    24 Abr 2008
  • Data do Fascículo
    Mar 2008
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