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Hegel leitor de deleuze: uma perspectiva crítica da ontologia afirmativa a partir das objeções a spinoza na ciência da lógica

Este artigo se propõe a realizar uma abordagem crítica da ontologia afirmativa de Gilles Deleuze a partir das objeções realizadas por Georg Hegel a Spinoza em sua Ciência da Lógica. A hipótese de trabalho é que, visto que o pensamento de Deleuze tem uma herança spinozista, essas críticas podem resultar pertinentes para refletir sobre alguns pontos fundamentais. Desta maneira, tenta-se contrariar a habitual tendência dos estudos deleuzianos de trabalharem em um espírito anti-hegeliano, isto é, a partir de uma separação teórica total com a problemática de Hegel. Descarta-se a possibilidade de centrar as críticas de Hegel em torno à sentença "omni determinatio est negatio". Também parece não ir ao coração do problema o fato de assinalar que, já que desde a afirmação absoluta não se pode progredir, o verdadeiro começo em Spinoza (e Deleuze) é a mera realidade empírica na qual os elementos se vinculam de maneira extrínseca, isto é, sem conceito. O ponto de incomensurabilidade é que Hegel afirma que é necessário que exista um movimento de retorno (zurürckkehren) para que a afirmação não se degrade ao ponto da dissolução, enquanto Deleuze prefere o movimento de eterno retorno (ewige wiederkunft) como abertura insistente no porvir.

ontologia afirmativa; negatividade; relação diferencial; retorno


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